Foi há uma monstruosidade de tempo, último fim de semana de Abril. É mesmo monstruoso o tempo. Choveu. Pessoas estavam vivas. Pessoas existiam (não é exactamente um sinónimo). Também fez sol.
Diz que é uma espécie de Festa da Música para pobrezinhos, porque o Berardo é que ficou com o guito do museu. Os Dias da música durante 2 anos enganaram os famintos - havia organização, basicamente, herdada da Festa.
Este ano, homenagem a Bach, tema da nossa 1ª Festa da Música em 2000, foi, não modesto, não pobrezinho, pior. Inexistiu durante um fim de semana. Porque o primum movens é levar a música às pessoas, a organização de muitos concertos, em vários locais ao mesmo tempo, para um número significativo de pessoas, é necessária e obrigatória.
Quando os voluntários acabam e ficam 3 gatos pingados, é o caos. Uma sala como o grande auditório não se enche em 5 minutos. O mestre Loussier, do alto dos seus 75 bem conservados anos devia começar às 23h de sábado, as portas abriram às 24h, o concerto começou às 00.30h...
Palavras para quê? Todos os concertos do grande auditório foram empurrando até à calamidade. Figuras como o Mário Laginha, Peter Wiselplwey (ou qualquer coisa parecida), Fazil Say e Jacques Loussier fizeram das tripas coração e pensaram em Bach, tocaram Bach, mas o público, verdadeiramente, não picou o ponto, nem esteve lá, como das outras vezes.
De notar a inolvidável presença de telemóveis, câmaras e outros que tais, a falta de miúdos com menos de 12 meses berrantes em uníssono, e a falta de miúdos birrentos em geral. Só a brigada reumatismal reforçou posições.
A entrada para os 50 anos do Play Bach foi quase ao xuto & pontapé... será preciso dizer mais?