Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



segunda-feira, outubro 20, 2008

Há coisas que pura e simplesmente são


Isto não é uma mensagem pro ou anti verdes de ponta (peço desculpa, mas ecologistas não são). Desde tenra idade me habituei a ver a horas canónicas e até no tempo dos mais novos da televisão do estado (serviço público) documentários sobre a natureza. Lembro-me que havia um espanhol que andava sempre atrás de aves de rapina ?! Seria? Depois havia a BBC, Sir David Attenborough, a National Geographic chegou mais tarde, e finalmente com as parabólicas os canais Discovery e Odisseia.
Por isso nunca achei estranho, desde essa minha terna infância que comer e ser comido fizesse parte do ciclo natural das coisas. Aliás se tratássemos tão bem de todos e ninguém morresse, o que é que adubava as plantas?
Era uma catástrofe pior que aquela das abelhas estarem a desaparecer e só nos darem 4 anos para a (nossa) extinção.
Adiante. Em pleno zapping, parei na National Geographic para pequeníssimas minorias (RTP2), num programa interessante sobre Chitas, felinos que atingem 110km/h. O preço que pagam por serem tão aerodinâmicas é que são mais leves e não impõem respeito à restante cadeia alimentar, demasiadas vezes lhes roubam a caça, e toca a correr outra vez. Obviamente, o meu espírito e cultura de vida estão muito mais sintonizados com o fora daqui, xô, das leoas, leões e tigres (master & commander), primeiro estou eu e depois logo se vê.
Mas pronto, uma vantagem vem agarrada a uma desvantagem.
O que me deixou realmente parva é que as mães chitas são realmente muito boas caçadoras e não dão muita margem para erro (mesmo assim, há uma data de paspalhos na lista prontos a surripar-lhe o almoço). Obviamente os felinos estudam a situação.
Mãe chita mais três filhotes "adolescentes". Ela topou duas gazelas de Grant em combate (são graaaaaaandes até dizer chega e têm uns chifres malignos e pontiagudos que não devem nada ao sistema métrico).
A mãe chita decidiu-se, não sei porquê. Se eu fosse leoa sozinha, olhava para o lado, se tivesse bando, tinha muitas dúvidas; um leão sozinho não atacava e também me parece que um tigre/tigresa roídinho de fome, só em último caso e com o credo na boca.
A mãe chita não ficou como nas partidas de ténis a perceber qual seria o elo mais fraco (super estranho), atacou logo. Nem ela nem as crias tinham aparente necessidade de tão vetusta refeição. Mãe ao cachaço, teenagers ao socorro nos flancos, foram sendo cirurgicamente sacudidos.
A gazela furiosa (não há nada mais bera que um herbívoro), de cabeça baixa, investiu um bom quilómetro contra a chita agarrada a ela. Até que retirou os cornos. Foram espetados na barriga da chita ao longo de todo aquele caminho...
Fiquei estupefacta porque não me sinto privilegiada pela selecção natural, mas até eu, como felino predador raciocinava de modo a salvar as minhas riscas e as dos meus.
A mãe chita apostou demais? As chitas podem ter excesso de confiança como nós?
I believe so.
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