É estilo Vicky Cristina Barcelona, juntem-se 3 palavras omissas e gatafunhe-se. Hoje vou-me queixar de várias coisas aos bocadinhos.
Agora e desde há muito tempo, a mercantilização dos livros tem sido uma coisa devastadora. Num único ano, em 34 que levo, não me lembro de tragédias assim. Vi duas vezes faltarem artigos de primeira necessidade nas prateleiras de supermercados (não de hiper, contanto), uma com a greve dos camionistas, outra agora pela "conjuntura". Mas livros, meu Deus, aos molhos, para comer, em todo o lado. Como Magalhães?
Nos hipers e na Fnac, cores, só cores. Ficamos a olhar, reduzidos a nossa expressão de bebés que só vêem manchas de cores. Esqueço-me do que ía lá comprar - que aliás, nunca têm. As cores, os títulos, as fotografias, os livros dos filmes baseados nos livros banalizam tudo. O CR7, o Fêcêpê.
Os Maias. Desculpe? 4,99€ só no Continente. Alves Redol. Quem? Europa América? Não trabalhamos com essa editora. Já experimentou lá em baixo, na Bertrand? Isto na Fnac do Colombo, alegadamente a maior do País.
Não pode ser. Não pode. Não. Ainda por cima mais cara, porque aproveitou para os 10% da praxe serem só para aderentes (ao cartão Fnac). Sim, eu sou. Há muito tempo. Tenho vergonha confesso.
DVDs, CDs, livros. Não compro livros de capa mole com preço superior a 20€. Não compro livros a retalho, ao metro, dê-me 5 quilos de Miguel Sousa Tavares sff. Ah, hoje já esgotou, MST não temos... Então pode ser um copinho de Aldeia Velha. Ou um tapete Margarida Rebelo Pinto (não a consigo visualizar a um nível que não seja debaixo dos meus pés) ou etc. Estrangeiros há muitos, mas não há.nada. Que preste. Obama obamaobama conjuntura. Estúpidos. Tanto. Que nós somos.
Os estrangeiros que não há encontro na amazon.uk a preços módicos. O último livro do Carl Sagan (meeeeestre!) sobre ciência e a procura de Deus - ele era agnóstico- que saiu em 2006 custa para cima de 30€, capa dura. Por acaso dos deuses, a Fnac tinha uns saldos estrangeiros. Capa dura, impecável, edição original americana 15€. Saí contentíssima e menos pobre. Será do subprime? Afinal, só tenho é que ler em inglês. Para mim, que é fácil, vou passar a poupar ainda mais. E o resto dos Portugueses, como vai ser com o inglês técnico? I wonder.
E os autores portugueses? Valhe-lhes essa editora non grata Europa América e o grupo Porto Editora, a quem por demais laureio. Qual Caminho, qual quê, enquanto desenham de novo as capas do Saramago, Alves Redol resvalou inteiramente para a EA. Alguém se lembra dos Gaibéus, daquele desenho na capa? Edição de 1972. Nessa altura, quando os livros nasciam,eram para todos.