É de louvar o programa musical da fundação Gulbenkian. Enquanto todos os auditórios com grande potencial de exploração permanente (p.ex. Culturgest, CCB), vão naufragando lenta ou rapidamente, sendo mais as excepções que os momentos honrosos (o que é pena), a Gulbenkian mantém o padrão de qualidade e expande-se. Adquiriu o gosto pela música do mundo, que passou a encher o grande auditório. Se a isso somarmos o gostoso do espaço e jardim envolventes, apontamos ao pleno.
Conhecia Ballaké do Diário Mali (com Ludovico Einaudi) e a dupla com Vincent do You tube e do álbum Chamber Music, já no iTunes. Ao vivo, "en vivant", é outra coisa. Diz a lenda que são cúmplices sem trocar palavra.
Que a kora é um instrumento que toca a música de que se fazem os sonhos, já eu sabia. Que pode também ser som da "nouvelle musique", como chama Vincent à batida jazzística/world do seu violoncelo, vim a descobrir.
Que a kora é um instrumento que toca a música de que se fazem os sonhos, já eu sabia. Que pode também ser som da "nouvelle musique", como chama Vincent à batida jazzística/world do seu violoncelo, vim a descobrir.
Por outro lado, Vincent agarra-se, literalmente abraçando o seu cello, tocando da maneira mais impertinente -e inovadora- possível: fazer cordas parecerem flauta é obra.
O duo foi, e é, fenomenal, no transpor entre a tradição e a modernidade. Vincent tentou falar português do Brasil com muitas variantes ("música dji cartô"),mas a sua emoção não se perdeu na tradução. Podiam ter ficado por ali horas e horas a falar e a dar autógrafos - se calhar até ficaram. O dia 10 valeu pelo concerto e pelas coisas que verdadeiramente animam a alma.