Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



quinta-feira, janeiro 29, 2009

Epifânia (letra grande)

Dia 30 de Janeiro, pela tarde. Carta datada de 23.
Cheira, é certo, a perfume - para quê, meu Deus, para quê, se há anos me escreve sem ser por sua letra própria, que, convenhamos, é feia, mas sua, e me trata por Dra. (ele tb se trata por Dr., não sabe onde acaba o ridículo) e ignora o apelido que é meu mas não dele, para cimentar que não sou fruto de união mas de metades cindidas.
Não me chama jóia ou joinha como de costume, manda carinho, não é costume, fala da ministra, é costume, não ataca directamente ninguém, não é costume. Há 2 meses, eu devia tomar conta dele e era culpada de todos os males do mundo. Agora o sr 1000 quer amortizar...
Perdoem-lhe o português, que não é famoso. Sempre teve a mania - melhor, a certeza -que sabia tudo sobre tudo. Duma coisa estou certa, nunca percebeu pevas da Euribor, e agora constrange-se com o meu empréstimo, sobre o qual é certo e sabido para mim que até hoje nunca se interessou. E a água, e o gás e a luz, e a internet? E a comida? Luxos de quem sobrevive sem dúvida. Já não falo de cama & roupa lavada, isso é para hotel de 5 estrelas...
Mas eu sou tão má, eu só penso em mim e não no meu pobre e velho pai, que não é pobre, e velho é de mentalidade, já nasceu torto. Ainda lhe falta muito para se redimir dos pecados, segundo a esperança média de vida, e pela idade dos falecimentos na família dele, ainda falta um bocado para fazer tijolo: 63 para oitentas e muitos.
Que lhe deu, que eu pasmo? "Espero que consigas um(a) baixa de juros no empréstimo para a tua casa uma vez que a Euribor tem vindo a baixar." Bolas, é muita coerência junta. É muita bondade junta. Dará para descontar no IRS como mecenas? Mas ele já deve ter IRS bonificado cardíaco bypass. Eles não bonificam é artrites reumatoides e outras doenças incapacitantes que tal.
Estou do lado que estou e sem reservas. Pode oferecer-me a casa embrulhada numa fita elegante que 34 anos é muito tempo para muita coisa, muita coisa, todo o mundo, um mundo todo, sem ele.
Palpita-me que é muita bondade mesmo, bondade sussurrada. A quem seja, não agradeço, pode estar a comprar uma guerra, mesmo muito a sério. Porque contado, ninguém acredita.

Nota muito breve - como a administradora já há algum tempo se encontra passada da cabeça, deu-lhe um equívoco temporal, não era 30 mas 29 de Janeiro, o dito cujo não tem 63 anos, tem 65. É o que faz, lixar uma cabeça lixada.

Epifânia


quarta-feira, janeiro 28, 2009

Tudo à esquerda

Hoje, tardiamente, tem sido tudo à esquerda e ás vezes de portátil ao colo.
Não, infelizmente não vai ser hoje que metafisicamente descubro o significado profundo do Sim, nós podemos & variantes linguísticas. A minha conexão inter-hemisférios cerebrais / mão direita está suspensa (e eu gosto de escrever ao sabor do pensamento e directamente para o blog) até melhor dia. Digo mal das novas tecnologias, mas dêem-me um portátil e ao menos eu escrevo toda desviada à esquerda.
E sim, sendo destra, já tinha reparado como nos pequenos pormenores desta vida não se pensa nos canhotos, mas é sempre assim, não é bem uma ditadura da maioria, mais um lento exterminar dos elos mais fracos.
Senão, como podia eu abismar-me, hoje e já com muito atraso, que o sôr benfiquista Berardo com um excelso mau gosto pª obras de arte que NÓS pagamos, está cuma mã na frente e outratrás (sotaque madeirense) e NÓS, por intermédio das divinatórias artes bancárias continuamos a financiá-lo.
E isto é a minha irritação com a esquerda, que já está hoje cansada de trabalhar, ai se fosse toda a minha irritação deportava-o para a África do Sul com um alvo na cabeça, bandeira portuguesa ao ombro e mãos atadas ao Rui Costa, aquele"fack-im"(em madeirense) dos Gavotes.
E um leilão das pinderiquices do CCB.
Já me dói o ombro esquerdo só com as palavras de ordem, andar a driblar o teclado com a mão errada faz mal. Uma letra de cada vez. Irrita.

Isto tudo por culpa minha, em casa de ferreiro há-de mais cedo ou mais tarde, cair um espeto de pau. Há dois longos anos, arrastei uma dita mala de mão para o avião para o Porto (e vice versa) com os meus livros, ie, minha sabedoria mais que tudo, para o Exame de Especialidade no H. S. João (go figure, éramos todas de Lisboa). Sempre com o braço direito, aqueles quilinhos todos. Tenho a impressão que o jacto da Portugália que nos trouxe para cá era mais leve que a mala.
Ombro desfeito; consoante o tempo (meteorológico) dói-me, dói-me, dói-me. Diz que tem calcificação num tendão muscular, tendinite, nome vulgar para aquelas coisas que nunca passam e só chateiam. Como este inverno em geral e em particular, tem sido um inferno em termos de humidade, frio e baixas pressões, ou se acontece carregar alguma coisa com o braço- e já o defendo bastante-, ou passar mais tempo com o computador normal (a posição relativa das costas, ombro e braço em relação ao rato convencional), não só me dói tudo desde a clavícula á pontinha da omoplata, como uma dor insidiosamente fria estilo gelo me aparece a meio do braço e progride pelo antebraço até aos 3 dedos radiais da mão (os nervos passam entre os músculos mais acima, há uma goteira na Anatomia que eu gostava de esganar). Conclusão - a direita está parada porque deixou de ter posição.
Depois quando oiço dizer que o jogador tal teve uma mialgia de esforço, apetece-me indexá-lo ao BPN e mandá-los todos ao sítio onde deviam estar. À direita, ao centro e à esquerda.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Coisa Ruim ad infinitum aka estup...

