Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



quinta-feira, janeiro 22, 2009

woodstock upon Guiness

Ontem vi o Harry, meu professor do 9th grade do Cambridge vai para... 13 anos. 13 anos? O meu Proficiency tem 12 anos?! E contudo, sinto que sei muito mais Inglês stiff upper brit e american couch potato do que nessa altura, tanto foi o livro que tive que...agradavelmente absorver nessa língua.
Também, o Harry sempre disse que a melhor maneira de aprender era lendo e falando (nessa altura os dvds eram imberbes, portanto, acrescento, ver televisão sem legendas) e ouvindo música percebendo a letra.
Tem piada. O Harry nunca passaria por português, era alto, magro, loiro com grandes entradas e um ar perfeitamente de outra galáxia. Não falávamos português nas aulas, mas nos "convívios" (jantares de Natal, fim de ano, qualquer coisa), o português dele era a coisa mais desconchabida possível.
Ele é irlandês (da Irlanda do norte), por isso passa automaticamente a very british quando lhe interessa. A história dele foi meter-se ao caminho e vir descendo. Esteve algum tempo em Espanha, mas preferiu Portugal. Não me lembro em absoluto o que ele nos ensinou, excepto que as aulas eram um gozo, ao principio, e depois uma espécie de baile com vários pares cambiantes (para o fim), Absolut Woodstock.
O Harry sugeria que levássemos versos ingleses, cantigas para analisar e sobrava sempre para a mesma Patrícia. Trainspotting, O Carteiro de Pablo Neruda (tem vários poemas lidos em inglês no cd), falar sobre filmes desse ano, eu a tentar explicar porque é que patient não é paciente mas doente (inglês). Ano de belos filmes.
E no Natal levei aquela cantiga dos Pogues e da Kirsty McColl, Fairytale in New York, mal ouviu os acordes, completamente embargado, como se tivesse bebido 1 guiness e meia (com uma passava-se, com 2 estava a chorar, aquele grandalhão, meu Deus), pôs o rádio no máximo, abriu a porta da nossa aula e das outras todas, disse "shhhhhhh" e pôs-se tb comovidíssimo a cantar.
Era uma cambada de tarados. Mesmo aqui, ao pé do metro do Campo Grande. Agora ninguém sabe de ninguém. Ontem vi o Harry, ia a subir nas escadas rolantes, eu a descer. Ficámos ao rallenti a pensar "espera lá, mas aquele/a?" e depois voltámos a olhar, pescoço mais esticado.
O Harry já não anda de jeans e DocMartens. Já não está loiro (?), tb não me pareceu mais careca, tinha óculos e até ía meio curvado. Juro. Passava por português. Como dizia um colega dele sempre sempre sempre "ba-ca-liau com natas".E ele até adorava uma bela sopa portuguesa...ou 2, ou 3.
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