(Festival CCB Fora de si, Concerto de Encerramento - Grande Auditório; 28 Agosto 2010)
Jacques Morelenbaum, violoncelo; Lula Galvão, violão; Rafael Barata, percussão; Daniel Jobim, voz e piano
Há coisas que nasceram assim mesmo, musicais e ritmadas, como o Brasil. Tónicas, em percussão, cordas ou sopro, em cantigas de desamor que acabam contentes. Esse vasto contigente património mundial que é a MPB supera os conceitos de latinidade e world music. Hoje há música de fusão, é um pouco Jazz, violoncelo a cantar samba de uma nota só. O "violão" ou guitarra dá-se a todos os tipos de desgarrada e a percussão nem precisava ser bateria (puxa vida, samba é ritmo, pô!).
Foi uma bela homenagem da família Jobim, a Jobim, Vinicius e todos eles. Os Morelenbaum também já são uma família de revisitações e reinterpretações. Que se ouvem sempre bem. Podia ser fácil cair na autofagia dos criadores, mas estes deixaram margem para o improviso e para a evolução.
Pena mesmo é que se oiçam só os grandes clássicos e não uma coisa completamente diferente, só para abanar ainda mais o capacete. Quem perdeu foi quem não esteve lá, muita gente, aliás, que a casa meia cheia se apresentava com os atrasos vergonhosos do costume (Lisboa em férias?).
Por estas pérolas, o CCB fora de si tem dado mostras de mais consistência que os moribundos dias da música (infelizmente). Não se explica a falta de afluência, porque poucas vezes se ouve tanta água de Março, Corcovado, Desafinado, água de beber, entre outras, com vontade de se soltar de preconceitos.
... E sambar /swingar / jazzar/ dançar um pouco. Brasil é feito de movimento ondulatório. Wave. Brasil que também já é feito de Nova Iorque, que já se amestiçou brasileira.