Calma, muita calma. A Administradora é serena. Passou-me até várias vezes pela cabeça - pelo menos uma vez por mês (depois do dia 22 de cada mês) - ir desfilando o meu rosário de traumas, qué los hay, los hay, como uma espécie de vingança contra aquelas cartas que não dizem nada só chateiam insinuam provocam lembram A existência de.

Sim, houve direito a uma nota inteira não contrafeita de 100 euros para "comprar qualquer coisita no Natal".

Tenho andado a desenvolver um método mental de abrir a carta e snifar cash (ou cheque) em 5 segundos e deitá-la para a reciclagem. Tenho andado a pensar no ouvido que não ouve porque talvez bater nas orelhas com uma certa força possa causar uma disfunção tubária. Não tive otites que justifiquem. Tenho andado a pensar nas minhas alergias de miúda, o PRICK cutâneo era uma flôr, dava positivo a tudo, ainda servi de cobaia numa aula de Imunologia - ácaros e gramíneas maiores que tudo, mas já negativa a pelo de cão e gato. Tenho andado a pensar que juntamente com as alergias, a bronquite asmatiforme que pelos visto me deixava narcoleptica a ir para o hospital fazer aerossóis durante a noite, melhorou imenso com a terapêutica de supressão do agente desencadeante - era ele, A Coisa Mais Ruim. Tenho andado a pensar que se calhar tenho medo que me gritem em público (ou em privado) como se estivesse desfardada no exército, porque quando ele chegava a casa e eu vinha brincar com ele, era corrida aos gritos.

Mas não desenvolvi. Quero cortar esta amarra que prende sonhos maus cá dentro.

Este mês não houve carta, estamos a 26. Quase não dei consultas, my fault, acontece. Dia 1 a minha conta fica 860 euros mais leve. E este mês a Ordem cobrou o que é preciso (veramente, o único requisito necessário) para exercer medicina em portugal (minusculas, sim), a quota de Especialista de 195 euros, por exemplo.

Cobardemente ruim. Toda a vida.

pilhas duracell (marca registada)

sábado, janeiro 24, 2009

Des nouveaux copains

"Cadastrados" do Gatil 2 (alguns)




Laila - a oferecida do grupo, faz tudo, até espreitar o bichano do lado, "só" por moooooooontes de festas



Flynn - o sr porteiro, sabe tudo o que se passa e tem um espreguiçar especial, para além de um dente voltado para cima.



Chaves - apesar do bigodinho à führer, é dengoso até mais não; roça-se, dá marradinhas, esparramalha-se no chão


Filipa - tímida e reservada até começar a por-se em ponto de interrogação

provável afilhada bambina


Nina - idosa com insuficiência renal e mau feitio (o focinho mostra as esganadelas com o sr porteiro) .


Apolo - o gato ranhoso, mas sempre, sempre, sempre, sempre.

Hoje fui à UZ, munida de mantas e comidinha (faltaram os medicamentos que não estavam todos disponíveis na farmácia, mas como penso fazer desta visita um hábito regular, não há mal). É fácil chegar lá, quer por Sete-Rios quer por Benfica. O site explica e o google maps ajuda; primeiro tudo muito normal, depois bairro camarário, depois imenso nada e subida com uma espécie de quase semi prédio por construir e uma bruta antena de telemóveis...dentro da UZ(...).


Os padrinhos/madrinhas de cães saem alegres para o passeio. Lá dentro sou snifada por uma manada (sim, não uma matilha) de cães de todos os tamanhos e feitios...e vou entrando. Há vários portões a separar cães que trepam por nós acima quando lhes fazemos festas. O gatil é a uma das pontas, e tb por lá andam cães desaustinados, entre os quais um dálmata que coxeia bastante. Uma cadelita de pelo comprido está escondida debaixo de uma mesa - vêm buscá-la ao colo.


Os empregados não são de muitas falas nem de caras despreocupadas. As voluntárias desdobram-se em informações. Parece que os fins de semana são dias grandes para adopções.

Fiquei a saber que a minha possível afilhada já deve ter sido adoptada, por isso, que tal conviver dentro de um gatil, com os bichanos, depois de devidamente apresentados (devo ter lá estado mais de uma hora)?

(amanhã, mais desenvolvimentos, que a tecnologia está a falhar-me miseravelmente...)
Pois então, o amanhã, tornou-se 4ª feira e a tecnologia ok tornou-se comunicação não ok, cá se há-de arranjar.
Pois então, passei mais de uma hora no gatil dois (dentro do) a conviver com almas felinas. É verdade, é terapêutico, é zen, é tudo. A máquina fotográfica não resistiu a tanto charme, por isso, as fotografias aqui presentes são do telemóvel, ou quando eles estão muito em pose, da própria UZ (mas eles fazem MESMO pose para a fotografia).
O sr Flynn, que eu julgava ser Felino, não deixa os créditos por mãos alheias da sua função de porteiro a passar revista às tropas. São para aí 10 almas felinas com direito a "caminha" individual com mantinha, em duas divisórias, comidinha e água á discrição. As fotografias dos visados estão por aí.
Basicamente comportam-se segundo o paradigma dos felinos: a) como o Flynn - curioso e controlador, vem dar as boas vindas, espreguiiiiiiiiiiça muito, de vez em quando gosta de festas e dá a volta ao recinto; não pede, deixa que lhe dêem; b) como a Nina ou Madalena - ou fulminam com o olhar "se te chegas corto-te às postas" ou "eu olhei para ti? foi engano" -desprezo incidental; c) vergonhosamente oferecidos- Laila e Chaves; turras, marradas, exposição de barrigas, cusquices - mel puro; d) não se aproximam, têm uma maneira de reconhecer diferente - vamos nós a casa fazer festas, que ela não pede mas está mortinha para que lhe façam, porque qdo brinco com o sr que se segue, alínea c, fica a olhar, diria mais a absorver, como a Filipa.
E os outros estavam na hora da sesta.
Bem, uma pessoa sai de lá "carregada". Haverá muito mais para dizer e muito mais visitas. O que eles precisam muito é areia, fiquei a saber. Alguns medicamentos são só veterinários, e quando chove as mantas a lavar não secam, por isso precisam sempre.
Penso que, tendo em conta aquilo com que sobrevivem, estão a fazer um trabalho louvável, infelizmente uma agulha num imenso palheiro.
Sei que a Laila foi adoptada, infeliz (para mim) e felizmente, terá agora um lar para ser absolutamente dengosa.
Não falei muito dos cães, que aliás dispõe da maior parte do espaço. Em, transito pareceu-me que estendesse a mão a um, a vizinhança ficava toda com olhinhos súbitos de belly rub. Vou atacar 1º os gatos, tem mais a ver comigo e com a minha personalidade. Mas se me apresentarem um cão só amor, é mais um para a energia zen. Minha e deles.
Madalena - olhos verdes - "are you talkin to me?"

