Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



segunda-feira, maio 25, 2009

Lugage/Bagagem


Hope is the thing with feathers


Hope is the thing with feathers

That perches in the soul,

And sings the tune without the words,

And never stops at all,


And sweetest in the gale is heard;

And sore must be the storm

That could abash the little bird

That kept so many warm.


I've heard it in the chillest land,

And on the strangest sea;

Yet, never, in extremity,

It asked a crumb of me.


Emily Dickinson

~~~~~


Mrs Darwin


7 April 1852

Went to the Zoo.

I said to Him—

Something about that Chimpanzee over there reminds me of you.


Carol Ann Duffy

domingo, maio 24, 2009

Viagem ao Inferno

Há tanto por dizer, que se amontoa às camadas. Estou encerrada por dentro. Não é uma questão de apetecer, querer. É uma questão de anestesiar, sedar, curarizar, induzir o sono, deixar de me preocupar onde começa (ou onde acaba) a justiça, a preguiça, a vergonha. É a moínha ouvir-se tão alto que nem uma dor forte a pudesse aniquilar (á la House).
É saber que esta viagem será indefectivelmente pior que as outras, porque já resistiu a mais defesas e filtros, ou seja, por selecção adaptativa, contornou as resistências da hospedeira. A hospedeira por agora não se interessa. Começa a viagem com uns sapatos de cimento e no Tejo profundo.
Como não cabe no meu sistema de crenças que um Deus bom tenha punições eternas para aqueles que criou, o Inferno religioso é para mim uma metáfora. O Inferno real somos nós que o fazemos, de diversas maneiras. E eu vou viajar pelo meu.
O meu é frio, frio, cinzento quase a preto e branco, mas com a recordação do que já teve cores. É baço e vazio, como uns olhos sem alma. Passa por lá alguma música, no sentido apenas de me azucrinar, música de que gosto, não allegros mas adagios, cordas e não piano. Não há flores, as árvores estão nuas, é sempre inverno cinzento, tudo hiberna. Nunca neva, porque seria uma novidade feliz a despromover o evento. Finalmente, não há ninguém, a não ser eu, e o ar gelado (e a minha cabeça gelada também).
---
Portanto, por dias indeterminados, não sei se escrevo, se escreverei, ou quando voltarei a fazê-lo. Tenho que parar de pensar que estou atrasada como o coelho da Alice. Tenho que parar. Para tentar aquecer. É estranho. Não é lógico. Não sei como sair da teia sem tentar. Posso até escrever posts do Inferno, mas não sei. "I know not what tomorrow will bring" seems fine by me.

Life through a Lenses

O Leitor (2008) @ You Tube


Children of Men (2006) @ You Tube



Distopias. Passadas. Presentes. Futuras. Invenções. Ficções. Alternativas?

A distopia passada/presente : O Leitor. Uma tragédia clássica de fonética, orgulho e consentimento informado, ou a sua falta. Uma fuga para a frente, sentindo a culpa de uma nação como pecado a expiar para todo o sempre. Um timing sempre imperfeito, à beira de parar todos os relógios e suspender o mundo. No trailer começa a ouvir-se uma espécie de "quarta estação" em movimento contrário. As certezas são aquelas que já não se têm. Depois de se ter perdido tudo. De o mundo se ter tornado asséptico. Mete medo. A Distopia é agora, confunde-se com o mundo real onde a alfabetização já não é a medida real daquilo que estamos dispostos a alcançar. Quereremos mesmo saber mais? A verdade sem distorção? A comunicação de facto ou apenas o exorcismo de uma culpa perene? A vida por uma lente, afastada quanto baste.

