Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



terça-feira, dezembro 28, 2010

domingo, dezembro 26, 2010

Harsher words




Plain talking (plain talking)
Take us so far (take us so far)
Broken down cars (broken down cars)
Like strung-out old stars (like strung-out old stars)

Plain talking (plain talking)
Served us so well (served us so well)
Travelled through hell (travelled trough hell)
We know how it felt (we know how it felt)

Lift me up, lift me up
Higher now ama
Lift me up, lift me up
Higher now ama

Plain talking (plain talking)
Making us bold (making us bold)
So strong out and cold (so strong out and cold)
Feeling so old (feeling so old)

Plain talking (plain talking)
Has ruined us now (has ruined us now)
You never know how (you never know how)
Sweeter than thou (sweeter than thou)

Lift me up, lift me up
Higher now ama
Lift me up, lift me up
Higher now ama
[4x]

Lift me up, lift me up
Ohla la la la
Lift me up, lift me up
Ohla la la la
[4x]



Extreme ways are back again
Extreme places I didn't know
I broke everything new again
Everything that I'd owned
I threw it out the window; came along
Extreme ways I know will part the colors of my sea
perfect colored me


Extreme ways they help me
They help me out late at night
Extreme places I had gone
That never seen any light
Dirty basements, dirty noise
Dirty places coming through
Extreme worlds alone
Did you ever like it planned?


I would stand in line for this
There's always room in life for this


Oh baby, oh baby
Then it fell apart, it fell apart
Oh baby, oh baby
Then it fell apart, it fell apart(x2)


Extreme sounds that told me
They held me down every night
I didn't have much to say
I didn't give about the life
I closed my eyes and closed myself
And closed my world and never opened up to anything
That could get me at all


I had to close down everything
I had to close down my mind
Too many things could cut me
Too much could make me blind
I've seen so much in so many places
So many heartaches, so many faces
So many dirty things
You couldn't even believe


I would stand in line for this
It's always good in life for this


Oh baby, oh baby
Then it fell apart, it fell apart
Oh baby, oh baby
Then it fell apart, it fell apart(x20


Oh Baby, oh baby


Oh baby, oh baby


Then it fell apart, it fell apart Oh baby, oh baby
Then it fell apart, it fell apart Oh baby, oh baby
Then it fell apart, it fell apart
Oh baby, oh baby
Like it always does, always does
_______________________________
Talvez o tempo ande duro com as pessoas, talvez o final de década zero que é este ano (e não o ano passado, como os néscios que não aprenderam que o Y2K não era o 1º do novo século mas o último do século passado), em vez de parecer o pior dos anos em que o Natal se passa no aeroporto porque tudo falha, desde o GudJohnson aos Controladores e a um subprime sem fim, porque no fim está é a ganância, e essa nunca acaba, talvez o tempo que anda duro seja um aviso para sermos nós duros com ele.
Os meios, os fins... e que tal os princípios? Novos princípios em vez de "oportunidades". Acertar no alvo & abater. Ser Jason Bourne (amnésico) em vez de James Bond (falido).
Who knows?

sexta-feira, dezembro 24, 2010

A prenda



Christmas night, another fight

Tears we’ve cried are flood
Got all kinds of poison in
Of poison in my blood


I took my feet to Oxford street
Trying to right or wrong
Just walk away those windows
But I can’t believe she’s gone


When your still waiting for the snowfall
Doesn’t really feel like Christmas at all


A group of candles on me are flickering
Oh they flicker and they flow
And I am up here holding on to all those chandeliers of hope
And like some drunken in this city
I am go singing out of tune
Singing how I always loved you darling
And how I always will

But when your still waiting for the snowfall
Doesn’t really feel like Christmas at all
Still waiting for the snow to fall
It doesn’t really feel like Christmas at all


Those Christmas Lights
Light up the street
Down where the sea and city meet
May all your troubles soon be gone
Ohh Christmas Lights keep shining on
Those Christmas Lights
Light up the street
Maybe they bring here back to me
Then all my troubles will be gone
Ohh Christmas Lights keep shining on
Ohh Christmas Lights
Light up the streets
Light up the fireworks in me
May all your troubles soon be gone
Those Christmas Lights keep shining on
----------------------------------------------------
Parece-me que Fairytale of New York (já convertido a clássico das grandes superfícies) tem aqui uma grande sucessora em Christmas Lights. Vamos ser gastadores e deixar as luzes acesas. São elas que transformam a noite em dia. São elas que nos podem trazer a casa, onde não deixou de ser Natal. São elas hoje e sempre.
Haja Natal.

entremeio de Natal


39 Degrees North: Christmas Card 2010 from 39 Degrees North on Vimeo.

Apanhei esta graça de Natal sombria, o poema 39º (latitude) Norte de Neil Gaiman, transfromado em animação no blogue BiblioFilmes Festival, que merece uma espreitadela. Quanto à graça de Natal é das pérolas menos alinhadas dos últimos tempos. É Natal ho-ho-ho.

sábado, dezembro 11, 2010

Final de Rascunho @ Culturgest

É tão bom (os Amigos de Gaspar 1987)