não me lembro do nome -enroladinha riscada, mesmo a semi-dormir gostou de festas

mais uma do herr Chaves gorrducho - fazendo o favorrr de esticarrrr a barrriga parrra melhorrrr aplicarrrrr Muitas Festas

Bem perto da saída - um canito aprecia o que pode das vistas, todo enroscadinho; diz-me o sr que é velhinho e tem problemas de coração

Não temos todos?

quinta-feira, janeiro 22, 2009

woodstock upon Guiness

Ontem vi o Harry, meu professor do 9th grade do Cambridge vai para... 13 anos. 13 anos? O meu Proficiency tem 12 anos?! E contudo, sinto que sei muito mais Inglês stiff upper brit e american couch potato do que nessa altura, tanto foi o livro que tive que...agradavelmente absorver nessa língua.
Também, o Harry sempre disse que a melhor maneira de aprender era lendo e falando (nessa altura os dvds eram imberbes, portanto, acrescento, ver televisão sem legendas) e ouvindo música percebendo a letra.
Tem piada. O Harry nunca passaria por português, era alto, magro, loiro com grandes entradas e um ar perfeitamente de outra galáxia. Não falávamos português nas aulas, mas nos "convívios" (jantares de Natal, fim de ano, qualquer coisa), o português dele era a coisa mais desconchabida possível.
Ele é irlandês (da Irlanda do norte), por isso passa automaticamente a very british quando lhe interessa. A história dele foi meter-se ao caminho e vir descendo. Esteve algum tempo em Espanha, mas preferiu Portugal. Não me lembro em absoluto o que ele nos ensinou, excepto que as aulas eram um gozo, ao principio, e depois uma espécie de baile com vários pares cambiantes (para o fim), Absolut Woodstock.
O Harry sugeria que levássemos versos ingleses, cantigas para analisar e sobrava sempre para a mesma Patrícia. Trainspotting, O Carteiro de Pablo Neruda (tem vários poemas lidos em inglês no cd), falar sobre filmes desse ano, eu a tentar explicar porque é que patient não é paciente mas doente (inglês). Ano de belos filmes.
E no Natal levei aquela cantiga dos Pogues e da Kirsty McColl, Fairytale in New York, mal ouviu os acordes, completamente embargado, como se tivesse bebido 1 guiness e meia (com uma passava-se, com 2 estava a chorar, aquele grandalhão, meu Deus), pôs o rádio no máximo, abriu a porta da nossa aula e das outras todas, disse "shhhhhhh" e pôs-se tb comovidíssimo a cantar.
Era uma cambada de tarados. Mesmo aqui, ao pé do metro do Campo Grande. Agora ninguém sabe de ninguém. Ontem vi o Harry, ia a subir nas escadas rolantes, eu a descer. Ficámos ao rallenti a pensar "espera lá, mas aquele/a?" e depois voltámos a olhar, pescoço mais esticado.
O Harry já não anda de jeans e DocMartens. Já não está loiro (?), tb não me pareceu mais careca, tinha óculos e até ía meio curvado. Juro. Passava por português. Como dizia um colega dele sempre sempre sempre "ba-ca-liau com natas".E ele até adorava uma bela sopa portuguesa...ou 2, ou 3.

A propósito de qualquer coisa que acontece sempre mais ou menos por época das liturgias do Natal Cristão

(ecuménicamente standartizado a 25 de Dezembro, apesar de poder ser todos os dias); todavia, é sempre por essa altura de Dezembro e depois Janeiro (para salvar a face), que os Israeilitas se lembram que estão cercados e alguns Palestinos se lembram de cumprir a ameaça de mandar pessoas pelo ar (e depois começa o vice versa).
Perguntaram uma vez a Golda Meir se ela achava que seria possível alguma vez haver Paz e ela respondeu "Sim, no dia em que os Árabes amarem mais as suas crianças do que nos odiarem a nós".
É muito verdade. Até lá, e considerando tb o vice versa, só terão o potencial para se destruirem uns aos outros enquanto puserem armas nas mãos das crianças e lhes ensinarem que há alvos a abater mais sagrados que a própria vida.
O que me leva a relembrar uma canção tão global como esta -afinal o que nos distingue, onde estão as nossas diferenças? É no sermos ávidamente iguais em certos desejos de poder que reside a nossa mesquinhez. E é só o princípio.

Russians/Sting @ You Tube

In europe and america,
there's a growing feeling of hysteria
Conditioned to respond to all the threats
In the rethorical speeches of the soviets
Mr. Krushchev said we will bury you
I don't subscribe to this point of view
It would be such an ignorant thing to do
If the russians love their children too
How can I save my little boy
from Oppenheimer's deadly toy
There is no monopoly in common sense
On either side of the political fence
We share the same biology
Regardless of ideology
Believe me when I say to you
I hope the russians love their children too


There is no historical precedent
To put the words in the mouth of the president
Theres no such thing as a winnable war
It's a lie that we dont believe anymore
Mr. Reagan says we will protect you
I don't subscribe to this point of view
Believe me when I say to you
I hope the russians love their children too
We share the same biology
Regardless of ideology
What might save us, me, and you
Is that the russians love their children too

Mudam-se os tempos, podem até mudar os protagonistas. Ouvi hoje dizer na rádio que a Islândia, o país falido, está a saque. Para quando essa prenda para o resto dos politicamente civilizados mas selvagemente metidos na ordem (nós, os outros, os zombies que tentam salvar-nos do subprime)? Oh sim, a 2ª parte do Yes we can já não falta.