A distopia futura: Os Filhos do Homem. Em 2027, o mundo é caos, há raiva a deitar por fora e todos são separatistas/unionistas. Não li o livro (P.D.James), apenas li que é muito diferente do filme, apelidado de radical de esquerda nos comentários do You Tube. Será que todas as distopias futuras bem representadas ( mas com uma absoluta falta de esperança na espécie humana) são politizáveis ou politicáveis? Não vejo as coisas dessa maneira, seja como for, a nossa independência de internautas está a acabar. Tive que procurar e procurar e procurar um trailer de Children of Men que pudesse ser tão simplesmente visionado no blogue (copiar uma barra, que agora por norma se encontra desactivada). Vem aí o controlo de pragas e o Verão ADSL acabará em breve. Distopicamente.
Mas novamente acerca de futuro. Em 2027 morre o adulto mais novo do mundo, com 18 anos. O que situa o seu nascimento circa 2009, não é? Segundo a trama, as mulheres tornam-se inferteis, a espécie humana soçobra, em 18 anos... A única rapariga grávida, que por acaso é negra, tem que ser salva. De quê? Do mundo que colapsa sobre si próprio. Como? Levando-a para longe, para um sítio onde será salva. Muitas pessoas morrem por isso, e no fim, aberto na neblina, nem nós sabemos se haverá salvação.

Haveria tanto a dizer sobre dois filmes que fazem pensar e reformular o nosso conjunto de "certezas absolutas até que". E também baba e ranho. Absolutamente. Mas não me apetece. O Leitor, desmerecidamente, retirou-se das salas de cinemas pouco tempo após os óscares (Kate Winslet, ganhou, finalmente). Os Filhos do Homem, fazendo fé ao seu histórico radical, nem ganharam nada, tirando fãs. Já existe para compra ou aluguer e consta que vai "estrear em televisão" (grande coisa) no AXN.

quinta-feira, maio 14, 2009

to-day

everything



(agradecia por favor que apagassem a luz e me deixassem em paz;
estou muito ocupada a magoar o meu próprio ego com bacoradas do estilo
"que fazer quando tudo arde";
não interessam a ninguém, não são construtivas, não são lisongeiras;
estou muito ocupada a chorar 'que tristeza de mundo'
para me poder preocupar com alguém que não seja eu;
estou muito ocupada a ler as "5 year survival" de coisas impossíveis
incontornáveis, surreais;
não estou com uma crise de fé, estou com uma crise de existência -
o que é mais eruditamente egoista -
o que farei quando tudo arde ?
quem põe as mãos no fogo?
por favor apaguem a luz quando saírem, o escuro é ainda pouco)
Agora uma parte de mim não sabe
e a outra não quer pensar
uma parte de mim recusa
e a outra finge que não vê

Uma parte de mim desespera,
a outra cede ao cansaço;
uma parte de mim deixou de saber o caminho,
a outra não quer dar um passo

Uma parte de mim quer fugir,
as duas partes sabem que estou presa
atolada num rio salgado, lama espessa
a que foi costumeiro chamar vida antes de chamar desastre

o mundo que senti real
ou real é demais para que o consiga viver
ou se tornou em miragem torta

longe
onde
não chego
(nem faço tenções de chegar)

quero desligar algo, abandonar algo,
fazer de conta que algo
nada é algo nada é tudo
encarcerado tudo é nada
nada soa nada grita
nada fala nada lança um braço
nada me agarra
não vejo lá em baixo o fundo (que não há)

uma parte de mim quer desistir;
a outra gostaria de gritar-
estão as duas perdidas no medo
de
existir.

sexta-feira, maio 01, 2009

e agora um pequeno interlúdio publicitário...

Para remoer, para sair da fossa, para a neura parecer maravilhosa, para ouvir apenas e ouvir ouvir ouvir, com um PC ou portátil perto de si,
uma rádio online 100% Sã-Micaelense
da melhor cepa
acalma até os neurónios mais instáveis
melhor ainda que massa sovada
ananás dos Açores
patrimónios mundiais da Unesco
Peter's da Horta
familiares do Tom Hanks e da Nelly Furtado
cozidos das Furnas
baleias,cachalotes, golfinhos & similares
prenúncias dus ilhéus
e sim,
ao nível do melhor cházinho Gorreana
e do MAGNÍFICO Queijo da Ilha
Sras e Srs
www.radioilhas.net
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