Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



quinta-feira, julho 29, 2010

quebra

Calor seco. Muito, como se fosse um peso. Como se empurrasse a cabeça para o esquecimento. Como se a força que nos eleva a bípedes descambasse com a gravidade. Como se o coração não tivesse nada para bombear com o sangue evaporado. Como se a cabeça ficasse ora leve prestes a cair ora pesada de tão vazia.
Não se funciona num tempo assim, é à prova de neurónios, a menos que cozinhados. Não resta um pedacinho de nós com força. É tudo água, a precisar de sal, sal, sal. É tudo insonso a precisar do sal da terra. É tudo horizontal, menos a capacidade de leitura e de escrita, que se limitam a garatujos incongruentes e a manchas imperceptíveis à visão que foge da luz mas não quer o escuro.
É a tontura de não aguentar o próprio peso, como se a vida dependesse disso -e depende. É a tontura de ver, como de costume, passar os bombeiros que não chegam para um país de mato a arder que muito a medo e custo protege as casas mas deixa o carbono fugir porque valores mais altos se alevantam.
É a tontura de o tempo ser como é, eu ser como sou, e continuar tudo na mesma.

quarta-feira, julho 21, 2010

Prenúncia de morte

Ao longo da vida vamos perdendo pessoas. Também vamos ganhando outras, é certo, mas quanto mais a vida se alonga, mais parece que a tendência se desequilibra em favor da perda, mal grado a nossa plasticidade.
Algumas perdem-se porque sim, porque elas e/ou nós nos quisemos desencontrar de vez ( embora o mundo seja afinal um conjunto de pequenas coincidências). Outras perderam-se sem vontade de ninguém, pura e simplesmente continuam no coração, mas ausentes no espaço físico que nos rodeia a que convencionámos chamar "todos os dias".
Viajaram para um sítio de onde não podem regressar, e que nós não estamos habilitados a visitar, ida e volta. Algumas começaram viajem, cremos nós, sem quase darem por isso, outras começaram lúcidas e em sofrimento. 
Elas e eles (do meu coração), sabem de quem falo, acredito que podem sentir as minhas saudades embora eu só partilhe as suas memórias. Este universo é surpreendente na sua infinita pequenez e grandeza para caber dentro da nossa cabeça. Eles estão lá, no infinito (das estrelas), nos planetoides com ou sem principezinho acompanhante. "São a matéria de que é feita as estrelas".
Não tenho por costume fixar datas de óbito. Á medida que o tempo passa as pessoas ficam mais vivas e o óbito desapareceu. Primeiro esqueço-me do dia, semana, depois do ano, fica a vaga sensação do mês.
Também não por serem de família, ou algumas delas particularmente próximas, a lei das séries que se aplica a esta semana de Julho é atípica. Há 2 anos, há um ano, todos começaram mal a viagem -porque da morte nada se sabe senão que é uma viagem -, porque a começaram em sofrimento. Não importa que " todos chorem, só tu rias", com diz Confúcio. O tramado da coisa é acontecer, nessas condições, em que a pessoa está quase desvinculada do que era dantes porque está a morrer por desistência fatal de orgão, little by little but fast enough.
Acrescento-lhes uma 4ª pessoa, falecida já este ano (mas fora desta janela temporal), após um mês um coma. Não soube de nada. Só depois.
Não chegam palavras, como "não sofreu", mentira, "agora está num sítio melhor", quero crer que sim. Pessoas do coração não partem nunca, mas o sofrimento delas também fica connosco, por se irem de vez e por não podemos fazer nada.
A todas as estrelas do céu, cuidem bem delas.

in principio

"To see the world in a grain of sand
and Heaven in a wild flower,
hold infinity in the palm of your hand
and eternity in an hour"
 William Blake

quando a alma não é pequena...