Espalhem a notícia



4 quadras soltas



Há pessoas (vozes) que fazem parte de nós (quase) desde sempre. Tive a sorte de nascer numa altura em que ainda se ouviam vozes e músicas e letras e não Gagás de carne crua e dura. Algumas, como o Zeca, o Vitorino, entrosaram-se desde cedo. Outras, ficou-se a melodia no ouvido, tanta a letra que lá cabia. Ultimamente, andei também a (re)descobrir Fausto, José Mário Branco e Sérgio Godinho.
Todos com timbre de voz sensível ao meu ouvido, com pulmões e poesia para além das ideias (?) políticas. (por definição, política implica não ter ideias)
A cantiga pode ser uma arma? Pode vender no Itunes? Pode dar lucro? e isso tudo ao mesmo tempo? Claro. Somos todos capitalistas cá dentro, todos. Mas quem faz (canta) música por amor devia/deve/deverá ser relembrado e trauteado com convicção.
As cantigas do Sérgio Godinho, ainda no final deste rascunho, têm esse conteúdo. Há uma valsa com Bernardo Sassetti, chamada Os dias sucessivos (é uma valsa macabra, disse ele).
Há muita coisa a descobrir para que os nosso dias não sejam apenas uma sucessão. É preciso ir atrás da música. Música desta, que vale a pena.

domingo, novembro 14, 2010

In your head

Zombie / The Cranberries (1994)

Another head hangs lowly,

Child is slowly taken.
And the violence caused such silence,
Who are we mistaken?
But you see, it's not me, it's not my family.

In your head, in your head they are fighting,
With their tanks and their bombs,
And their bombs and their guns.
In your head, in your head, they are crying...
In your head, in your head,
Zombie, zombie, zombie,
Hey, hey, hey. What's in your head,
In your head,
Zombie, zombie, zombie?
Hey, hey, hey, hey, oh, dou, dou, dou, dou, dou...
Another mother's breakin',
Heart is taking over.
When the vi'lence causes silence,
We must be mistaken.

It's the same old theme since nineteen-sixteen.
In your head, in your head they're still fighting,
With their tanks and their bombs,
And their bombs and their guns.
In your head, in your head, they are dying...

In your head, in your head,
Zombie, zombie, zombie,
Hey, hey, hey. What's in your head,
In your head,
Zombie, zombie, zombie?
Hey, hey, hey, hey, oh, oh, oh,
Oh, oh, oh, oh, hey, oh, ya, ya-a...



Será impressão minha ou este é o nosso filme de finados? Crianças com armas... pelo mundo inteiro. In my head, they're fighting. Já nada do que tínhamos assegurado se cola com cuspe nem com divisas.
Palavra que não me lembro de 1984 ser assim tão mau, com FMI e tudo. Palavra de criança que estava no 1º/2º ano do ciclo preparatório (ou 5º/6º anos whatever).
Palavra que ainda se ensinava, ainda se aprendia, ainda se compravam livros, ainda se via 2 canais de televisão. Palavra que não me lembro de se viver mal. Sou zombie porque me lembro de não me lembrar.
Sou zombie porque vivo no meio de zombies com ouvidos lixados pelo orçamento a fazerem contas à vida, a prazo, porque toda a gente sabe que com estes governantes só paramos no fundo quando estivermos a sete palmos de terra e vendidos, mesmo assim, a retalho. Seremos adubo. Seremos minhocas. Seremos nada.
É óbvio que o grande plano da Europa, que os grandes planos da América se vão gorar. Os ricos vão ficar mais ricos ainda, o resto vai ter de implorar, nesta grande aldeia tão amiga, tão global, tão otária.
Por vezes, têm que se dar muitos passos para trás para aprender a andar para a frente de novo. Como a "aprender com a nossa história". A História Universal, para variar, como todas as outras Ciências Exactas, é uma história de mentira, é a história que contaram os que sobreviveram, os que ganharam, os que adquiriram poder. "Dos fracos não reza a história".
Será assim um estilo de evolução Darwiniana (e não segundo Marx), quando mais poderoso mais corrupto, mais tentacular, logo mais adaptado à sobrevivência.
Só que a ética da sobrevivência, do comer e ser comido, é actualmente uma subversão gore. Somos vampiros na cultura, fantasmas na vida, canibais todos os dias.

no blogue vizinho...

... primum non nocere

domingo, outubro 31, 2010

the astounding eyes

Anouar Brahem Trio / Stopover at Djibouti



Os assombrosos olhos de Rita estiveram cá, na Gulbenkian. Que bom que é apostar na música do mundo e ver que há público à 2ª feira. Eu não sabia o que era um Ud (pensava, deve ser estilo alaúde). Mas é muito maior, aquela guitarra de 12 cordas em forma de figo que faz música não só tipicamente tunisina (árabe? magrebina?), mas do fundo do coração. Os nomes das canções e dos discos que Anouar já editou mostram muito de poeta.
Ao contrário de outras pessoas que já tocaram na Gulbenkian, houve tempo dedicado mesmo para autógrafos; "un jolie ensemble" deixou-o feliz. Assim como os companheiros de quarteto, volte muitas vezes, volte sempre.

Shallow'een

Sem Cor / Dr1ve @ Youtube



Sim... Eu sei do que falo
Sim... Eu vivo ao lado
Nem tudo o que passa por mim
Tem cheiro de cor
Nem tudo o que passa por mim
Tem sempre sabor.
E é sem cor...
É sem cor que eu fingo que não existo
Sem cor, é sem cor que eu fingo que não sinto.
Eu sei que vidas que passam, que nos são contadas, numa roda que é sem cor
São vidas penadas assim, são cheias de cor..
São vidas que passam por mim, sem qualquer sabor...
E é sem cor... É sem cor que eu finjo que não existo
Sem cor.. É sem cor que eu finjo que não sinto...

darkness in presence of light

Wintersong / Sara Bareilles & Ingrid Michaelson @ you tube



This is my winter song to you.

The storm is coming soon,
it rolls in from the sea

My voice; a beacon in the night.
My words will be your light,
to carry you to me.

Is love alive?
Is love alive?
Is love

They say that things just cannot grow
beneath the winter snow,
or so I have been told.

They say we're buried far,
just like a distant star
I simply cannot hold.
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?

