Ha sempre um piano
um piano selvagem
que nos gela o coração
e nos traz a imagem
d'aquele Inverno
Ha sempre a lembranca
de um olhar a sangrar
de um soldado perdido
em terras do Ultramar
por obrigação
naquela missão
Combater na selva
sem saber porquê
e sentir o inferno
de matar alguém
e quem regressou
guarda a sensação
que lutou
numa guerra
sem razão
Há sempre a palavra
a palavra Nação
que os chefes trazem e usam
para esconder a razão
da sua vontade
daquela verdade
E para eles aquele Inverno
será sempre o mesmo inferno
que ninguém poderá esquecer
ter que matar ou morrer
ao sabor do vento
naquele tormento
Perguntei ao céu
será sempre assim
poderá o Inverno
nunca ter um fim
não sei responder
só talvez lembrar
o que alguém
que voltou, veio contar
recordar
Desculpe-se a qualidade, que os artistas são tugas de há muitos anos atrás.
Não o tempo suficiente, contudo. Já depois de 24, já depois de 26, já depois de 28. Já depois do inverno, em pleno aquecimento global dos anos 80. Ainda era, se não me engano, na altura, revolução. Entretanto, passou a evolução. Não posso dizer que saiba muito sobre a guerra colonial ou sobre um Portugal enorme, para além deste canteiro, Macau (patacas), Timor Leste (Lorosae), Açores, Madeira e o Reino dos Algarves.
É claro, estes artistas são de Cascais, que tb é um feudo. Hoje em dia há imensa gente que gosta de dizer que está farta dos Delfins. Daqui a pouco tempo, a evolução terá passado a impressão e a guerra a terra e depois a pó. E alguns são generais sob a égide da Elsa Raposo. E o país (que parece que já foi nação) ficará estendido sob o condado fundado devido a relações edipianas/freudianas mal resolvidas entre o Afonsinho e a Mamã, dois analfabetos, como o do inglês técnico.
Haverá alma para valer a pena ou sempre fomos todos a fingir?