Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



domingo, fevereiro 08, 2009

Big Google Brother

Há coisas que não lembram a ninguém...ou talvez não. Vou ainda ter que desenvolver a tese de que está tudo maluco e de que não é só da conjuntura, embora ajude muito, mas é um fenómeno muito mais complicado que é capaz de descambar na descoberta de que o universo não está em expansão e o sol vai explodir dentro de 26 horas.

Adiante. Na minha actual situação de profissional liberal & tradutora freelancer, veio-me parar às mãos uma patente em inglês para traduzir para português. É suposto ser um medicamento pseudo-homeopata, anti-oxidante daqueles que faz bem a tudo, só não se sabe exactamente a quê. Esta gente escolheu o Alzheimer e o envelhecimento cerebral, estão na moda.

Bem, falam de vários compostos químicos / bioquímicos de cujos nomes o bioquímico vulgar de Lineu nunca ouviu falar. E é aí que avança a invenção - o google português. Põe-se o nome que se acha que talvez, e ao contrário de outros motores de busca, ele até sugere "será que queria dizer", e encontram-se as palavras mais desenxabidas e estrangeiradas da língua portuguesa -violá. Um brinco, pensei, está este google, apanham-se as imagens que se querem, quando temos uma dúvida súbita sobre qualquer, mas veramente, qualquer coisa, googlamos. Na língua inglesa já é palavra corrente o verbo to google, o que é no mínimo, óbvio.

Como se vê, no google internacional, pode-se encontrar a biografia inteira das pessoas anónimas, respectiva família e prole. Por cá, circulam gmails sobre outlets nos noticiários. Pior, no google Portugal, tirando as eminências muito pardas, não se consegue saber directamente nada sobre ninguém, i. e. o anónimo vulgar como eu (se se puser blog antes do nome, é que aparece aqui o nome da casa, o que é estranho, porque o blogger é do google), ainda que eu tenha sorte em chegar à segunda página (quanto mais fora do comum é o nome, mais fácil é encontrar coisas sobre ele, tirando quando se tem um parente famoso no século XVI), ou então pode-se cair em sósias, que los hay, duas pessoas com o mesmo nome; nomes inteiros não chegam a lado nenhum, porque o motor põe-se a fazer pesquisas cruzadas, como bom matemático que é, que não liga à semântica.

Então, após "ácido bongkréquico", o meu queixo começou a descer e fiquei um grande bocado de boca aberta. Não se sabe nada directamente, porque a informatização do sr Sócrates não existe - caramba, com a percentagem de analfabetos, analfabetos funcionais, e competências de português e inglês técnico? - por enquanto.

Mas indirectamente... Fiquei por exemplo a saber da existência de um desporto que desconhecia por completo e até tem Federação Portuguesa. Não posso dizer que o Airsoft é uma espécie de paintball em pior, pq os srs grunhos que o praticam fazem questão de dizer logo que não se compara porque não é "honroso" ficar coberto de tinta (???!!!).
Bem, para quem acha -eu- que o paintball é para miúdos que não se satisfazem com as consolas, então este é para militares, paramilitares, que não se satisfazem com o exército, porque não têm oportunidade de matar ninguém, de descarregar as quantidades imensas de testosterona, não com tinta, mas com balas de uma espécie de borracha de velocidade intermédia(?!). Parece que não são as balas de borracha que atiram aos manifestantes, mas são jogos de guerra, resumindo.
 E cuidadinho com as partes moles, que para além da farpela de camuflado só se tem direito a protecção com óculos. Imagino como será à queima-roupa. Fiquei parva, não, completamente estupidificada. Eles falam daquilo como se fosse futebol de 11 e acabam com uma opípara refeição, mas para todos os efeitos são milícias contra milícias.
O paintball é ridículo. O Airsoft é grave. É das forças especiais como o GOE. Imaginem que lá anda o sniper do caso do BES... saiam todos com balas metidas...nos tecidos moles (que são muitos, caso o neurónio militar não saiba). Esta gente não bate. Mesmo. Bem. Da bola. Grande, cá de cima. Aparentemente têm site e fórum e o google tem acesso a tudo, inclusive a quem manda mensagens sem nickname.
Assim como alguns jornais na edição digital permitem comentários online, e até o YouTube (e, Meu Deus, estou a pensar nas dezenas de impressões digitais realmente digitais, online, que se calhar já deixei - sendo que da maior, aqui o LivrodeP, muito me orgulho e não retirava uma vírgula, tirando as correcções ortográficas), parece-me agora que o gmail, com tanta segurança encriptada pode ser um marcador fluorescente, e dentro em breve, outros tb o seguirão, para bem da defesa nacional /internacional/ global. Nos states já houve vigilância activa de mails, não é ficção. Mas o direito a ter opinião e expressá-la há-de reduzir-se à virtualidade de um ecran, a menos que alguma coisa seja feita.
Por enquanto, é uma linha bastante sinuosa, mas existe, e descobrem-se coisas do outro mundo (ou serão afinal todas deste tão pequeno, reduzido finalmente ao seu mais ridículo estado).
Vá-se lá saber a relação entre o Airsoft, o falecido Raúl Durão, e o grupo millenum bcp?
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