Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



quinta-feira, abril 23, 2009

Tem que estar (tudo) iluminado, pf...

"How it ends"/Devotchka
música do trailer e BSO de Está tudo iluminado, um filme tão diferente que não se pode descrever, porque dá um baque no coração e nos girassóis.


Porque é que nós somos assim? Sempre assim? Nunca aprendemos, nunca mudamos. A terra gira sempre, e nós uivamos à Lua... Estamos sempre tão sozinhos no meio de tudo. Somos ilhas, somos pedras, somos instrumentos de arremesso, somos loucos. E queremos ordem. Qual ordem? Que Deus poderá ter pena de nós? Quem nos perdoa os nossos "pecados", quando metade de nós não percebe que "peca", e a outra metade se submerge pelos outros ou pelo peso de uma consciência que teve medo de abrir para simplesmente entrar o sol?
Não, nós desconfiamos cronicamente do juízo do próximo, aquele que há-de sempre atirar a 1ª pedra... O próximo somos nós, a nossa projecção nos outros que se afunda à medida que a nossa armadura se fecha e enferruja. Óxido de ferro. Muito. Água quase tudo. Sempre. Continuamos os mesmos, mesmas feridas, sem iluminação.
E depois, quando estendemos a mão, e vemos que toda a nossa força não é suficiente? Quando percebemos que a sabedoria nos leva a um buraco deveras profundo -sabemos o que está mal, o que deixou de funcionar, o que não vai funcionar...
Por feitio ou inerência profissional, quando olho, vejo, e quando vejo, percebo. Demasiadas vezes não gosto do que vejo, mas não basta fechar os olhos, está à minha frente. Demasiadas vezes sinto o que vejo. Não me atribuo poderes mediúnicos, nem capacidade de adivinhar o euromilhões, mas basta olhar, até na rua. Isenta da minha vontade, começo a ver a forma de coxear ou andar, um tique, um braço, uma cor. E sei o que é. Steppage, parkinson, avc... Mais perto é pior.
Apetece-me gritar quando começa a lei das séries. Não quero ter razão. Não quero confirmar a minha razão. Não quero ver as doenças nas pessoas antes de saber que elas existem, embora as adivinhe, as veja, não quero e não compreendo; mas porque é que acerto? Não quero ser dedicada. Quero ver antes de existir, para que nunca exista. Não quero pedir uma radiografia e sair-me uma coisinha má. Como as pitonisas. Não eram abençoadas. Foi-lhes rogada uma praga: podiam ver o futuro. Não pode haver nada pior do que olhar, ver e adivinhar o futuro.
Não sei explicar, mesmo que seja por bem. O futuro, como já sabia Blimunda, é demasiado certo, para podermos gostar dele quando o adivinhamos.
Tal e qual como o passado. Fará sentido?
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