Pedras Rolantes

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terça-feira, fevereiro 17, 2009

17/02/2009 - E agora para um momento um pouco cacofónico


Imaginário/André Fernandes 21.30h Culturgest
Pois era suposto ser jazz... e ser bom. Pois era.
Algures no meio da pasmaceira que se torna a programação de verão em qualquer sítio de Lisboa, no ano passado lembraram-se de começar um Festival de Música Portuguesa Moderna no CCB em Julho. Primeiro dia, à noite, grande auditório cheio, grandes nomes: Mário Laginha, Bernardo Sassetti e Camané. Ao longo do programa, impecável, dois pianistas malucos a improvisar entre o clássico, jazz e fado deram-se muito bem com o fadista. Ao longo do concerto percebeu-se que a casa estava cheia por causa do Camané, mas penso que a mistura foi mais que a soma dos três, diferente e muito boa.
No dia seguinte, aparecia na programação um jovem guitarrista jazz a apresentar um álbum - Cubo, juntamente com uma troupe do melhor, o seu " quarteto". Não conhecia o contrabaixo, Nelson Cascais, mas sim "possivelmente o melhor baterista do mundo", Alexandre Frazão (quando crescer quero ter uma bateria igual à dele), e o homem que é feito de música Mário Laginha. Só estes predicados já abriam o apetite.
Apesar do horário pós-prandial, pequeno auditório a meio gás, gostei muito. Por acaso, se calhar, a vida é feita de mudança. O rapaz André (2 anos mais novo que eu) tem site, tem editora própria, teve bolsa nos states. Infelizmente deve pensar que ainda está num protectorado dos states (será?), porque o site está maioritariamente em inglês, os nomes de muitas músicas são em inglês, etc...
Daí não viria grande mal, se ele não achasse que se big is beatifull, bigger still deve soar a Nova Iorque ou a Nova Orleães - ou pior, digo eu, aos dois ao mesmo tempo.

O quarteto base é uma guitarra (electroacústica, conforme o tema), um contrabaixo ou guitarra baixo, bateria e piano. Ás vezes ele canta, mas só para acompanhar a guitarra. Portanto, duas cordas, duas percussões, eventualmente um nadinha de sopro. ok. Lembrou-se de ter convidados e de os por a tocar todos ao mesmo tempo (o que graças a Deus não acontece no CD). Bernardo Sassetti, um piano extra (mais percussão) e um DJ (?) para fazer qualquer coisa que parece que os DJ fazem (supostamente mais percussão). Dá para imaginar o batuque? Não dá.
Quando se põem TODOS a tocar (improvisar?) ao mesmo tempo não há tunning auricular que aguente. Obviamente não soa bem. Pode argumentar-se que não me soa bem a mim, mas acho muito difícil alguém que tenha, nem é preciso conhecimentos musicais, mas o sentido da música dentro de si, não achar aquilo uma estridente cacofonia numa bela sala.
Basta seguir o simples princípio: numa orquestra, ou noutra formação qualquer, desde que sintónica, consegue-se isolar todos os instrumentos que tocam. Ali não. Os pianos tomaram conta do place e não têm culpa, mais a bateria e o contrabaixo ao fundo. A melodia da guitarra desistiu e o DJ não existia. Há um limite para o nosso ouvido. Para o meu, foi atingido. E desliguei.
Curiosamente, estava muita gente nova, mesmo muita, género, universitários, e a sala cheia. À saída comentavam uns para os outros "Ahn... percebeste alguma coisa daquilo?" "Ó pá, eu não, mas é bom, quer dizer, deve ser bom". Estilo deve estar na moda. E não deram um chocolatinho sequer.
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