Pedras Rolantes

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quinta-feira, agosto 25, 2005

25.08.2005 - Cinefilia: Close Encounters/ET vs Guerra dos Mundos

O meu primeiro Spielberg foi ET, o extra-terrestre; depois disso, para mim, o mundo mudou - havia capacidade para sermos bons e nos sentirmos bem com isso. one small step for man, one great step for mankind. Parecia que éramos capazes de evoluir e integrar diferenças.
Um miúdo levava um extra-terrestre na parte da frente da bicicleta e passavam à frente da lua.
Não sei quantas vezes vi o filme, ouvi a música, chorei baba e ranho. Tinha 9 anos.
Agora as televisões estão a tentar transformá-lo no filme mais intragável de todos os tempos, juntamente com a Música no Coração e o Feiticeiro de Oz (O Triunvirato do Natal). Nenhum deles o merece. Nunca os vi no Natal.
Os primeiros ensaios (Duel, Something Evil, Sugarland Express) vi de relance na televisão. Tubarão apareceu já tarde, depois de Close Encounters e dos primeiros 2 Indianas; nessa altura, já era uma fã fanática.
Encontros Imediatos do 1º grau é outro mimo, várias histórias convergentes, a comunicação pela música, o monte no Wiscosin (parece-me) feito de puré de batata, o mestre Truffaut. Mais uma vez , o encontro, a troca, a tolerância, o crescimento.
Depois há o outro lado da obra de Spielberg, as crianças (rapazes) no meio de famílias desfeitas. As mães nunca têm muito protagonismo porque estão elevadas ao pedestal do complexo de Édipo (ET, Império do Sol, AI, Relatório Minoritário). As mulheres não têm preponderância senão em AI (Monica) e Relatório Minoritário (Agatha); mantêm-se endeusadas e intocadas (a fada azul).
Os rapazes/ homens, estão sempre em carência, em perda e necessidade ( de carinho, família e sentido para a vida). É um padrão, Spielberg tem uma lição de vida a ensinar-nos em cada filme (provavelmente uma lição da sua vida).
Chegamos então a essa alarvidade que é Guerra dos Mundos (o A teve que cair). Sinceramente, a hipótese de matar os bichos com um vírus de computador em ID4 parece-me mais uma actualização do original que este. O compromisso é tanto, que como sabemos que não podemos chamar-lhes marcianos, chamamos-lhe tripods (velociraptors, anyone, ?).
Claramente não há uma mensagem; pós 9-11? O Terminal já tinha uma mensagem de repressão. Claramente Spielberg (gulp) foi tarefeiro de Cruise e fez o filme pelo dinheiro (DreamWorks down the drain).
Expliquem-me um filme de Spielberg sem feel-good, sem mensagem (nem história, já agora), em que um pai (um pouco alheado) mata uma pessoa com as próprias mãos (Tim Robbins; que tem 2 metros de,altura vs Cruise?) sem ser em legítima defesa da família. O argumento não existe. Os refugiados não existem.
O que se vê é maldade em estado puro, como a cena do jipe, e caos (o 747 que aparece do nada). O Homem Mata e não controla Nada.
Se é assim que Spielberg amadurece, prefiro o Aviador.
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