A principio, quando comecei a fazer Urgências Internas de Medicina ( no Hospital Egas Moniz, em que estava um médico de chamada a todos os pisos de Medicina e especialidades Médicas), achava que o bip era um estranho prolongamento da Matrix (uma rede comandada pelas linhas telefónicas).
(Nessa altura ainda só conhecia A Matrix; Reloaded e Revolutions estavam no segredo dos Wachovsky, onde deviam ter ficado).
Agora, com o meu bip, responsável pelo serviço de Hematologia (com uma unidade de transplantação), grosso modo 30 camas e muitas intercorrências, e por todas as emergências hematológicas do hospital e urgência central, sinto-me agarrada ao chão, embora da janela do 7º andar veja o Aqueduto das Águas Livres, o eixo norte-sul e mais ao longe as luzes da ponte, o Cristo Rei e os aviões em aproximação.
O chão cria raízes em mim.