terça-feira, janeiro 20, 2009

"ajuda clínica especializada" (marca registada)


Há pouco tempo, a tempestade no meu copo de água transformou-se em ciclone grau 4/5 (já que me parece inadequado nesta altura do ano falar em tempestade tropical).
Quando parecia que tudo o que podia acontecer de mau, estúpido e ridículo numa vida num curto período de tempo podia acontecer, com grande alegria para a minha pessoa, que ainda não decidiu se continua a mirrar, entra na door on the floor, mete-se no buraco e deita fora a chave, ou pelo contrário, se dá um passo em frente, mas em que frente, em quantas frentes, em todas as frentes, subitamente vendo-se inundada de frentes e de faltas e de promessas e começa a afundar, veio um bocadinho de crême de la crême.
Frase demasiado grande, eu sei. Eu sou assim e nasci no mesmo dia do Jorge Sampaio. Também faço associações de ideias rápidas, ás vezes, menos quando é preciso. Sobretudo, penso em tudo ao mesmo tempo e quando em sobrecarga de tensão, continuo até saltarem os fusíveis e fundir o circuito e continuar o que resta, queimado, afogado, material perecível.
De entre os meus imensos defeitos tenho um fulcral. Alimento-me de pessoas, quer isto dizer, vivo em função das pessoas. Aquela situação da ilha deserta comigo não funcionava - sou incapaz de estar deserta de pessoas. É ao mesmo tempo um estratagema para lidar com a timidez e estava a correr tão bem desde que desemburrei aí há uma década e tal e comecei a relacionar-me com doentes.
Escolhi uma especialidade difícil, que me obrigou a interagir com cuidado com doentes e familiares - é sempre a mesma coisa, é preciso ouvi-los, ao ouvi-los, percebemos como eles são e o que esperam de nós. Depois podemos falar, como iguais.
Assim, quando a função pública me disse adeus, comecei a compreender outra "população", de pessoas autónomas com alguns problemas de saúde mais ou menos graves. E uma interacção muito mais compensadora.
Acontece com médicos, psiquiatras e psicólogos com frequência a transferência e a contra-transferência, os doentes projectam no médico a pessoa que eles querem que ele seja, ou até a si próprios, e na contra-transferência, retiram qualidades que vêm nos cuidadores para si próprios.
Numa sociedade onde uma consulta médica, ou um acto médico é considerado um serviço abaixo de cão, ninguém se lembra disto. Mas numa boa relação médico/doente, num bom acordo terapêutico, há sempre um grau de compromisso.
Acrescente-se que há uns meses, algumas pessoas comentavam "está mais magra, está com o cabelo bonito, está feliz", como agora comentam "está tão triste, está tão magra, não está bem de saúde?", e isto são perguntas ou comentários de quem se interessa, porque quem não se interessa não vê nem comenta.
A pièce de résistance veio há pouco tempo, com uma senhora que tem uma doença relativamente grave, para toda a vida, mas controlada; nesse dia eu tinha um cartão de Natal para lhe dar, falámos sobre ela e sobre o mundo (até agora considerava-a uma doente "especial", porque sei que tem problemas difíceis e um marido com uma doença desabilitante que a faz refugiar-se demais no trabalho), da parte médica tudo bem. Da parte "está tão triste, tão desanimada" também o costume e a minha resposta do costume.
A senhora é um alto quadro duma corporate business qualquer, até tem carro com sensor de estacionamento ("mas é só no da empresa"). Não sei porquê, os corporate business fecharam-se naquela do "está tudo bem, é só de passagem, vejam as flores lala" autista, porque no dia a seguir podem ser eles a não estar lá. Falo disto, porque me pareceu que a senhora estava radiante de espírito corporate business (e às vezes nem por isso) e no meio de uma frase qualquer acerca do mundo, ou da minha escrita, saiu-se com "e não acha que precisa de Ajuda Clínica Especializada (marca registada)?". Confesso que foi assim tão à queima roupa ou me apanhou no fundo da minha relação com ela, em que não vi nada mais a não ser uma filha surrogate a quem ela também quer bem.Tanto que lhe respondi normalmente "não me parece" e continuámos.
Mas vim para casa e pensei e pensei e pensei e a formiga crackou a engrenagem. Eu tenho uma doente que muito estimo que achou que eu precisava de "ACE" = psiquiatra, psicólogo, Ajuda Clínica ao Toutiço Especializada! Meu Deus! Como é que pode haver relação clínica depois disto? Como é que não posso destilar o fel, como é que não vi a ameaça? Porque é uma ameaça à nossa relação clínica e tem que ser esclarecida. Uma médica que precisa de psiquiatra não pode comprometer-se a tratar pessoas com doenças auto-imunes graves. O que é que ela estava a pensar e onde tinha eu a cabeça. Os meus direitos começam onde acabam os dos outros. Foi demais.
E foi tão demais que tenho medo que toda a gente veja uma necessidade de "ACE" a passar em vez de mim, uma pessoa triste e com frio, que só precisava de conversar.
E assim mirro e gelo, só um pouco mais.

tenho um buraco na alma

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Vamos?


Esta campanha assim como outras pro bono feitas para a UZ, têm nome. Obrigado Rui e Marco, com certeza felinos, caninos e humanos têm muito que vos agradecer.

"afilhada"

Isto é um mail em forma de panfleto ou vice-versa ipso-facto, a intenção é por as pessoas a pensar. Em cães, em gatos, em tudo. Como seguiu, sem as adendas da UZ (http://www.uniaozoofila.org/) e as campanhas já apresentadas.

A MENSAGEM É DE PRIORIDADE ALTA NO SENTIDO EM QUE O PROBLEMA É GRAVE, MAS NÃO É DE HOJE. É COMO UM ALERTA VERMELHO, MAS CONVÉM LER COM ALGUMA CALMA O TEXTO, ANEXOS E CAMPANHAS, E PENSAR UM POUCO, ANTES DE PASSAR A ASSUNTOS IMPORTANTES. Sugeria que, como mail que é, fosse reencaminhado (…e seremos muitos) e como apelo físico “não amigo do ambiente”, fosse impresso, para ler com outro vagar e passar mensagem. Obrigado.

