Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



terça-feira, setembro 24, 2013

cortar para deixar crescer

Não gosto de afixar seguidores; quem me seguir, saberá de si e não precisará de contabilidade pública ou privada. As estatísticas, números e embelezadores de blog estão a mais, uma folha em branco não precisa disso (e do que eu mais preciso é de uma folha em branco).
Podar é preciso, farto-me de dizer. As plantas morrem se não cuidarem delas, se as regarem com líquido dialisador ou com gasolina.
Depois admiram-se das armas de destruição maciça quando há genocídios vegetais e animais (e também de humanas partes) à nossa beira.
Não, não quero ser seguida, não quero ter o blog mais lido de Portugal, que ideia tão triste. Quero escrever o que me apetece, quantas vezes o disse?
Mas quantas vezes acabei a escrever, a esgatanhar circunstâncias?
Mais uma vez ando a limpar a casa (esta casa). Small is beautiful, and more mine.

segunda-feira, julho 08, 2013

(do mundo e do país)



"(...)Sometimes it's like someone took a knife 
baby edgy and dull and cut a six-inch valley
through the middle of my soul

At night I wake up with the sheets soaking wet
and a freight train running through the
middle of my head
Only you, can cool my desire
Ooh ooh ooh
I'm on fire(...)"

Bruce Sprigsteen

quinta-feira, julho 04, 2013

(n)o Dia Seguinte (24/11/2012)

Penso que estou a retrair-me, a retirar-me. Estar acordada é o contrário de estar a dormir, logo estar a dormir é melhor. Como a vida, para além de moderadamente f*****da também é politicamente (e na generalidade) incorrecta, a minha raiva incorrecta não poderia ficar-se por ali.
O tempo vai passando, a dormir ou acordada, sabendo mais ou menos o que se pássa com os casos de internamento naquela estrutura já tão cinzenta que é o hospital. Antigamente, não se devia ir ao hospital por dá cá aquela palha, ainda se acabava internado e com complicações graves. Hoje pode-se ter alta ainda pior, ou ir-se desfalecendo na inércia das urgências pagas.
A minha vontade de dizer à doente directamente o que pensava teve tempo para agir um dia. O único acesso parou. Está agora internada com uma espécie de "solução final" - o fim da linha - um catéter colocado directamente numa veia central, que para além de ser último recurso quase inviabiliza hipóteses futuras. É como se a luz ao fundo do túnel tivesse sido apagada. A da vida de uma pessoa. Segundo sei, ela não está a reagir bem; simplesmente não está a regir.
De todas as invenções e maravilhas da ciência e da técnica, ainda ninguém descobriu o que se faz quando tudo é irrealizável. Na minha especialidade, chama-se "acabar com o sofrimento" - há pessoas que afogam os doentes em quimioterapia até ao fim, penso que o senso comum é se não matamos a doença, deixemos a pessoa viver o melhor que possa e quanto possa.
Ter a vida dependente de um tubo é para mim um bocado diferente, é absurdo mas é verdade. Complications. Quando (não é se) o catéter trombosar ou causar ele próprio uma trombose, não há mais rim por máquina, é imersão mais ou menos rápida no mundo da urémia. No outro mundo.
É irónico,pois é, que o destino tenha vindo oferecer à doente aquilo que de outra maneira ela pareceu ir à procura. Não consigo raciocinar sobre isso. Fiquei fora de mim com a "tentativa", mas perante este facto não tenho palavras. O meu egoismo retirou-se. O meu coração ficou encolhido e pensei "mas então, não há mais nada?".
Já me perguntaram pela face da morte. É verdade que já a vi rondar, algumas vezes com alívio, permito-me pensar, para doentes moribundos. É a sombra pelo canto do olho. É a passagem para o outro lado. Respondi a essa pergunta que pela morta há que ter respeito, ela não vem maltratar quem cá está, pura e simplesmente vem, na altura certa.
Não sei qual será a altura certa para esta doente, esperava que fosse a muitos anos daqui, mas agora, nestas circunstâncias, a vida a prazo, com tiques de austeridade ainda é mais uma surpresa para a qual não estava preparada. Mais uma vez, se ela voltar à clínica, não sei como se lidar com a situação -improvisando, como sempre.
Cada dia que acordo, sinto que nada é suficiente


segunda-feira, maio 20, 2013

What's not to laike?


