Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



quarta-feira, julho 21, 2010

Prenúncia de morte

Ao longo da vida vamos perdendo pessoas. Também vamos ganhando outras, é certo, mas quanto mais a vida se alonga, mais parece que a tendência se desequilibra em favor da perda, mal grado a nossa plasticidade.
Algumas perdem-se porque sim, porque elas e/ou nós nos quisemos desencontrar de vez ( embora o mundo seja afinal um conjunto de pequenas coincidências). Outras perderam-se sem vontade de ninguém, pura e simplesmente continuam no coração, mas ausentes no espaço físico que nos rodeia a que convencionámos chamar "todos os dias".
Viajaram para um sítio de onde não podem regressar, e que nós não estamos habilitados a visitar, ida e volta. Algumas começaram viajem, cremos nós, sem quase darem por isso, outras começaram lúcidas e em sofrimento. 
Elas e eles (do meu coração), sabem de quem falo, acredito que podem sentir as minhas saudades embora eu só partilhe as suas memórias. Este universo é surpreendente na sua infinita pequenez e grandeza para caber dentro da nossa cabeça. Eles estão lá, no infinito (das estrelas), nos planetoides com ou sem principezinho acompanhante. "São a matéria de que é feita as estrelas".
Não tenho por costume fixar datas de óbito. Á medida que o tempo passa as pessoas ficam mais vivas e o óbito desapareceu. Primeiro esqueço-me do dia, semana, depois do ano, fica a vaga sensação do mês.
Também não por serem de família, ou algumas delas particularmente próximas, a lei das séries que se aplica a esta semana de Julho é atípica. Há 2 anos, há um ano, todos começaram mal a viagem -porque da morte nada se sabe senão que é uma viagem -, porque a começaram em sofrimento. Não importa que " todos chorem, só tu rias", com diz Confúcio. O tramado da coisa é acontecer, nessas condições, em que a pessoa está quase desvinculada do que era dantes porque está a morrer por desistência fatal de orgão, little by little but fast enough.
Acrescento-lhes uma 4ª pessoa, falecida já este ano (mas fora desta janela temporal), após um mês um coma. Não soube de nada. Só depois.
Não chegam palavras, como "não sofreu", mentira, "agora está num sítio melhor", quero crer que sim. Pessoas do coração não partem nunca, mas o sofrimento delas também fica connosco, por se irem de vez e por não podemos fazer nada.
A todas as estrelas do céu, cuidem bem delas.
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