São amostras do que a bondade pode ser: ajudar.
O primeiro laroca é o afilhado Neco -muitos anos de gatil na zoófila-; o segundo o afilhado Opel, relativamente recem-chegado, encontrado no motor de um carro...
A bondade para os animais como nós através de simples chamadas
ou de coisas larocas que tanta gente com garra se entretem a fazer para arranjar centavos para os bichos
 do coração.
http://www.shop-pal.blogspot.com/ (PAL= pelos amigos leais)

....Tudo vale a pena

segunda-feira, julho 19, 2010

so long and thanks for all the fish

À Boleia Pela Galáxia (Trailer 2005) @ You Tube


À Boleia Pela Galáxia - trailer Britcom do melhor (mais nenhum trailer será visto com dantes)



Cena de Abertura do filme -os 2os mamíferos mais inteligentes da terra dão o fora (nós somos os 3os mais inteligentes...) - So long and thanks to all the fish

Converti-me a um clube vídeo online que funciona pelo correio e do qual não tenho até agora qualquer queixa, só elogios quando comparado com as exéquias do blockbuster - mais variedade, mais qualidade, e dvds mais limpos!
À Boleia pela Galáxia foi a minha experiência piloto. Tinha lido sobre a série & filme na Empire, revista inglesa para lunáticos de cinema, que estima muito as produções britânicas sobre taradices da BBC. Nunca passou por cá, e é uma taradice do princípio ao fim. Mas é esse o busílis -tem princípio, meio e fim. E a Terra é exterminada porque está no caminho de uma via rápida sideral... É um mimo, e é uma pena que o autor do livro tenha falecido mesmo antes do lançamento do filme (não conheço a série). É daqueles que até cura dores de cabeça neuras de tanto rir.

Acromatopsia ou Invictus parte II

Colorblind / Overtone

And it's not just a game
You can't throw me away
I put all I had on the line
And I give and you take
And I played the high stakes
I've won and I've lost
But, I'm fine

Hear me say I'll rise up 'til the end
Hear me say I'll stand up for my friends
And I crash to the ground
And it's just my own sound
I drop in the blink of an eye
I'm colorblind

And your milky way fight
Won't stop my delight
You keep me and lock me away
And it's dark and it's bright
It's your colorful pride that kept me here 9000 days

Hear me say I'll see the sky again
Hear me say I'll drive for you my friend
There's a noise in the crowd
But it's just my own shout
A stumble I fall and I pray

Hear you say your eyes see green again
In the end we'll lived up holding hands
Yes, we'll spark in the night
We'll be colorblind
And these are the lives we gave

Hear me say I'll rise up 'til the end
Hear me say that I'll stand beside my friends
I won't stay on the floor
I will settle the score
A stumble I fall and I pray

Hear me say it's time we stop talking
Eye to eye we see a different face
Yes we we've conquered the war
With love at the core
A stumble I fall, but I'll stay
Colorblind.

Era suposto ser uma continuação directa do domingo passado, mas a vida também é feita de interruptores (umas vezes para cima, umas vezes para baixo), e coincidências.
No domingo passado vi o filme Invictus, sobre o qual tinha moderado as expectativas depois das críticas sensaboronas. Não me sinto tocada pela África do Sul, é uma terra de violência vã em que é dificil distinguir de que lado cai mais o preconceito. Também não me sinto  muito tocada pelo bichinho da trindade tuga (dos 3 Fs), embora possa como qualquer pessoa mandar bocas de treinador de bancada.
O filme excedeu as minhas expectativas; como já disse, dificilmente Clint faz de tarefeiro, sente-se logo a sua música, o seu Blues e a sua restless cozyness. Freeman faz o resto.
Vi antes do Mundial uma reportagem na SIC em que mostravam as cidades e as townships, ou seja, ajuntamento de brancos e ajuntamento de pretos. Antes podiam ser bairros de lata e hoje ter moradias, mas o principio da exclusão mútua mantém-se.
O rugby é desporto de brancos, jogado por cavalheiros como se fossem arruaceiros. O Football é desporto de negros, jogado por arruaceiros que pensam que são cavalheiros (e são pagos como estrelas). A cor/ raça - colorblind significa daltónico, mas neste caso é mesmo preto e branco a cores - nada tem a ver com o caso, mas o futebol arruaceiro move multidões no mundo. 
O rugby não. O volleyball também não. A Espanha aproveitou o lançamento de Barcelona 92 e começou efectivamente a apoiar os seus atletas. Muito mais que apenas no futebol. O nosso país de pobrezinhos que tem uma selecção / seleccionador /FPF que deviam ter um pouco de vergonha na cara e nas fuças do CR Jr, tem uma mole de bons atletas a viver "colorblind", á sua custa, comandantes das suas almas, Campeões em Rugby e Volley, em atletismo, aos bocadinhos, se não assusta.
A final de futebol foi aquilo a que nos habituaram os campeonatos no fim de época com a agravante de lá ser inverno. Como todas as finais (ainda bem que não chegou aos penaltys), não foi brilhante. A FIFA ainda esteve mais longe disso por uma carrada imensa de razões.

