é uma espécie de Principezinha para desiludidos da vida, solitários, esquecidos, tristes, fugidos e (talvez) desesperados. Também é um Quase Romance, não só por pesar pouco e não encher estantes, mas porque foi um romance que não aconteceu, só quase, e como nas ilustríssimas histórias de desaustinado amor assolapado, alguém tem de morrer. A principezinha. Dá honra aos mais frágeis desmaterializarem-se para um asteróide longínquo, onde haverá uma rosa e uma ovelha, transferidos para a via láctea do Sahara em jipe.
É quase triste e quase bonito de chorar, pensando num céu tão grande e tantos grãos de areia...
Mas depois mete-se a porcaria da vida pelo meio e não nos deixa fingir que somos literatura. Cada vez mais me apetece. Não sei bem se é estoirar. Mas não é bom, e cansa. Há uma semana que ando a dizer para mim "isto não aconteceu" ou "porquê, porquê, porquê"???
(esta é a minha versão contida. a minha versão gastrite a tornar-se úlcera por causa das faltas dos outros)
É ainda mais indescritível porque a amiga, para quem todas as minhas defesas estavam voluntariamente desactivadas, escolheu dar o pontapé tão cirurgicamente, tão "copycat" do Aconteceu-No-Verão-Passado, que paralisei, gelei, congelei, não sei. Se fosse possível, o coração tinha-me caído aos pés. Feliz ou infelizmente, ele tem andado demasiado ocupado para se dar ao luxo de me cair. Se fosse possível, tinha dado dois berros e discutido muito. Nunca é possível.
Neste mundo quem fala é parvo, revela-se. Quem se cala retira-se sem pio nem alarde. E não responde às chamadas em 3 telemóveis de 3 redes diferentes. E temos que tratar da custódia não partilhável de um livro meu que lhe emprestei na outra geração. Como? A palhaçada trágica é trágica mesmo com pompa e tudo. Já não se fazem amigos, desfazem-se amigos, divórcio litigioso sem palavras.
Por ser insuficiente mas necessário, os meus pensamentos deixam de caber aqui, nem sei que lhes faça ou que lhes chame. Sobrevivência não chega, mas arrastar-me na lama dos outros também não.