This is my winter song.
December never felt so wrong,
cause you're not where you belong;
inside my arms.

bum bum bum bum bum bum bum bum
bum bum bum bum bum bum
bum bum bum bum bum bum

I still believe in summer days.
The seasons always change
and life will find a way.
Ill be your harvester of light
and send it out tonight
so we can start again.
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?

This is my winter song.
December never felt so wrong,
cause you're not where you belong;
inside my arms.

This is my winter song to you.
The storm is coming soon
it rolls in from the sea.

My love a beacon in the night.
My words will be your light
to carry you to me.

Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?
Is love alive?


Wintersong / Ronan Keating @ Youtube


Duas versões da mesma canção, que me veio à mente porque gosto dela (em qualquer dos arranjos) e antes destes dias árticos em que a noite avança.
Curioso o facto de o frio ser branco, gelo, neve, que reflecte a claridade. Para mim o frio é sempre frio, os tons da paleta de cores são os mesmos, mas sem fogo, sente-se o frio como ausência.
Lisboa alagou. This is not a Xmas song.

O país e o mundo (versão beta)


Vem tudo sempre dar ao mesmo.

sábado, outubro 30, 2010

Ar do Rio

Morelenbaum Cello samba trio / Samba de uma nota só @ Youtube


(Festival CCB Fora de si, Concerto de Encerramento - Grande Auditório; 28 Agosto 2010)
Jacques Morelenbaum, violoncelo; Lula Galvão, violão; Rafael Barata, percussão; Daniel Jobim, voz e piano

Há coisas que nasceram assim mesmo, musicais e ritmadas, como o Brasil. Tónicas, em percussão, cordas ou sopro, em cantigas de desamor que acabam contentes. Esse vasto contigente património mundial que é a MPB supera os conceitos de latinidade e world music. Hoje há música de fusão, é um pouco Jazz, violoncelo a cantar samba de uma nota só. O "violão" ou guitarra dá-se a todos os tipos de desgarrada e a percussão nem precisava ser bateria (puxa vida, samba é ritmo, pô!).
Foi uma bela homenagem da família Jobim, a Jobim, Vinicius e todos eles. Os Morelenbaum também já são uma família de revisitações e reinterpretações. Que se ouvem sempre bem. Podia ser fácil cair na autofagia dos criadores, mas estes deixaram margem para o improviso e para a evolução.
Pena mesmo é que se oiçam só os grandes clássicos e não uma coisa completamente diferente, só para abanar ainda mais o capacete. Quem perdeu foi quem não esteve lá, muita gente, aliás, que a casa meia cheia se apresentava com os atrasos vergonhosos do costume (Lisboa em férias?).
Por estas pérolas, o CCB fora de si tem dado mostras de mais consistência que os moribundos dias da música (infelizmente). Não se explica a falta de afluência, porque poucas vezes se ouve tanta água de Março, Corcovado, Desafinado, água de beber, entre outras, com vontade de se soltar de preconceitos.
... E sambar /swingar / jazzar/ dançar um pouco. Brasil é feito de movimento ondulatório. Wave. Brasil que também já é feito de Nova Iorque, que já se amestiçou brasileira. 

segunda-feira, outubro 25, 2010

Saciedade de consumo

Por circunstâncias a que sou um bocado alheia, e também por muita ronha, as compras da semana foram-se arrastando até domingo. Seria altura de normalmente recorrer ao super de bairro e barafustar a falta de essenciais ao domingo.
Acontece que supers de bairro há dois, e o Continente (ex-Euromarché) de Telheiras está dentro da esfera de influência (podia também contar com 1 Feira Nova, e com o Continente do Colombo). Malgré moi, vivo e movimento-me em Lisboa. Entrei em Telheiras a meio da tarde e fui acometida por um ciclone.
O hiper não estava cheio, porque parecia ter sido saqueado. Estava cheio sim de pessoas, cada qual com seu carrão, com estacionamentos em quadragésima fila. Eu lembro-me de hipers cheios de gente há muito, muito tempo (talvez quando abrissem aos domingos, ou numa maratona de Natal).
Os dias tradicionais de compras, 6ªf, são sempre plácidos, assim como eram as manhãs de domingo com os portugueses em contemplação do lençol.
Comentava-se que não tinham sido tomadas providências e não estavam preparados para os sôbolos rios que vieram. Havia filas em todas as caixas abertas - e eram muitas. Os carrinhos do super iam  meio a 3/4 atestados. Este ano, o natal anda atrasado - no ano passado estavam prontas a funcionar as luzes da Junta no princípio de Outubro - este ano andam agora a instalar.
Parece que o Pai Natal está à espera do debate do orçamento para perceber se ficamos mais ou menos PIGS. E os tugas, antecipando a desgraça, livram-se das poupanças antes do fim do ano, quem sabe, na esperança que o fundo do túnel não tenha luz, portanto deixem de importar as aparências, a fénix e a fome. 

segunda-feira, outubro 11, 2010

supermassive black hole

Acabei a revisão do blog. Absolutamente mais nada.

Bliss /Muse @ Youtube

quarta-feira, outubro 06, 2010

já a seguir

Uma história antiga contada de novo muito em breve... mesmo!

O sal

(uma outra perda de Verão)

O sol o sul o sal
As mãos de alguém ao sol
O sal do sul ao sol
O sol em mãos de sul
E mãos de sal ao sol
O sal do sul em mãos de sol
E mãos de sul ao sol
Um sol de sal ao sul
O sol ao sul
O sal ao sol
O sal o sol
E mãos de sul
sem sol nem sal
P'ra quando enfim amor
Um sul ao sol
Uma mão cheia de sal?
O sol o sal o sul
O sol o sal o sul...

Ruy Duarte de Carvalho, O Sul


As pequenas memórias



"Deixa-te levar pela criança que foste."

