É suposto a Editorial Caminho ter a obra completa de Alves Redol publicada. É suposto. A tradição já não é o que era. Alves Redol, se alguma vez passou do "já ouvir falar", voltou ao seu dormente destino. Por vezes, é Constantino, o das vacas e dos sonhos que o resgata nas livrarias. Mais nada.
A Europa-América e os seus livros de bolso avant la lettre publicaram as suas obras. E existem ainda como irredutíveis gauleses. Para o perceber tinha de o ler e foi graças à E-A e a Wook.pt que o encontrei. Para alguém que faleceu em 1969, acho injusto.
E tenho que fazer uma recensão. Pouco sabia do autor e do seu neo-realismo. E gostei, embora ele seja poeta com as crianças e duro com a realidade, mais do que propriamente justo. Tem uma profundidade documental que não é comum entre nós. E sabe descrever para além de escrever.
Por isso os romances que li, Gaibéus e Avieiros, são testemunhos documentais; passou à palavra o que se vivia, e muito bem. Em Avieiros há mais um esboço de personagem principal, uma avieira, o que foge ao epíteto de "romance viril" (ainda estou para descobrir o que torna um romance viril...), que me contenta mais o coração que as caras mergulhadas na massa anónima. Não gostei particularmente dos contos. Os romances parecem-me mais colecções de contos bem conseguidos do que os propriamente ditos.
Falta-me ler Barranco de Cegos, uma "ficção a sério", estilo saga. Cheira-me que não tendo a espontaneidade dos restantes não será tão baluarte. Está na interminável lista so many books so little time. reparei que a aldeia se chama Aldebarã, parece-me; teremos aqui uma ligação céltica e estrelar?
Para saga, contudo, tem para já uma coisa a seu favor. É mais pequeno que o Equador. Me basta. (e gostei do Equador).
Para saga, contudo, tem para já uma coisa a seu favor. É mais pequeno que o Equador. Me basta. (e gostei do Equador).