As Civilizações foram sempre tidas em conta pelo seu desenvolvimento científico e técnico (tecnológico), pela sua capacidade de gerar e armazenar informação e pela sua maneira de olhar para dentro da Humanidade, quer pela filosofia, quer pelas artes, quer pelo lazer.

A maneira como somos capazes de estabelecer ligações com os nossos semelhantes ( com ou sem armas de destruição maciça), os nossos companheiros (transformada numa espécie de autismo) e os nossos necessitados – as crianças, por serem o nosso futuro, os idosos por carregarem o saber de uma era e os doentes por terem direito a ter direitos, diz tanto acerca do nosso tempo como a aldeia globalizante de ilhas em que nos tornámos.

Há alguns anos, os animais eram nossos amigos, eram animais “de companhia”, recíproca. Nós “domesticámos” os cães e gatos e eles domesticaram-nos a nós. E depois nós abandonamo-los quando (não sei quando)… porque sim… (não sei explicar porquê); as ninhadas afogam-se, os cães e gatos que vivem por aí atropelam-se sem mais agravo.

E o resto é deixado por fazer por ONGs como a UZ em Lisboa, e certamente muitos outros “centros de acolhimento” pelo país, que vivem da caridade dos que podem e dos que dão. Nesta altura do ano, é óbvia a carência de mantas, mas também de muito mais, conforme se pode ler no texto junto.

Nunca tive cão ou gato. Em pequena era alérgica a praticamente tudo; felizmente há alergias que melhoram. Já tivemos gatinhos”de passagem”, algumas más experiências com gatinhos demasiado pequenos e não tenho, para já condições para sustentar um bebé felino em casa (e tb sou muito territorial).

Mas que melhor maneira de aprender a dar, do que dar àqueles que precisam? Vou ser madrinha da “gatinha tigrada” (é este o nome) da foto 1833. Espero que gostemos uma da outra, vou visitá-la esta semana e depois sempre que puder. Pode ser que seja assim como a raposa e o principezinho, uma história de cativar corações, em vez de deixar tantos tristes e abandonados sem nenhum porquê.
Portanto, não é preciso adoptá-los, pode-se apadrinhá-los, visitá-los. Os mais pragmáticos podem passar um cheque e mandar o NIF, os mais criativos inventar uma campanha mais visível.
Eu vou lá estar.
Patrícia

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Schadenfreude

Tenho que dizer que não percebo peva de alemão, quer dizer, umas palavras que são parecidas com o inglês e umas banalidades, mas o léxico ficou mais rico depois de ter visto um episódio da série Boston Legal.
É uma série de advogados, mas que não se levam muito a sério, embora por vezes os casos que defendem (são uma sociedade, Crane, Poole & Schmidt) dêem muito que pensar, tanto aos pro como aos contra.
O principal protagonista, advogado de grande eloquência e democrata desiludido com o mundo, Alan Shore (James Spader), utiliza nas alegações finais de um caso particularmente bicudo esta mesma palavra, Schadenfreude.
"Schaden, damage, freude, joy. It appears that people take spiteful malicious delight in the misfortune of others". Está tão bem dito que é difícil...explicar de outra maneira, as pessoas sentem prazer ao observar o infortúnio do próximo.
Não me vou alongar sobre as fugas de homicidas ou do OJ Simpson cobertas pelas estações americanas em directo. Mas alongo-me na recordação de que depois de um dia 11, o infortúnio foi tão grande que se passaram semanas a ver as torres cair. A televisão pré-comandada guia o nosso schadenfreude colectivo, prazer tétrico de calamidades e um miúdo que sobrevive a um tsunami com a camisola da selecção.
Já nem é tétrico, é pútrido e mesquinho "o cenário dantesco" dos 400 incêndios ou das colisões frontais, ou , porque não, da vida da pequena Esmeralda.
Dois exemplos inversos. Primeiro o avião que salvou todas as almas na amaragem perfeita. Lestos nas notícias, o comandante é um herói, a paisagem do Hudson junto a Manhattan perfeita. Não me parece que façam um filme, já fizeram uns powerpoints e umas simulações no you tube. Aleluia, brothers!
Fica a pergunta por fazer - se ao fim de mais de 50 anos de aviação civil mundial, o que se leva debaixo do banco é um salva-vidas e não um pára-quedas, porque diabo não há amaragens perfeitas, nem sequer são usualmente treinadas (na prática, percebe-se o inconveniente, no simulador de voo como medida de contingência não)?
Falam de sangue frio, concordo. Mas não sendo piloto, acho que ao mesmo tempo é preciso ter mais sangue frio para aterrar na Portela vindo do mar. Para a passageira embevecida, que aprecia os motores a abrandarem e a seguirem apenas as correntes, como pássaros de asas abertas, sem barulho, por cima da cidade que ama (apesar de tudo), é um doce, um doce bonito e calmo (para mal da Av. do Brasil). Não significará isto "amarar" em Lisboa - com trens de aterragem?




O segundo enviaram-me por email e é simplesmente terrível. Vi-o uma vez e o meu estômago revirou-se. Eles no fim dizem que têm mais acidentes espectaculares lá no site. Filmados por amadores espectaculares, que tem a presença de espírito para no conforto do lar passarem aquilo no zoom e slow-motion máximos. Schadenfreude. Algures em 1996.
Os B-52 são de má safra desde o início; foram inventados para carregar sucedâneos de fat man e little boy, e mísseis também um pouco armas de destruição maciça. Não são só enormes, devem ser pesadíssimos porque têm reactores a jacto - apenas 4 e parecem uns albatrozes gigantes mas com má figura. Este graças a Deus, pelo menos não leva encomendas nas asas. Vemos que as coisas estão logo feias quando o movimento descendente se acompanha da subida dos trens de aterragem e por um caminho sofrivelmente horizontal por cima da pista.
Habituada que estava ás proezas dos nossos ases da TAP a fazer figura com passarões Airbus nos espectáculos aéreos @ YouTube, nem percebo como o raio do avião dá aquela curva apertada, não da maneira mais, digamos, natural, mas completamente perpendicular ao solo. Aí começo a engolir em seco.
Depois esboça a saída da curva e voltar à posição normal, mas altitude senhores, onde está, onde a ganhou? Ele só esboça, porque é na perfeita perpendicular, vemos no zoom que a asa toca o solo e o avião se torna monstro de fogo. Não tive prazer em ver e menos ainda em ver a segunda vez para o contar. Está aqui no post à espera do schadenfreude pessoal das almas caridosas que enviam mails como estes para as pessoas apreciarem -talvez - ( mudar para a voz do Artur Albarran) os "momentos dramáticos", com "profunda comoção", já a seguir a um pequeno intervalo.