As Pequenas Memórias
José Saramago

Foi no dia 18 de Junho, o meu atraso é dedicado, mais que delicado. Entretanto a Fundação Saramago escolheu celebrar Saramago todos os dias 18. Por essa epifânia, pus essa questão à dita (no Facebook) - comemora-se a morte de quem queremos manter vivo? Responderam qualquer coisa inconsequente, o que interessava era comemorar bláblá. É muito portuguesinho, comemorar a efeméride e não a pessoa. É muito obrigadinho, palavra que Saramago deve ter utilizado pela 1ª vez quando lhe estenderam num tapete a Casa dos Bicos. Obrigadinho.
Nunca me hei-de lembrar de dia 18 (que aliás é dia em que eu nasço, e dia de São Paulo tb), porque tenho amnésia selectiva para dias de despedida. Sei que foi depois do Sto António, a meio dos Santos populares, e apareceram aqueles Obrigados pendurados entre as sardinhas e a Superbock.
Tenho pena, gostava da maioria dos livros que li dele. Ao contrário de muita gente, li mesmo os livros dele. Começando pelo Memorial. Para aí aos 13 anos; ao princípio não entrava, estranhava. Pousei-o e voltei semanas mais tarde. Foi o 1º de muitos romances. Não vou destilar elogios, já tive que salvar a honra do morto de alguns monárquicos alentejanos ressabiados por não perceberem a 1ª página do Memorial. E foi luta cerrada no facebook. As pessoas julgam que podem ser tiranetes da sua opinião. "era vermelho", logo "tirou-nos as terras", logo "aquela coisa do Diário de Notícias", logo "saramago é nome de erva ruim", logo "já viu algum Nobel que não fosse vermelho", (referi Churchill, não convenceu), logo "o PCP esteve metido com o Salazar para matar o Humberto Delgado" - esperem lá, o quê?????? Entrámos num ficheiro secreto, feito de cromos e colagens com cuspe. E Saramago, o que fazer com esse "traste" (apesar de estar morto, utilizo esta palavra, que no original foram várias e muito piores).
Como o défice é de Cultura (e de História), acabam por se perder na própria cauda. Saramago disse "sou um comunista hormonal". Ponto. Que diabo! Quero lá saber. Porque surge tão frequentemente o chavão "intelectual de esquerda"? Porque não há intelectuais ao meio e à direita? Jesus!...
É claro que Saramago não era pessoa fácil, veio de fora do establishment e tiveram que o engolir, mais ao Nobel; aprendeu por si próprio, cultivou hábitos de leitura, passou a vida a aprender. Quem dera a muita gente. Quem dera a muita gente ler, perceber e integrar a revista Ler de Julho/Agosto que lhe foi dedicada.
O resto, sinceramente, ruído de fundo que quem não faz nada gosta precisamente de amplificar, não me interessa. Curiosamente, o meu livro "especial" é o Ano da Morte de Ricardo Reis, agora partilhado por uma grande multidão de cérebros pensantes. Mas gostei muito também de Jangada de Pedra, do Memorial, da História do Cerco de Lisboa e do Evangelho (para além do livro de contos e de versos avulso). Não gostei do Levantado do Chão e o Todos os Nomes está parado a meio há anos.
A minha Avó era leitora compulsiva; gostava de Saramago e leu todos os que eu li mais o parado e o Ensaio sobre a Cegueira -foi o único que não gostou.
Por isso o Ensaio ficou à parte, à espera do filme que haveria de aparecer e convencer. Já depois de 18 de Junho, fiz esse esforço, pela minha avó. Foi um esforço. Tem muita raiva lá dentro.
Há pequenas pérolas, como A maior Flor do Mundo, o Conto da Ilha Desconhecida, A Viagem do Elefante e As Pequenas Memórias. Estes últimos livros foram "dados" à minha Avó e estão no quarto dela para quando ela quiser dar uma piscadela.
As Pequenas Memórias levam-nos às lezírias e ao Tejo que manda entre cá e lá, aos avós que, da terra lhe ensinaram tanto, da Azinhaga (aquela terra com nome de Aldeia...), dos anos em Lisboa quando pequeno - é daquelas coisas que a minha Avó adoraria ter lido e ficado a comentar como tinha sido também a sua infância em bairros agora finos de Lisboa, antes muito mais, digamos "humanizados".
Nessas pequenas coisas, como na feira do livro, a observar um rapaz reguila a fazer das suas, sendo cortês sempre, estava Saramago sonhador.
Outras assuntos foram sempre muito privados, muito seus, muito sussurrantes, a fera que se levanta quando o escritor levanta a pedra (e escreve um romance); a atitude de defesa perante aqueles que possivelmente hostilizaram a sua "subida" no mundo das letras aumentou o seu fel; a imagem de rapaz na catequese a fazer birra, que se encanta com uma Nossa Senhora num retábulo, Portugal fora; a luta contra os demónios da morte, mais do que com o ruído dos "deuses". Morreu com uma doença da minha bitola (mais um, infelizmente). Os espanhóis disseram apenas leucemia crónica; acrescento-lhe linfática ou linfocítica e confirmo a minha presunção. Há muito mais tempo do que toda a gente sabe ele está doente; digamos, 20 anos em média, e com sorte -os livros foram-se tornando mais acintosos acerca de tudo, do mundo que não quer mudar e da imortalidade que não está lá, antes escorre e lembra o seu contrário todos os dias.
Finalmente, as frases na contracapa. Chegaram a perguntar-lhe onde se podia encontrar o livro da citação, o que o fez decerto rir-se muito para si mesmo - "inventei mais um livro".
A sua maneira de escrever foi a sua dádiva à nossa literatura. Tenho ainda muitos livros seus para ler e guardar. Como as Pequenas Memórias e a minha Avó, sempre.

quinta-feira, setembro 30, 2010

abanar o que nos resta


La danse macabre / Camille Saint-Saens (com trema no e) op 40    1875...2010
(poema sinfónico baseado em homónimo de Henri Cazalis)
volume bem alto, por favor.

domingo, setembro 26, 2010

Actos, palavras & omissões

O Expresso estaria ainda debaixo da mesa, se eu não tivesse delineado os rascunhos do estado da coisa real, aka crise invencível e assuntos por demais flagrantes. Acontece que as barbaridades passam por direito próprio à frente, sobretudo as que se vêem à frente dos olhos - ou no monitor.
Está também na lista de ofensas, digo, de posts, a minha experiência no "livro (ou país) dos rostos", aka Facebook, nunca sendo demais relembrar que foi inventado por um miúdo para classificar as colegas da faculdade...

