No tempo em que o verão ainda entrava por Outubro sem pedir licença, numa festa de aniversário, comemorava-se. Não consigo precisar o ano, é estranho, embora tenha a nítida noção de que era o 21º, ou seja, a idade da maioridade. Feitas as contas, +- 1995, +- 3º ano da faculdade.
Isto é, na verdade, "a partir de agora vais ver bem como te dão com os pés". De facto, em menos de 2 anos, todas as presentes desapareceram (4) por moto próprio e muito voluntário, deixando o nó do liceu pendurado lá em cima à espera de vítimas.
Curiosamente, se é o mesmo verão em que estou a pensar, em que houve sol quase até às onze da noite, promulgado pelo agora cavaco Presidente, foi um dos verões mais bem passados, com férias de qualidade, á maneira, sem chatices com exames e com direito a excursão algarvia ainda sem telemóveis, madeleines e all that jazz.
Bem, uma colega do liceu, que sempre tinha sido da turma de Economia e Gestão e estava a tirar o curso de gestão na Católica, tinha andado a fazer umas experiências mediúnicas excepcionais. A médium, a bem dizer, era uma agulha metida num fio, e a vasta experiência adquirida na semana anterior a decifrar esoterismos e linhas da vida.
Mas não é que nas Mães, pais, e "crescidos" parecia bater certo? Ao menos à aniversariante havia de sair boa coisa.
Mas... as palmas das minhas mãos dizem que eu sou inteligente, sensível, dada às artes, a ponta dos dedos polpuda rara, que sou particularmente sensível e emocional, do resto lembro-me pouco da correspondência, o importante, caso com o amor da minha vida aos 30, temos um filho (só um, uma filha, depois a agulha pára) e já agora, vivemos felizes para sempre, yes?
Ná, qu'ideia! A/as (já não sei que mão ou se as duas) linha da vida, hélas, pára aos 30 também.
Sou brilhante, caso com um príncipe, tenho uma filhota e morro? Aos 30? Dizem-me isso aos 21?
Fiquei traumatizada. Sempre soube que a convencionada "linha da vida", em termos gerais, na minha mão esquerda, com muito sacrifício e boa vontade chega a meio, e na direita, parte-se em várias paralelas pouco depois da partida...
5ª dimensão? mundos alternativos? As probabilidades são uma falácia. Juntar o útil ao agradável é reduzir as probabilidades ao mínimo, porque é acontecer isto E isto E isto n vezes é improbabilíssimo.
Curiosamente, era a única que morria nova. Por acaso, ou coincidência, não estou disso minimamente à espera. O prazo de validade não é coisa que me incomode. Mas dar cabo de uma festa dá.