Madiba mandela, coincidência, tão pequenino hoje, tão grande antes, faz hoje 92 anos. Vejam bem se ele não foi mais sábio. Pela sua própria dor (da perda de um filho) descobriu que o VIH é o maior inimigo do seu país e não as guerras interinas. Não foi tarde demais. 46664 (nº de prisioneiro transformado em organização contra a SIDA).
Sou o comandante da minha alma. (que não tem cor de futebol)

segunda-feira, julho 12, 2010

Invictus ou o factor Humano

http://www.youtube.com/watch?v=FozhZHuAcCs

Do fundo desta noite que persiste

E que me envolve num breu eterno e espesso,
Agradeço aos deuses que possam existir
A natureza indomável da minha alma.


Nas garras das circunstâncias,
Não me crispei nem gritei alto;
Sob os golpes duros da sorte
A minha cabeça sangra mas o meu espírito é forte.


Para além deste oceano de violência e lágrimas,
Somente se vislumbra o terror das sombras;
E no entanto a ameaça dos anos encontra-me,
E achar-me-á, sem medo.


Interessa-me pouco que a passagem seja estreita,
Ou alta a carga punitiva;
Sou o senhor do meu destino,
Comandante da minha alma.
William Ernest Henley
 
Não encontrei no YouTube mais do que hiperligações; não pude trazer para o meu livro a voz de Morgan Freeman ao "ler" o original que talvez tenha contribuído para a sanidade mental de Mandela (Madiba) na prisão.
Não é pessoa que me encante ou que sinta como um mártir, apesar do estilo de camisas que implantou. Mandela não é Gandhi ou Luther King. Mas é um homem terrivelmente persistente e inteligente.
O filme de Clint Eastwood, subjugado pela crítica a "polidor do establishment" em tempo de vuvuzelas, não é em piloto automático. É Clint como Clint sabe ser, e como Freeman (Million Dollar Baby, Imperdoável) sabe ser. E Freeman dá a Mandela a sua pele, como na prisão de Shawshank, não quer deixar que o futuro seja igual ao passado.
(e sobre futebol se dizem apenas umas larachas, que rugby pode jogar-se na lama mas é jogo de cavalheiros, não só brancos, mas de uma África inteira. Assim fosse)



Colorblind (Invictus OST)

porque sim (ode to joy)

Road to Joy / Bright Eyes @ YouTube


I'm wide awake, it's Morning !

domingo, julho 11, 2010

3 centímetros

Loser / Beck (199?) @ Youtube


Faz mais sentido que o I-gotta-filingue. Soy un perdedor/ Soy un ganador. A nossa personalidade dual, que nos faz perder 3 cm quando as letras se apagam sem ninguém dar sequer pelas cinzas e se criarem grupos de ódio contra mortos recentes, enquanto a dívida pública decerto não baixa a espensas da FPF.
Ganhámos hoje esses 3 cm de honra no campeonato europeu de Rugby, e enquanto a selecção que não jogou de braçadeira negra foi eleminada, os irmãos campeões ganharam. Depois admirem-se se a meseta ibérica tremer, um cão uivar e uma mulher fizer um risco no chão. Podia ser o principio. Poder, podia, mas não era a mesma coisa.


In the time of chimpanzees I was a monkey

Butane in my veins and I'm out to cut the junkie
With the plastic eyeballs, spray-paint the vegetables
Dog food stalls with the beefcake pantyhose
Kill the headlights and put it in neutral
Stock car flamin' with a loser and the cruise control
Baby's in reno with the vitamin d
Got a couple of couches, sleep on the love-seat
Someone came in sayin' I'm insane to complain
About a shotgun wedding and a stain on my shirt
Don't believe everything that you breathe
You get a parking violation and a maggot on your sleeve
So shave your face with some mace in the dark
Savin' all your food stamps and burnin' down the trailer park

Yo. cut it.

Soy un perdedor
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
(double barrel buckshot)
Soy un perdedor
I'm a loser baby, so why don't you kill me?