Estava a incorporar o regresso à rotina, regado com muitas séries do AXN/FOX etc, para dar por isso mais de mansinho, e estava a por blog em ordem, coisas como limpar o pó, que têm que ser feitas até que a camada de cotão imobilize a hospedeira.
Entretanto passei pelo Face, não sei se tinha muito que partilhar, não me lembro, só pego em coisas com piada para o meu cabaz, não me seduz a cultura do clique e dos amigos de conveniência. Sei que não se pode opinar grande coisa no Face, senão cai-nos um grupo do contra em cima - é isto a co-existência pacífica num dos maiores países do mundo?

Portanto, democracia e tolerância à parte, que já vi e tenho que escrever, como certas pessoas, vá-se lá saber porque carga de água, cascam noutras depois de estarem mortas (Evento Saramago vs Monárquicos do Alentejo). Sugeri tolerância em vez de chamarem ao novo defunto filho da p e outros adjectivos impublicáveis. Lá que não tenham conseguido passar da 1ª página do Memorial do Convento, por manifesta falta de predicados de leitura, seria com eles.
Passou para asneirola pegada com pessoas que eu não conhecia, e já conseguia ver um pelourinho à minha espera algures no Alentejo. É pena. Quanto mais desciam, mais superiormente moral me sentia para gritar a tolerância e reagir às provocações. Mas como era no Face de um amigo, que respeito, mandei-lhe uma mensagem a pedir desculpa só por lhe estragar a Face, e que me mandasse àquela parte (no face, é deixar de ser amigo, castigo supremo) se achasse que a sua integridade e valores estavam a ser tão devassados.
Ele parou a chacina. Eu bloqueei a cambada de paspalhos que até já andavam a snifar nos nossos faces (meu e da minha mãe) se éramos comunas e comíamos crianças ao pequeno almoço apesar de sermos tão cultas, e uma de nós apresentar "nome italiano" (sic).
Se ele tivesse decidido de outra maneira, para mim quem ficaria queimado era ele. Não era por isso que deixava de os achar uns atrasados mentais que aproveitam uma morte para pisar o morto.