qualquer coisa, pá

The times are a-changin' ( Bob Dylan) @ You Tube


Começo por pedir desculpa por um sinal de tolerância (e também porque não sei tirar legendas), não ao acordo ortográfico, mas ao Português que é uma nação (frustrada nesta tradução, mas somos muitos, somos irmãos, temos é que os ensinar a falar melhor).
Os Tempos Estão a Muda-ar : não soava bem, sem fugir ao original e neste caso very political Bob Dylan? A letra já teve que ter os direitos de autor renovados, os tempos mudam e mudam e mudam desde 1963. Todo o gato pingado músico - e agora também candidatos a presidente, oh yes we can-can - tem que provar com a garra e a guitarra que os tempos estão a mudar. E o tio Bob continua a ter razão - desde os meandros da política, elefantes ou burros, direita, centro ou esquerda, o que interessa sempre é o fato cinzento e o saco azul.
E talvez por isso os tempos estejam a mudar, não pela diferença e pela indiferença, mas pela necessidade de realmente alguma coisa ter de ser estrondosamente diferente para a consciência do mundo mudar e deixar de ser apenas politicamente correcta. Uma bomba, no sítio certo, pode mandar esta terra onde nascemos para o deep space nine. Mas há quanto tempo esta aldeia global onde mandamos mails do Lumiar, Lisboa para as Avenidas Novas, Lisboa, passando pelos states e voltando, está parada, de costas voltadas e moribunda?
The times, they have to finally be chan-ging', they must to, we know we'll change them if we want to.
Eddie Vedder, mais um senhor do contra, que adora a Ericeira, ladies & gentlemen.

Come gather 'round people
Wherever you roam
And admit that the waters
Around you have grown
And accept it that soon
You'll be drenched to the bone.
If your time to you
Is worth savin'
Then you better start swimmin'
Or you'll sink like a stone
For the times they are a-changin'.

Come writers and critics
Who prophesize with your pen
And keep your eyes wide
The chance won't come again
And don't speak too soon
For the wheel's still in spin
And there's no tellin' who
That it's namin'.
or the loser now
Will be later to win
For the times they are a-changin'.

Come senators, congressmen
Please heed the call
Don't stand in the doorway
Don't block up the hall
For he that gets hurt
Will be he who has stalled
There's a battle outside
And it is ragin'.
It'll soon shake your windows
And rattle your walls
For the times they are a-changin'.

Come mothers and fathers
Throughout the land
And don't criticize
What you can't understand
Your sons and your daughters
Are beyond your command
Your old road is
Rapidly agin'.
Please get out of the new one
If you can't lend your hand
For the times they are a-changin'.

The line it is drawn
The curse it is cast
he slow one now
Will later be fast
As the present now
Will later be past
The order is
Rapidly fadin'.
And the first one now
Will later be last
For the times they are a-changin'.
Copyright ©1963; renewed 1991

terça-feira, janeiro 13, 2009

cinemascope

Finalmente um blog da largura do Abrupto. Isto é que é subir na vida (do blogger que inventa estas coisas). Descentrou-me o Tim Robbins. Isto não vai ficar assim.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Luar de Janeiro e Lugansky cheio de vison

Como é que no meio do nada, aparece um dia tão cheio? Porque sim e pronto. Coisas há que estão acima da humana explicação.
Primeiro, começando pelo fim, o Luar de Janeiro foi tão pouco, tão húmido e com tanto véu - tanto que, horas depois, já tipicamente chovia. A fotografia é emprestada do sr. Abrupto, em dia de concerto até a Lua tem que diminuir o protagonismo.
Segundo, nunca vi uma concentração tão grande de casacos de pele/pseudo-pele/"estou pouco me lixando". Numa casa tão quente. A Gulbenkian tem uma excelente sala de concertos. Infelizmente o público podia>devia>tinha a obrigação de ser melhor e menos coquette. Estive o tempo todo a pensar "tanta Marta...", ou melhor, como-seria-bom-ter-um-sprayzinho-daqueles-estraga-tudo. Mas depois não via o Lugansky. Shame on me.
Terceiro, vi/ouvi/falei com provavelmente o melhor pianista do mundo (marca registada). Sendo melga profissional de autógrafos na defunta Festa da Música, conheci o russo imberbe & loiro (que devia andar por volta dos 29-30 anos, em 2001) na Festa da Música Russa em que ele tocou Rachmaninov ("O" Rach3). E depois cá fora tinha um ar tão timidozinho que corava ao ver as capas dos CDs.
No ano passado veio tocar Liszt e Chopin ao Palácio Nacional de Sintra (em Junho; ele gosta muito de Sintra) e lá conversámos enquanto ele autografava. Ele faz ponto de honra em conversar com os ouvintes que quiserem, logo depois do trabalho todo; em Sintra ainda estava de white tie, mas já falava muito mais. Então desta vez reuni coragem para lhe perguntar se ele já se tinha visto no you tube a ensaiar o rach3 de t-shirt e calções.
"Não tenho muito tempo para a internet...mas isso foi quando...a sério?, t-shirt verde e calções?...o Rach 3? não, não...ahhh piratas, piratas"! Em inglês ou em francês, you name it. Prometeu concerto em t-shirt, a sério. E não, não tem as mãos no seguro.
Bem, já agora, convém dizer que o Janacek, Chopin, Rachmaninov e 3 encores foram exactamente o que eu esperava que fossem, brilhantes. O homem, as mãos, são a música. É assim tão bom.
(e porque se está a tornar uma época altamente produtiva, infelizmente, durante a Sonata do Rachmaninov, desatei a chorar nada furtivas lácrimas e estava a pensar que ainda tinha que me surripar até à saída lateral, que não era longe; não foi preciso, a música que nos embala para outros pensamentos e outras histórias tb nos trás de volta, e voltei, fora ou dentro do tempo).

sábado, janeiro 10, 2009

killer whale

(coming soon
very occupated right now observating my own umbigo and not liking it. Don't miss Killer Whale - Orca em português - it'll be a feast somewhere next week...)

