Children of Men (2006) @ You Tube
Distopias. Passadas. Presentes. Futuras. Invenções. Ficções. Alternativas?
A distopia passada/presente : O Leitor. Uma tragédia clássica de fonética, orgulho e consentimento informado, ou a sua falta. Uma fuga para a frente, sentindo a culpa de uma nação como pecado a expiar para todo o sempre. Um timing sempre imperfeito, à beira de parar todos os relógios e suspender o mundo. No trailer começa a ouvir-se uma espécie de "quarta estação" em movimento contrário. As certezas são aquelas que já não se têm. Depois de se ter perdido tudo. De o mundo se ter tornado asséptico. Mete medo. A Distopia é agora, confunde-se com o mundo real onde a alfabetização já não é a medida real daquilo que estamos dispostos a alcançar. Quereremos mesmo saber mais? A verdade sem distorção? A comunicação de facto ou apenas o exorcismo de uma culpa perene? A vida por uma lente, afastada quanto baste.
A distopia futura: Os Filhos do Homem. Em 2027, o mundo é caos, há raiva a deitar por fora e todos são separatistas/unionistas. Não li o livro (P.D.James), apenas li que é muito diferente do filme, apelidado de radical de esquerda nos comentários do You Tube. Será que todas as distopias futuras bem representadas ( mas com uma absoluta falta de esperança na espécie humana) são politizáveis ou politicáveis? Não vejo as coisas dessa maneira, seja como for, a nossa independência de internautas está a acabar. Tive que procurar e procurar e procurar um trailer de Children of Men que pudesse ser tão simplesmente visionado no blogue (copiar uma barra, que agora por norma se encontra desactivada). Vem aí o controlo de pragas e o Verão ADSL acabará em breve. Distopicamente.
Mas novamente acerca de futuro. Em 2027 morre o adulto mais novo do mundo, com 18 anos. O que situa o seu nascimento circa 2009, não é? Segundo a trama, as mulheres tornam-se inferteis, a espécie humana soçobra, em 18 anos... A única rapariga grávida, que por acaso é negra, tem que ser salva. De quê? Do mundo que colapsa sobre si próprio. Como? Levando-a para longe, para um sítio onde será salva. Muitas pessoas morrem por isso, e no fim, aberto na neblina, nem nós sabemos se haverá salvação.
Haveria tanto a dizer sobre dois filmes que fazem pensar e reformular o nosso conjunto de "certezas absolutas até que". E também baba e ranho. Absolutamente. Mas não me apetece. O Leitor, desmerecidamente, retirou-se das salas de cinemas pouco tempo após os óscares (Kate Winslet, ganhou, finalmente). Os Filhos do Homem, fazendo fé ao seu histórico radical, nem ganharam nada, tirando fãs. Já existe para compra ou aluguer e consta que vai "estrear em televisão" (grande coisa) no AXN.