Adiante. Li o mural tipicamente em E, á moderna. E vi uma coisa que me pareceu do outro mundo. Uma instituição que cuida de burros em Mafra, a Burricadas (que visitei no ano passado, e foi aqui apresentada nos burros a pão de ló), supostamente amiga de animais (e nós também somos animais, com um grande ponto de interrogação sobre o racionais), pôs no seu Face a seguinte notícia para comentar:
Morto à pancada por violar animais -exclusivo CM -Correio da Manhã
Conhecido por roubar galinhas para actos sexuais,
 Jaime Pires do Ó, 68 anos, foi assassinado
 à porta de casa com golpes no peito e junto ao ânus.
 com o seguinte lamiré - "Alguém na comunidade foi levado a fazer justiça por suas mãos, porque a nossa justiça simplesmente não funciona."
Desde quando é que a "nossa" justiça funciona? Não é esse o principal problema deste país, que permite tanta corrupção, tanta impunidade e, até, tantas mortes na estrada e atentados à cidadania como o que aconteceu por exemplo com a gata Vip? Todos partilham o sentimento de impunidade, quanto aos polícias, quanto aos juízes, quanto aos políticos!
Mas isto, isto senhores é diferente. É do Correio da Manhã e comenta-se e aplaude-se e chacina-se o homem várias vezes no Face (curiosamente, quase tudo senhoras...). Bem feito, não há nada como a justiça popular, davam-lhe mais, matavam-no com mais força. Onde é que já se viu roubar e violar galinhas, meter paus pelo ânus de um burro, violar uma senhora que tanto estava acamada como não e tinha algures entre 83 e 92 anos.
Diz a muito pouco senhora Carla Valverde - "Todas as pessoas têm direito a existir, a viver a sua vida, a ter prazer, mas nunca á conta de outro ser vivo, galinhas ou não". É uma máxima tão profunda que não sei que sentido lhe tire, se não o de que a pouco senhora não tem absolutamente nada que fazer, e nada dentro da cabeça à parte um conceito idiota de ter sempre razão e matar os anormais (de uma maneira um pouco nacional-socialista, ergo, nazi, para que não se pense noutras coisas).
É difícil esmiuçar uma notícia destas, no CM, que é o que sabemos, o senhor de 68 anos tinha história psiquiátrica conhecida desde jovem, mas nunca ninguém lhe tinha oferecido ajuda. Com trabalhos ocasionais de pouca monta, mal visto pela aldeia, vivia sozinho, sem condições de higiene, num casebre sem condições. Esta parte, tal como os roubos e maus tratos a galinhas, burros, ovelhas, são sempre mencionadas.
Já a maneira como morreu, ao pé de casa num beco, ou em flagrante delito num galinheiro, levantam a suspeita da conspiraçãozinha do silêncio. Morreu logo, ou quando chegou ao Hospital. Há consenso na gravidade dos ferimentos, mas em mais nada. Facadas em todo o corpo, no ânus e no peito? Oficialmente só no peito, mas a esvair-se em sangue? Enquanto estava de queixo caído, no Jornal da noite da SIC, falaram no quebra-cabeças para a GNR, mas disseram também que tinha marcas de ter estado amarrado, de outros tipos de ferimentos (em certas partes do corpo que se adivinham), ou seja, tortura.
15 pessoas gostam disto, não conto quem é a favor da pena de morte, porque já bloqueei quase todos.
A truculenta não sra CV acrescenta aos seus milhares de opiniões truncadas (da cabeça): "Antes de haverem tribunais, antes de haverem juízes, a justiça era praticada por quem?". Jesus! Por quem? O que temos na cabeça? Não está inerente a nós um sistema de valores? Não há em todas as sociedades, mesmo primitivas (vulgo cromagnons para a sra CV) um conselho de anciãos e de pessoas de importância (xamã, chefe da tribo, médico, sacerdote) que formam o seu conselho de Justiça?
Deixa assim, imediatamente de ser olho por olho... Não consta também que a Natureza funcione assim com os seus (nós todos e todas as espécies). Não há acção-reacção, mas sim relação.
Para mal dos seus burricos, a Burricadas tomou a opção de "moderar" o fórum pelo lado mais extremista. Fogo com fogo. Infelizmente, embora a leitura do face se faça em E, já muitas vezes tinha visto comentários pouco abonatórios da Burricadas a "nós", pessoas normais que comem carne (somos omnívoros), que não concordam com a extinção dos circos, que têm toda a consideração pela natureza e pelos animais e pelas plantas mas não se deixam amordaçar pela antropomorfização que organizações como a Animal e o partido qualquer coisa andam a tentar fazer. Eles não gostam de animais. Eles querem um leitmotiv para arruaçar, como a quase sra CV.
Houve (in)justiça pública? Houve. Os queridos vizinhos de Proença a Velha não mataram o Jaime ovelha, por sevícias, mas por roubo, por vergonha.
"José Rocha, 87 anos, foi obrigado a acabar com a criação de galinhas devido a ‘Jaime ovelha’. "Há dois meses foi ao meu galinheiro e roubou-me uma galinha. Esteve com ela em casa durante quatro dias e depois devolveu-ma muito maltratada e levou outra. Tive de matar a galinha violada", conta José Rocha, que não pediu explicações ao agressor por "medo dele"." Ainda me hão-de explicar, biologicamente, como é possível violar galinhas... agora matá-las por estarem maltratadas, quem foi? Alguém mata os inúmeros pobres de espírito que tais, que sentem tantas vezes o impulso de se "aliviar" nas ovelhas? Toda a gente sabe. Toda a gente já ouviu histórias.
Há zoófilias piores, em termos de danos internos para pessoas e animais, e consoante seja o "parceiro" activo ou passivo - assim de repente estou a ver que já não devem querer falar disto. Há documentários (fidedignos).
Tenho para mim que Jaime foi vítima de muita coisa a vida inteira, sendo as principais a ignorância e o preconceito. A justiça poderia nada ter a ver com isto.

Quanto aos mirones, que o que fazem é opinar e comentar, achando que tolerância é uma espécie de predicado que assiste aos"ricos e não á populaça", cortesia CV. Com uma pequena ajuda da Burricadas, que prontamente se voluntaria a torcionar quem fizesse o mesmo aos seus animais, vizinhos e amigos.
Moderação perfeita, justiça perfeita. No mundo deles. E se um burro matar outro burro? Devia haver um questionário para organizações que tratam de animais, como nos states há para quem adopta. Afinal tem que se saber se afinal eles têm capacidade de tomar conta dos burros com responsabilidade. Pelos vistos, opinar e perder amigos com responsabilidade é coisa que não lhes sobe à cabeça. (o que também é uma forma muito perversa de justiça privada - eu gosto de ti desde que penses o mesmo que eu)
Tudo isto me deixa insatisfeita e triste porque sei que é uma agulha num palheiro (neste particular, também cheguei a fazer parte dele), e aquilo que é mais fácil pedir-se ás pessoas, sobretudo nestas alturas, que é um pouco de bom senso, deixou, simplesmente, de existir, ser viável. Respondem com orgulho na sua falta de visão e de civilidade.
Depois de uma gata salva e morta por humanos, humanos que se enxovalham, alegadamente por animais. Já não é por amor aos animais, Burricadas, é por falta de vitamina B12, e de amor a si próprios, que começaram, também, a ouvir e vender o disco riscado.
Tenho pena, posso dizê-lo, dos vossos animais e sinceramente, posso dizê-lo, tenho medo do que vocês próprios lhes possam fazer.

sábado, setembro 25, 2010

a tomar fôlego

Outono

Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser...sem que me olhes. 
Abro mão da primavera para que me continues olhando.

Pablo Neruda

Nine (o inicio, a marca): Be Italian, Caspita!

Be Italian / Fergie (Saraghina): 1/7 no coração de Guido. Como é que diabos acham Chicago melhor?



So you little Italian devils, you want to know about love?

Saraghina will tell you.
If you want to make a woman happy, you rely on what you’re born with, because it is in your blood.

Be Italian
Be Italian
take a chance and try to steal a fiery kiss
be Italian
be Italian
when you hold me don’t just hold me but hold this
please be gentle, sentimental
go ahead and try to give my cheek a pat
but be daring and uncaring
when you pinch me try to pinch me where there’s fat

HA!
be a singer (be a singer)
be a lover (be a lover)
pick the flower now before the chance is past (pick the flower now before the chance is past)
be Italian (be Italian)
be Italian (be Italian)
live today as if it may become your last!

tenho

uma dor de cabeça e no universo. Sou muito Pessoana, ainda não percebi bem é qual. A cabeça também não ajuda.

quarta-feira, setembro 22, 2010

para onde vamos, Vip?


