Nesse belo tempo em que o Diário de Notícias era um jornal de referência e no DNJovem se escreviam às vezes coisas sérias (meu habitat natural), aproveitei para espremer alguma da desgraça que trazia agarrada desde o 11 de Setembro. Quem me conhece bem, sabe que em mim as desgraças se vão colando como post-its umas às outras (mas com muito mais cola), até chegar a compêndios de tamanho enciclopédico.
Posso dizer que o 9-11 me marcou de uma maneira tão estranha que é difícil explicar. Não sou americana, pro-americana, contra-americana, pro-republicana, pro-democrata convicta; conheço-lhes uma quantidade ínfima de país e aeroportos, conheço-lhes gaziliões de coisas que me entraram ao longo dos anos pelos olhos e ouvidos dentro ( e os Haagen-Dasz, e os Ben & Jerry...), conheço-lhes os truques da língua.
Se calhar, conheço-os mais do que gostava. Em Nova Iorque ou noutro sítio qualquer, quando me ocorria pensar "Esta gente tem toda licença de porte de arma, a maioria anda armada, uma data de gente morre por isso, SOCORRO". Eles sempre tiveram medo de ser os polícias do mundo; há 7 anos eles demonstraram-no publicamente, aceitando que as suas liberdades fossem restringidas a favor da segurança, e que o oligofrénico que eles escolheram pelo menos uma vez os levasse não para a Mãe de todas as guerras, mas para a última guerra americana.
Li, li muita coisa sobre o atentado, ruminei até me sair pelos poros. Não me dou bem com o caos que não seja natural, isto é, produzido pelo homem. Com o caos e o desnorte cirurgicamente implantados na cabeça das pessoas. Não é terror, é tirania.
No próximo post, um texto publicado no DNJovem 3 meses depois. Then & now...