Hoje saíu-me assim uma coisa completamente diferente. Amor, admiração a um livro. Um homem, apenas com o piscar de um único olho (dos poucos movimentos voluntários que era capaz depois de um AVC brutal), conseguiu escrever um livro, não só um livro, como uma manifestação de amor à vida ( e à boa vida), que é dificil descrever em palavras.
Em termos académicos, Jean-Dominique Bauby esteve 2 anos ligado à vida - tal qual a conhecemos - pelo pestanejar e por uma mente consciente, lúcida e orientada, perfeita, diria imaculada. O filme mostra o que o livro não diz e é um magnífico complemento.
Em comparação, o Ramón SanPedro ficaria mudo, quedo e sem argumentos. Possíveis, prováveis, toleráveis.
Bauby descobriu a vida literalmente à beira do outro lado, e isso sabe tão bem. Gostava de o ter conhecido para lhe agradecer o facto de existir. Porque no seu limbo em vida não houve ciência ou medicina capaz de o salvar, não de si próprio, mas do outro mundo também tão perto, ao seu lado.