Deixei ainda o Expresso debaixo da mesa (ou melhor, em lista de espera, uma vez que as bacoradas e politiquices do país nada têm de inesperado ou verdadeiramente novo). A minha imersão de volta à realidade trouxe-me a notícia online de uma gata que também apenas conhecia online, através de um blog de valentes salvadores e amigos de gatos, o Bichanos do Porto.
Caí na realidade de saber ao atrasado 4 dias, nesta era de redes sociais e banda larga em que já não se lê na diagonal mas em E, que a Vip morreu.
Mais uma vez, uma questão de cidadania, dignidade e responsabilidade. Como não me canso de citar, Ghandi disse que as civilizações se deveriam avaliar pela maneira como tratam os seus anciãos, crianças e animais.
Quanto ao nosso próximo, estamos conversados, destratamos, seriamente, seja fraco ou forte, saudável ou doente. O que interessa é ficar por cima.
Quanto aos animais, estamos na altura "fracturante" das "petições contra e petições pró" tourada, circo. As petições foram desvirtuadas de exercício de soberania e cidadania há muito tempo, por esta mesma internet que nos liga. Petição contra o encerramento do hospital D. Estefânia? Assinei. Contem comigo. Petição para o Rui Costa ser presidente do SLB, para controlar o colesterol do Marco Paulo, para  Mudastea entrar no dicionário, para  haver referendo "gay"... Dilui a importância do instrumento como voz social de causas mesmo importantes, que não são assim tantas.
A Vip era apenas uma gata em trabalho de parto quando um cidadão (ã) a atropelou e a deixou assim, para as bandas do Aeroporto Sá Carneiro. Quando a encontraram, fizeram uma cesariana de emergência; dos 6 filhotes que tiveram que ser reanimados, sobreviveram 4; 2 faleceram nos dias subsequentes.
A Vip não pode estar com os filhotes que sobreviveram nem dar leite; tinha demasiadas feridas para sarar, as patas tiveram que ser entrapadas por terem tecido exposto, e tinha uma larga área ferida que iria necessitar de enxerto de pele. Aparentemente foi uma doente cumpridora e ronronadora, apesar de pensos diários, demonstrando o seu agradecimento imediato e comendo com apetite.
Foi-se ganhando força e esperança. Mas por alguma razão, não conseguiu sobreviver à 2ª operação de enxerto de pele. Muita gente contribui directamente com soros, gaze, dinheiro, antibióticos, o que a Vip ia precisando. Muita gente se ia alimentando das noticias das suas refeições, ronrons e melhoras. Sobram-nos o Brasil (cinzento) e o Haiti (creme), bebés com nomes curiosamente simbólicos que crescem todos os dias. E aquela sensação de que animais somos todos, uns mais animais do que os outros, e longe estaremos de ser a espécie mais inteligente, ou diria mesmo, antropocentricamente, "humana", desta biosfera.
Tem dias em que me envergonho do rótulo sapiens sapiens, se a única coisa que sei é que me falta compreender muito. A Vip compreendeu certamente muito mais. Que te seja leve a viagem, tomes conta dos 4, sempre ao pé dos 2 botõezinhos que deixaste connosco.

sexta-feira, setembro 10, 2010

tenho quase a certeza que vi bem...

... mas não sei se captei tudo...
restante blogue e movimento terrestre podem retomar o passo habitual.

domingo, setembro 05, 2010

Do Fim dos Segredos

Quando se conta a outrem um segredo este
desmaia: a palavra
torna-se pele
sem leão lá dentro.

Não é mais segredo e não o sendo
finge ser lembrança
de fabrico imperfeito:
um cliqueti no silêncio escancara

a dantes inamovível porta
e virada a página acha-se apenas
uma moeda
que não corre já.

Júlio Pomar, in "TRATAdoDITOeFEITO"

(Com os devidos agradecimentos aos facebookers permanentes e impenitentes das Aldeias Históricas De Portugal, que nunca se cansam de encontrar encantos - de paisagem e de letras)

segundo Chico


"Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... isso é carência.
 
 Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem      mais voltar... isso é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... isso é equilíbrio.

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsivamente para que revejamos a nossa vida... isso é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... isso é circunstância.

Solidão é muito mais do que isto.

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma ..."
Francisco Buarque de Holanda

Aberto para férias



Espero que literalmente, pesem embora as mezinhas, só para aborrecer.

O país e o mundo (1)

it's not a silly season it's a silly world (versão 1.1)

ou as coisas que ando louca por comentar há meses, recuperando um Expresso de baixo da mesa

a) Vaticano, Pedofilia nos EUA, processos, abertura(?) do Papa, vinda a Portugal, cumprimentos ao Cavaco (???????)
Bonito, o altar "para ver o rio"...mas de costas para o rio? E para o Cristo Rei? Porque a súbita redenção do Homem chamado Ratzinger a Fátima? Porque lhe interessa um fait-divers para a pedofilia. Interessa-lhe recuperar os milhões de fieis (sobretudo brasileiros) que ainda são católicos por devoção. Interessa-lhe andar com uma estola de arminho (ie, parecida com pelo de marta) a pregar a ecologia. E o nosso cardeal, que parecia um mafioso de olhos escuros...
Tirando a lembrança idiota de oferecer preservativos (muito caviar muito esquerda ?) perto do recinto. Não há temas fracturantes. Os casamentos daquelas pessoas?
Temas fracturantes são os que eles geram: 1) "homossexual masculino = pedófilo e há estudos científicos" - mentira descarada, os estudos provam que a pedofilia (que é uma parafilia, ver dicionário), não tem nada a ver com orientação sexual nem identidade de género. Aprendi na faculdade. Há psicólogos (??) que ainda baixam os olhos e dizem "foram eles que disseram, deve haver estudos". Jesus, teu nome em vão! Não há, não há. A Igreja manipula também a desinformação.
2) a ordenação de mulheres é um pecado tão grave como a pedofilia. Não se comenta. É alarve. Não sei porque é que as congregações femininas (vulgo freiras) engoliram a afronta em seco; não sei porque é que os padres bem falantes se calaram diante do flagrante.
Ainda bem que a minha Fé Cristã e Católica nada tem a ver com esta ideia ou talvez ausência de ideia de Igreja. Mas é pena.
Como em tudo o mais, vai ser preciso cair de muito alto para construir tudo outra vez.