A semana passou, o umbigo está na mesma e foi uma chatice por as imagens por ordem. Nesta quadra festiva tenho andado a por documentários em dia. Falo neste caso de "O Mar é Azul"(The Blue Planet) da BBC, distribuído por uma quantia insignificante com a Visão (é insignificante, porque já não posso com a Visão nem a leio há mais de um mês, sem síndrome de abstinência...).
Pois bem, o documentário É da BBC, está tudo dito. A narração original seria do nosso extravagante e querido Sir David, mas pronto, é dobrada em português. A importância dos mares, a profundidade, as marés, as zonas polares, as zonas costeiras. Precisamente, duas zonas interessantes. Os ursos polares são tão qwwwidos não são, tão em extinção e tudo, e comem focas bebés, coitadas das mães ursas com o focinho avermelhado... é a vida.
Neste caso, a pirâmide alimentar é um pouco mais rude, atrever-me-ia a dizer tétrica. Figura1 - pinguins (não imperador, que são maiores) atiram-se que nem uns malucos para chegar à costa. Figura 2 - um leão marinho crescido; gostam de estar na rebentação, não digo literalmente de boca aberta, mas este corpanzil tem muito pinguim. Figura 3 - os leões marinhos não bebés em pelo, mas juvenis, aproveitam as marés para aprender a nadar e comer. Figura 4 - aparecem literalmente quando os jovens
leões marinhos andam a fazer body-boarding nas waves, umas brutas dumas orcas, essas sim de bocarra extremamente aberta. É a vida? Nãããão, que a gente já conhece as orcas de outros episódios, é um festim bárbaro. Porque é que raio chamam orcas às orcas e não baleias assassinas? Individualmente ou em grupo. Tem a argúcia dos golfinhos, são maiores, tb os matam e ainda são capazes de em grupo matar baleias muito maiores. Por exemplo, obrigando a cria de uma baleia a submergir demasiado, afogando-a (e nem ficam para a ceia). Com os leões marinhos é mais Hannibalesco, parece que brincam com eles estilo voleibol com eles ainda vivos, e depois com as partes que se vão partindo /rasgando.
É o que acontece na última figura. Isto deixa-me assim um pouco enojada. Um pouco não. E ainda fazem destas coisas um "Free Willy". Pedaços de foca pelo ar não, sinceramente. A Natureza imita a "selva" do asfalto tout cour, ou será ao contrário? Muito mais que os vampiros do Zeca podiam adivinhar.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

só isto

Hoje nasceu um homem bom.
Eu queria só olhar para o céu e vê-lo.
Chego a ter vergonha da middle earth em que vivemos.
Ele merecia mais porque era bom
e porque mais do que eu possa imaginar
lutou contra essa coisa chamada probabilidade
e ganhou; e corações deram-lhe a esperança do futuro.
Um bocadinho desse futuro era eu
mas não chegou.
Chegou a altura idiota em que comecei a perder pessoas
para o único lado onde não as posso ir buscar.
Onde ficamos do outro lado a pensar porquê
sabendo que não há resposta à nossa raiva.
onde o choro não sai porque ainda não percebemos
a perda que se vai acumular no coração.
E hoje, pelo contrário, ele nasceu.

(8 de Janeiro de 1951)

To do list


Isto é mais a lista da vergonha "things I wish I had fully done by now", neste blog. Livros: A Filosofia e os Monty Python, Princesas Desconhecidas (um must), A Fera na Selva, South, Um Coração Simples, A mulher de 30 anos (falar de franceses do séc XIX que não são a minha especialidade - são os anglo-saxónicos e os portugueses), Umberto Eco, Rilke, Virginia Woolf, ee. cummings, E.B White, WH Auden...o estado das nossas livrarias que nos põe a fazer regressão cerebral à muito 1ª infância, são só cores, o que é que eu vim cá fazer?
Uma intrusão na obra de Alves Redol -Constantino Guardador de Vacas e de Sonhos já conhecia-, infelizmente, parece-me que de cada 5 linhas onde se diz neo-realismo, o escritor de Vila Franca descobriu um Tejo lamacento podre e frio, "seco" se não fosse contraditório, seria a palavra. Para um concurso literário tenho que perceber onde estão as pontes que nos ligam, uma vez, que indefectivelmente ambos da margem norte, não sou "neo-realista" e esses meus professores foram outros, no Alentejo frondoso (Manuel da Fonseca e Saramago). É curioso que é Saramago n'As Pequenas Memórias que faz mais pelo Ribatejo inteiro do que li até agora de Alves Redol (a Bucelas do Constantino, já é Loures)...
Mas isto é para ser muita história, muitas músicas que me lembro dos gloriosos 80s e 90s e procuro no You tube, muito filme capaz de tanta baba e ranho quanto possível para analisar, começando pelo Fiel Jardineiro, Eternal Sunshine of the spotless mind (ok, título estranho, mas cá, já nem me lembro), A Missão, Gladiador, Uma mente brilhante, Hitchcock, Capra, Chaplin, Spielberg, Et, Schindler, Munique, Amélie, Delicatessen, os Condenados de Shawshank, Cast Away, A Vila / 6ºsentido/ O Protegido/ Sinais / A senhora das águas / O acontecimento, o último Batman, Expiação, séries como os célebres ficheiros, Dexter, ER, Eli, House...
E a fatal Yes we can, a fatal ligação Economia /Ecologia /Religião, que os político profissionais julgam que não existe, mas está lá sempre. Assim como a triste relação Igreja/Cristianismo que já não me faz ter amuos com o Altíssimo, mas um ou outro abalo de Fé (que é aquela coisa que intrínsecamente não se explica, acredita-se).
Além disso, o frio que continua a fazer-me escrever com luvas sem me aquecer as mãos. A nossa vida a 35/36ºC... parece que hoje o máximo foram 8ºC em Lisboa. Falta alguma coisa, não é dinheiro, é esperança. Dizem que é a última a morrer. Tenho as minhas dúvidas. Há gente a mais a viver num mundo ou uma vida sem futuro. yes they can.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Vida de cão

