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quinta-feira, setembro 22, 2005

19.09.2005 - Cinefilia: Cinderella Man

Os críticos de cinema não gostam de Ron Howard, é como se fosse uma espécie de tarefeiro de serviço. No entanto, deu-lhes recentemente para começar a elogiar Apollo 13 (!).
Por acaso, gostei de Willow na terra da Magia, de Apollo 13, de Uma Mente Brilhante e de Cinderella Man (agora não me estou a lembrar de mais nenhum). Por acaso, não acho que nenhum deles seja moral ou politicamente pró ou contra-americano (está tão na moda), antes pelo contrário - incrível - contam todos uma história com princípio, meio e fim, com pessoas normais (ok, ou elfos, ou esquizofrénicos) a tentarem vencer as adversidades.
Nesse sentido, Howard, foi sempre herdeiro do classicismo do cinema, dos anos 30-50. Pode ser um average director, mas sabe-se rodear pelas pessoas certas, e isso é muito bom. Mais, na maioria dos casos, sabe-se guiar por bons argumentos (o que não é muito comum hoje em dia, mesmo no mainstream).
Antes pelo contrário, os kid directors dos anos 70 podem dar-se ao luxo de entrar em piloto automático e esperarem os óscares (Aviador, Guerra dos Mundos).
Cinderella Man é um filme simples e lógico, acerca de pão, leite e sorte. Pelo nome, já é Capra-esco - o Homem Cinderela, ou o Cinderelo... que por acaso era boxeur. A história continua a ser a luta contra a fome, a desagregação da família, a pobreza, o frio, e depois um tremendo golpe de sorte (mas com muitos murros à mistura).
O inesperado é que o omnipresente Jimmy Stewart já não existe e teve que ceder lugar ao mais inesperado dos seus herdeiros (Russell Crowe); os diálogos com o treinador (Paul Giamatti), são de antologia em Capra (anos 30), atmosfera que flutua em todo o filme, captado num granulado que lhe altera as cores (para mais escuro ou mais claro) e nos flashes que se sucedem no ringue.
Fabulosa também a música de Thomas Newman, como sempre.
Não é um weepie, Jesus e como eu gosto de weepies, mas há muito tempo que não saía de um cinema a sentir-me tão bem.
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