Forces of evil on a bozo nightmare
Ban all the music with a phony gas chamber
'cuz one's got a weasel and the other's got a flag
One's on the pole, shove the other in a bag
With the rerun shows and the cocaine nose-job
The daytime crap of the folksinger slob
He hung himself with a guitar string
A slab of turkey-neck and it's hangin' from a pigeon wing
You can't write if you can't relate
Trade the cash for the beef for the body for the hate
And my time is a piece of wax fallin' on a termite
who's chokin' on the splinters

Soy un perdedor
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
(get crazy with the cheese whiz)
Soy un perdedor
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
(drive-by body-pierce)
(yo bring it on down)
Soooooooyy....
?em llik uoy t'nod yhw os ,ybab resol a m'I rodedrep nu yoS
[You can hear hear it if you reverse it.]

(I'm a driver, I'm a winner; things are gonna change I can feel it)

Soy un perdedor
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
(I can't believe you)
Soy un perdedor
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
Soy un perdedor
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
(Sprechen Sie Deutsch hier, Baby!)
Soy un perdedor
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
(know what I'm sayin'? )

sexta-feira, julho 09, 2010

Afiando o lápis

Azul, é óbvio.
A administradora ficou feliz quando reparou que já há de novo ferramenta ortográfica,
(para além de andar a alterar o design para super óptimo)
embora desconfie que com o acordo ortográfico as palavras tendam
a tornar-se obsoletas e incorreCtas.
Mas dá muito trabalho, o português ora Eça.

segunda-feira, julho 05, 2010

...and the living is easy?


Será por isso que me estragaram o blues que tinha para escrever
e se lançaram os idiotas deste país em mesquinhices
de silly season, versão estamos de tanga?

sobre o Mundial, está tudo dito

I wish I could...

por várias razões, já não podia ser pianista. Não treinei o suficiente. Chegou a uma fase na minha aprendizagem em que passámos às revisões e o pequeno passo para mais alguma coisa se foi. Podia ser boa pianista de trazer por casa, mas por aí fiquei, a meio da faculdade, por falta de tempo. Ainda veio um cheiro de ribalta na sala de alunos, e a luz direitinha a mim, que fiquei tão ofuscada que me esqueci de ter medo, pensar no publico, porque sinceramente, estava a lutar para ver a pauta e o teclado.
Gosto de tocar para ouvir a música que sai, e por isso, não toco aquilo que não gosto. Mas o teclado do piano foi sendo substituído pelo do computador (as cadeiras estão de costas uma para a outra). O multi emprego não tem feito bem às mãos. Cada vez que acabo de traduzir um artigo grande, não há tendão que não doa, nas duas e nos ombros.
Cada vez que tento tocar qualquer coisa, custa-me, cansam-me os dedos, não era costume. Tenho pena de não ter tempo.
De qualquer maneira, isto era tudo um parêntesis. Cá dentro, dentro de mim, tenho uma inveja louca das mãos do Lugansky, do Laginha, que são feitas de música e serão sempre feitas de música. E se não estão, deviam estar no seguro.
A mim vale-me, ou desvale-me, gostar de escrever, muitas vezes directamente para Word, e são as correcções que faço depois à mão, o corte e as costuras. Escrever como Nemesis.
Agora precisava do seguro. Como sou uma felina, penso normalmente que as curvas e contracurvas são para outros mortais. Geralmente, não dou por cantos bicudos (já desde pequena, quando decidi entrar por uma mesa adentro, de cabeça) e faço colecção de hematomas de descuido.
Por descuido maior que envolve telemóvel, dois sacos pesados e terreno perigoso, estou entrapada. Em cheio no asfalto, a meio de um Congresso de Hematologia, a piquena. As mãozinhas e joelhinhos estão lastimáveis, lá está, não estão no seguro. É suposto os hotéis de 5 estrelas (Marriott, ex Penta) de etnia árabe terem a entrada, quer-se dizer, mais ou menos bem asfaltada, não às bossas, penso eu?
Entretanto, as minhas mãos, o teclado e o rato que se lixem. Deve ser a crise do petroil.

quinta-feira, julho 01, 2010

"Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam" ?


Epígrafe -  A viagem do Elefante
Chegaremos à Avenida 24 de Julho/ das Índias e ao pé de um hipermercado em Telheiras?
obrigado, SARAMAGO? Com a pior fotografia possível de um homem doente?
Obrigadinho, Zé, de certeza que ele apreciaria. Com menos urticária que a casa dos Bicos ou Lanzarote.
Ainda somos todos ibéricos, por baixo das tuas cinzas. Provavelmente, sem Jangada nem Alegria.
(to be continued)
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