Muito sinceramente, estas injecções de orgulho nacional, melhor dizendo,  de national pride, por em inglês gostamos mais de ser enganados provocam-me uma urticária nos neurónios que é como se me nascessem lombrigas na cabeça.
Desde aquela célebre cena do Portugal this e Portugal that que as cabecinhas de medusa deste pardieiro decidiram mandar como recado à Finlândia que percebi que a pseudo-insuflação do ego faz parte do portuguesinho-olé. Os Finlandeses responderam "nós não nos esquecemos de quem nos ajudou", tão simples, a propósito da 2ª guerra mundial. E prontos.
Depois vieram as mensagens feelgood do prof Marcelo à troika... Não é a troika que precisa de vídeos, somos nós, como inteligentemente intuiu o Sr-seu-padrinho não sei se prof se doutor, também Marcelo, com as Conversas em Família.
Nessa altura não era dobrado em inglês e não havia "o papel higiénico mais trendy e sexy do mundo".
Sim, portuguese people, orgulhemo-nos, produzimos o papel higiénico mais sexy do mundo. Estamos a ir ao fundo em fashion. Em plain british a isto chama-se ser plain dumb.
Rejubilai, pois, e Like Portugal (porque gostar ou amar, é complicado, só precisamos de vender a ideia a esses milhões de estrangeiros que estão desertos para nos salvar). Portugal é o lugar to work, porque a população activa já se pisgou toda, o lugar to live porque é o melhor destino de golfe e praia da Europa (só falta é falar do SNS, da corja que nos desgoverna, etc), É o lugar para crescer (nomeadamente porque a luz a fim do túnel já é tão pequenina...).
Insuflemos britanicamente as nossas supostas qualidades - fado, vinho, azeite, bacalhau, café... e pasteis de belém. E eu a pensar que havia mais, mas afinal de que sabem os servos da gleba?
Há muitos países que confiam em nós, isso, e aquela coisa, windfarms, nunca tinha ouvido falar, julgava que era energia eólica, mas para quê, se continuam todos com o olho no pitrol, e nas nossas priviligiated relations with Brazil, Angola, Guinea, Mozambique (carrada de zs, felizmente os Açores parece que não são motivo de orgulho: não falam a língua nativa, certamente) e por último, mais importante, porque é o Sponsor Guest (TM), Spain.
Onde iríamos nós sem o nosso irmão mais gordo? Neste momento, lamento dizer-vos, nuestros hermanos, o vosso inglês like shit with some fat flies não vos salvou dos imensos sapatos de cimento com que a imensa Mafia Mãe Europa (+Rajoy + Juan Carlos em pessoa) vos empurrou para a fossa das Marianas.
Neste momento, o irmão fracalhote está á deriva na jangada de pedra com os tubarões à volta, e é a eles que apelamos para que nos comam em versão polilingue e financiada por um banco (espanhol), que almejando o bom iberismo, também patrocina uma milionária liga de futebol.
A ser enganada, prefiro ser enganada pelo meu banco, que eu financio até ao tutano como regular contribuinte desta espelunca. O meu status de analfabetismo financeiro é, pelos vistos, menos mau que o do FMI, mas de qualquer modo não me permite olhar de soslaio e ver alguma coisa que goste em Portugal, actualmente. Certamente não as fibras do fato de banho do Phelps e os sistemas de GPS.
Alguma vez um like salvou alguém, srs banqueiros? Façam favor e vão à swap que vos pariu.

quinta-feira, abril 18, 2013

cento e cinquenta caracteres ou menos

Estou cansada de não pensar, de me recolher nas sombras e nas pausas dos ruídos diurnos, para manter um resquício de sanidade num mundo tóxico e urticante. Não sou pessoa de muitas ou poucas palavras; depende da máscara com que funciono - posso até ser alergica à voz humana.
O trabalho real da espera cansa. Dormir cansa. O calor cansa mais que a chuva, aleluia. A gravidade, todas as gravidades, já não são o que eram. E tudo o que eu quero é voltar a criar anticorpos no próximo. Não existo se me anulo enquanto personagem civilizada. Tenho opiniões contrárias a virtuais dizeres que sim. Começar é (sempre) reaprender um novo passo.
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