Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



terça-feira, maio 18, 2010

Vida com dentes / vida sem dentes: vida contente ?!

(Para não ferir susceptibilidades, é apenas um desenho e não the real thing, e aqui ainda só se vai na anestesia, aquela coisa que não dói nada.)
Eu tenho dois problemas, os meus dentes e os meus dentistas. Os meus dentes de leite portaram-se imaculadamente (um deles, estoicamente, aguentou firme e hirto até ao fim do ano passado, 35 anos, hein, um canino? Hélas, o definitivo não nasce, porque as raízes do leitinho ainda não foram estripadas, e, ao que parece não terá espaço.
Não percebo como é que as pessoas viviam antes da invenção da periodontal-qquer coisa, enfim, aquela parte da odontologia que diz que temos os dentes todos mal implantados, andamos 10 anos com aparelhos e se sobrevivermos (com dentes, porque aquilo infecta que se farta), ficamos com um sorriso à Tom Cruise (depois de ter andado com aparelho). Possivelmente mais felizes. E com menos cáries, aposto.
Antes desta nova febre "vou re-desenhar seus maxilares custe o que custar, titânio incluído", houve a não menos conhecida febre dos arames tremeliques e da desvitalização como arma de destruição maciça. Tem dor, tem cárie. No problemo, dá-se à broca, umas sessões, desvitaliza-se, já não dói.
E porque é que se desvitaliza, pergunta-se bem? Porque a cárie estava a chegar ao nervo. O que não é pouco.



A primeira vez que fui a uma dentista foi precisamente para tirar um dente de leite pré molar, com umas raízes tortas como tudo. Uma vez que o alicate total estava fora de questão, porque estava um dente novo por baixo, foi como tentar brocar betão com uma cotonete. 6 anestesias. Medo de dentistas, eu?
O pior mesmo era se tivesse intolerância à dor ou medo de agulhas. Não me posso queixar de falta de simpatia dos dentistas (vários), mas tinham defeitos; nenhum me convenceu a praticar a higiene dentária adequada. Tomei flúor ("tens uns dentes fraquinhos / tortos / mal implantados", "chuchaste no dedo até tarde, o maxilar superior pode estar muito para a frente"), escapei a aparelhos, tomaram muito bem conta do meu incisivo definitivo escaqueirado em chão de mármore, mas nunca me interessei muito por pastas de dentes com sabores juvenis de flúor com morango, flúor com banana, etc. Detesto o sabor do flúor. Não me serviu de muito o leitinho nem nada.
Depois de outro dentista ter proclamado que os sisos são a aberração da evolução do homo sapiens e ter conseguido tirar-me dois (um incluso), conseguiu tb desequilibrar-me as articulações temporo-maxilares, de modo que sub-luxaram (se tivessem luxado, estava lixada e com a boca aberta). Andei zombie com dores e relaxantes musculares até ter uma goteira, ie, o contrário de um aparelho, feito à medida, para não se conseguir fechar totalmente a boca e conseguir dar uma folga às articulações.
Hummmm, devemos andar para aí pelos 20 anos, faculdade. Depois passei a consultas de rotina. havia sempre uma cariezinha ou coisa. Alguns anos mais tarde, um dos grandes molares estava tão mal que criou um bruto granuloma que ameaçava alastrar ao osso, fazia corpo com as glândulas submaxilares e metia medo (a medicina é muito querida). O soutor perguntou-me se eu pintava o cabelo. Mudei de dentista. Custou a tratar e foi, obviamente, desvitalizado e pátátá.
Ela era simpática, mas mascava pastilha elástica e a noção de campo estéril era a assistente espirrar para onde calhasse, mesmo que fosse para cima de coiso e tal.
Depois os desvitalizados começaram a desagregar, literalmente. A minha boca, em termos de molares é um zig-zag. Fora da função pública e munida de seguro dentário escolhi uma clínica. São brasileiros? Olha o trabalho que os portugueses fizeram até agora...

Finalmente aprendi a cuidar dos meus dentes, eu que não tenho falta de cálcio nem de hormónios, nem fumo nem me enfrasco de cafés, nem palpito com rebuçados 24h/dia. Isso é outro assunto para o blog gémeo de saúde.
O problema são as dores de dentes. Juntamente com as dores de cabeça tem-te-não-caias-não-tenho-bem-a-certeza-se-és-enxaqueca-mas-tb-os-meus-neurónios-não-estão-em-condições são estuporosamente desabilitantes. Metem-se pela cabeça, pelos pensamentos adentro. É impossível estar, não só em qualquer posição, que é indiferente, como pelo latejar que faz pensar se o House não tem razão em partir os dedos da mão com um pilão para não lhe doer a perna. É claro que não é um pensamento normal. Mas a condição de querer enfiar a cabeça/dente debaixo de um TGV real ou imaginário tb não.
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