Este substantivo tem que ser purgado quanto antes, hoje, se possível. Akribie. Segundo me foi contado, é uma palavra alemã, encontrada ao calhas num dicionário, que soava bem e cujo significado era coerente com Kant.
Durante dois anos, penso eu, embora não tenha a certeza exacta, akribie foi co-editora deste blog. Não escreveu muito. Nesse mesmo tempo fui co-editora do blog dela. Escrevi um bocado. Mas senti-me sempre intrusiva, porque ela não utilizou o meu sequer para mandar umas bocas. Numa onda de solidariedade, fundámos um blog juntas, o "descoroçoadas anónimas". Não desenvolveu. Nem chegámos ao logótipo para a t-shirt.
Podia dizer que foi por várias e diversas razões que patrícia se retirou de amuos, akribie em resposta, desapareceu de livrodepoemas e bloodless medicine, e patrícia carregou no botão eliminar de descoroçoadas. Mas não foi. Não foi uma cena de miúdas, que gostam de partir a cara uma à outra, puxar cabelos, arremessar compêndios de "donas de casa desesperadas" e manolos de "o sexo e a cidade".
Foi assim: "(...) horário muito complicado não consigo ser a amiga que precisas." e "Tenho pena, mas creio que é inegável que não consigo dar-te o apoio que precisas". Por SMS. E depois, Log Out.
Posso ser coerentemente estúpida, mas agora é assim que os amigos se demitem e raspam, dão à sola, ciao? Já dei largas à minha indignação, mas fartei-me depressa. Comigo, being bitchy não pega. Sobretudo quando a vizinha da frente dela estava na fase terminal de um cancro de pulmão. Des-larguei.
Ela sabe que eu sei que ela sabe que eu sei, que o que ela fez foi uma grande filha da ***ice, na pior altura, recorrendo aos métodos, já não originais, a que eu seria mais sensível (SMS FOR GODI SAKE, como diziam numa telenovela). Depois de passado o período de fúria & etc, não deixei de perguntar a mim mesma, "mas isto é ser amiga? foi alguma vez ela minha amiga? ou esteve a curtir o tempo todo com a minha fossa?". Deu-lhe é certo, para quase todo o Verão, Outono e Inverno, entradas do novo ano e por aí fora. Será que, por necessidade, fui incapaz de distinguir uma verdadeira amizade de uma cusca hiperactiva?
Para mais, conhecia na posição de médica/doente, já lá vai mais tempo. Noutras circunstâncias, talvez nunca nos tivéssemos encontrado ou talvez nos achássemos desinteressantes qbp. Ela gosta de nightadas, eu não. Ela é de Letras, eu sou de Ciências, coisas assim. E a Hello Kitty. Disfarçada por uma janela de alguma superficialidade, pensei que tinha encontrado a pessoa que vivia lá dentro. Mas o que é certo, é que no fim de tudo, descobri que nem sei o nome do pai dela.
Toda a gente tem pontos fracos & fortes, traumas digeridos e por digerir. Nunca me considerei na posição de julgar uma pessoa por não pensar exactamente como ela. Aliás, perante um acontecimento, há sempre 2 versões: a nossa, e a dos outros. Sabendo que nenhuma delas costuma ser completamente consentânea com o assunto, a mim não me custa nem me choca, que a "virtude" esteja algures no meio do caminho. Não obsta, duas visões diferentes podem ter uma aproximação. Pensava eu um dia. Pois. Como tudo.
É torpe, vil & degradante, esperar qualquer coisa dos outros e sair isto. É que já não é esperar muito, no caso, era só que estivesse lá e que ouvisse se pudesse. E sai-me isto. À laia de despacha.
Numa amizade, o médico é sempre o médico, quer quando os amigos precisam, quer quando lhe dão com os pés. Que se recomponha, mais aos problemas dos outros que carrega por defeito/feitio. Deixou de ter piada. Deixou de ser light? Deixou.
Sobrou uma breve contenda de blogs o meu-o teu-o nosso e uma curta disputa sobre a custódia de um livro emprestado, praticamente muda e sem troca de palavras. Deve ser isto o "Divórcio na Hora". Devo ter-me enganado no sítio, isto não é vida, é o hi5 ou o facebook, descartável.
Gostava que não tivesse acontecido, mas já não tenho paciência, idade, ou vontade de levar desaforos destes para casa.
Estilo preciso e rigoroso. Finito.