Ao contrário de algumas pessoas, que na sua pequenez resfolgam contra a interdição na televisão daquele apelativo anúncio contra as touradas (onde se apedrejava uma jovem amarrada a um pau, talvez uma imagem um pouco estranha para associar às lides?...), seria talvez um pouco mais construtivo indignar-se por estes não passarem no horário nobre e sim no You Tube.
Isto sim, é tradição, o abandono, e a falta de condições dos canis e gatis que têm animais a mais e tudo o resto a menos.
Começassem a tirar aquelas tretas dos mortos nas estradas e ensinassem desde logo as pessoas a conduzir com civismo.
Ou umas aulas de civismo para todos, faziam bem, aos que acham que é tudo à pedrada, aos que acham que é tudo á litrada, e a conduzir, e aos que sabem que a maneira como tratamos os nossos necessitados diz tudo sobre a nossa sociedade.
Doentes, idosos e porque não, animais outrora fieis amigos abandonados... Que país tão bom. Adoro-me Sócrates. Para quando a Solução Final? Um bocadinho de gás fazia bem a toda a gente. Até aposto.



quinta-feira, janeiro 01, 2009

Água quase tudo e cloreto de sódio

Eu e o meu amigo Rómulo de Carvalho partilhamos um grande segredo maldoso da Química inorgânica - o cloreto de sódio, NaCl. Isto vai sair uma grande estopada, mas veramente, tem a ver com as valências atómicas (tirando o 1º nível, que são 2 electrõezinhos, são 8, bem, e depois há a tabela periódica). O sódio Na, na forma iónica Na+, tem falta de um electrão (para os 8). O cloro Cl, na forma iónica Cl-, tem um electrão a mais... Assim a molécula será 1:1 e não 1:2. E por sintaxe da química, convencionou-se que o positivo vem antes do negativo, hélas, daí a célebre H2O (água), logo, NaCl cqd. ClNa2 é, por enquanto, uma impossibilidade cósmica, mas quem sabe, quando puserem o CERN a trabalhar para encontrar o tal Bosão de Higgs...
Tigre activado com costela de Setembro tem tendência a lembrar-se... sorry.

Mensagens de Ano Novo Cantabile (2)



Kiss the Rain

Billie Myers



(o que corri, melhor dizendo surfei, por este vídeo livre; há outra versão, com um garanhão qualquer à chuva que não faz sentido. A canção é íntima, como ESTE vídeo. E é verdade, os anos 90 tinham músicas - e vídeos a condizer sem Timbaland muuuuuuuito melhores. Go shoot me & see if I care. É a puríssima verdade. As letras tinham sentido no coração, c'est comme ça)



Hello...
Can you hear me
Am I getting through to you?

Hello...
Is it late there
Is there laughter on the line
Are you sure youre there alone
Cuz i'm
Trying to explain
Something's wrong
You just don't sound the same

Why dont you
Why dont you
Go outside
Go outside
Kiss the rain
Whenever you need me
Kiss the rain
Whenever I'm gone too long
If your lips feel lonely and thirsty
Kiss the rain
And wait for the dawn

Keep in mind
Were under the same sky
And the nights
As empty for me as for you
If you feel
You can't wait till morning

Kiss the rain
Kiss the rain
Kiss the rain

Hello...
Do you miss me
I hear you say you do
But not the way
I'm missing you

What's new
How's the weather
Is it stormy where you are
You sound so close but it feels like youre so far

Oh would it mean anything
If you knew
What Im left imagining
In my mind

My mind
Would you go
Would you go
Kiss the rain
As you fall
Over me
Think of me
Think of me
Think of me
Only me

Kiss the rain
Whenever you need me
Kiss the rain
Whenever I'm gone too long
If your lips
Feel hungry and tempted
Kiss the rain
And wait for the dawn
Keep in mind
We're under the same sky
And the night's
As empty for me as for you
If you feel you cant wait till morning
Kiss the rain
Kiss the rain
Kiss the rain
Kiss the rain
(kiss the rain)

Hello...
Can you hear me
Can you hear me
Can you hear me

A interpretação que só este vídeo mostra é o desespero que está latente " estamos todos debaixo do mesmo céu, para estares comigo tens que beijar a mesma chuva - a mesma, ou a chuva que ela própria deita? É uma questão de água quase tudo, mais ou menos cloreto de sódio (NaCl).

Depois há posiblidade do ciúme obsessivo-compulsivo - está na moda, naaaaaaaa, a outra é muito mais poética.

Mensgem de ano novo Cantabile(1)

Como já chove, e bem, não há problema em chamá-la, aliás, dizem que a água limpa (quando não entope) e fertiliza (quando não ensopa). De alguma maneira será.
Let it Rain / Amanda Marshall

I have given, I have given
And got none
Still Im driven by something I cant explain
Its not a cross, it is a choice
I cannot help but hear his voice
I only wish that I could listen without shame

Chorus
Let it rain
Let it rain on me
Let it rain, oh let it rain
Let it rain on me

I have been a witness to the perfect crime
I wipe the grin off of my face to hide the blame
It isnt worth the tears you cry to have a perfect alibi
Now Im beaten at the hands of my own game

Chorus

It isnt easy to be kind
With all these demons in my mind
I only hope one day Ill be free
I do my best not to complain
My face is dirty from the strain
I only hope one day Ill come clean

Chorus

Come take my hand
We can walk to the light
And without fear
We can see through the darkest night

(nota: não há regra sem excepção mas Canadianas, cabelo comprido, nome começado com A? alanis, amanda, avril...)
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