b) Novelas de verão : Queirós e Duarte Lima
terra queimada

c) Casa Pia: 10 anos de chove não molha

Dizem que são 7, mas foram pingando o que sabiam, o que podiam saber, o que podiam dizer, as escutas, os advogados, que como o PGR gostavam de ser raínha por um dia, os juízes, as vítimas, os tribunais, o execrável CC em directo em todos os canais ao mesmo tempo, as bofetadas de luva branca da Sra provedora Catalina Pestana (ao menos disse-as todas), o Bibi e mais o resto das m´fias impunes no tráfico de menores (é o que se trata, no fundo).
Pergunta crucial -como se trata um pedófilo arrependido -que los hay, los hay - com um enxerto de pancada, com castração química? Who knows?

(continua)

estrangeirices

Não: não Digas Nada!



Não: não digas nada!
Supor o que dirá
A tua boca velada
É ouvi-lo já
É ouvi-lo melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das frases e dos dias.
És melhor do que tu.
Não digas nada: sê!
Graça do corpo nu
Que invisível se vê.


Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Deviamos seguir mais estes conselhos estrangeiros.
Morra o Dantas, morra. Pim.

sábado, agosto 28, 2010

The Blower’s Daughter (traição a Damien Rice)

Então é assim
Tal como disseste que seria
A vida corre-me bem
Na maioria do tempo
Então é assim
A história mais curta
Sem amor nem glória
Sem um herói nos seus céus

Eu não consigo desviar os meus olhos de ti
Eu não consigo tirar os meus olhos de ti
Eu não consigo deixar de olhar para ti
Eu não consigo descolar os meus olhos de ti
Eu não consigo parar de olhar para ti
Eu não consigo deixar de olhar…

E então é assim (que as coisas correm)
Tal como disseste que seria
Ambos esqueceremos a brisa
Durante a maioria do tempo
E então é assim (que o tempo passa)
A água mais fria (acorda)
A filha do vento (que uiva)
A pupila em negação (não consigo…)
Eu não consigo desviar os meus olhos de ti
Eu não consigo tirar os meus olhos de ti
Eu não consigo deixar de olhar para ti
Eu não consigo descolar os meus olhos de ti
Eu não consigo parar de olhar para ti
Eu não consigo deixar de olhar…
Mas eu disse que te detestava?
Será que eu disse que queria
Deixar tudo para trás?

Eu não consigo deixar de pensar em ti
Eu não consigo tirar-te da cabeça…
Eu não consigo não pensar em ti
Eu não consigo tirar-te da cabeça
Eu não consigo deixar de pensar em ti
Eu não consigo tirar-te da cabeça
Eu não consigo não pensar…
Pensar…pensar…
Até encontrar um novo alguém

----------------------------
Como já li tantas vezes e confesso, cada tradução é uma traição. Mais ainda de uma canção ou em verso em que a gramática, a rima, o ritmo, as sílabas correm todas mal. Todas as traduções são pessoais, letras não são ciências, mas em nenhuma delas se encontra a verdade pura (do significado). O inglês é uma língua excepcional devido aos seus significados tão omissos e contrários, logo abertos; o português fecha o significado às palavras, por isso optei por tantas interpretações diferentes do refrão -  ele está a protestar, a uivar, a falar nas costas do vento e contra as ondas, todos os significados se misturam; ele chora (ao princípio) para começar a cantar / falar / começar.
Quando li este I can't take my eyes off you num blog, acompanhado de câmara de filmar, lembrei-me da canção, porque Damien insiste, na sombra das ondas do cabelo e do mar, em continuar a ver. Para quem gosta de guardare o que vê é a frase perfeita, mais lírica que a voz do HAL (computador de 2001, Odisseia no Espaço).
Pela sombra, não deixa de olhar, espero que sempre.

why can't I?

Damien Rice  / The Blower's Daughter @ You tube

(aucultadores, olhos e mente em decibeis máximos & merecidos; as mensagens e o subliminar ficam para o post seguinte; este é puro disfrutar)


...And so it is

Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her skies

I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...
And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...
Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off you
I can't take my mind off you...
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new

sábado, agosto 21, 2010

a via é láctea

No Fim

"No fim de tudo dormir.
...
No fim de quê?
No fim do que tudo parece ser...,
Este pequeno universo provinciano entre os astros,
Esta aldeola do espaço,
E não só do espaço visível, mas até do espaço total. "


Álvaro de Campos, in "Poemas"

terça-feira, agosto 17, 2010

a nossa


A Nossa Vontade e o Nosso Pensamento


Anjos ou deuses, sempre nós tivemos,
A visão perturbada de que acima
De nós e compelindo-nos
Agem outras presenças.

Como acima dos gados que há nos campos
O nosso esforço, que eles não compreendem,
Os coage e obriga
E eles não nos percebem,

Nossa vontade e o nosso pensamento
São as mãos pelas quais outros nos guiam
Para onde eles querem
E nós não desejamos.

Ricardo Reis, in "Odes"



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