Aí há uns dias, uma pessoa que me parece ser sensata, atirou para o ar a seguinte frase "sabe porque é que isto anda tão mal, é por causa desses que aí há uns tempos eram chamados geração rasca". Não têm princípios, pisam toda a gente, só querem subir, subir.
A geração rasca, nome mais bera, c'est moi. Relembro o post de há algum tempo, The Sky is Falling, publicado na Máxima para aí em 2000, sobre a nova geração dos (v)intes e dos (tr)intas e, actualizando Quintas das Celebridades, 1as companhias e outras alarvidades depois, embora sobre generalizando, pois é verdade - os agora intas e quar(entas) fazem parte (ou deviam fazer) do grosso da força laboral, que a esta altura do campeonato, política e economia está numa de comei-vos uns aos outros.
A geração "rasca" teve sempre como grande mal ser desinteressada de tudo o que não desse sumo, vulgo massa. O resto do mundo não interessa se não der lucro. Ou seja, muitos de nós são seriamente atrofiados dos miolos e os hobbies que têm consistem em ganhar mais dinheiro, sonhar em ganhar mais dinheiro ou brincar com o telemóvel, gps, blackberry, PDA, aparelhagem bang e olufsen. Caros e não servem para nada. Não sabem peva sobre peva. Se for preciso, a explicação sobre uma ópera também se compra, ou sobre os impressionistas, ou sobre jazz de fusão, ou sobre a importância do franzir da sobrancelha num filme do Clint Eastwood.
Corolário, não fazem conversa, contratam alguém para a inventar por eles. Vão ao ginásio, porque mais importante que ser saudável é parecer saudável. E contemplam o infinito como um boi contempla um palácio com beatífica idiotice.
Quando crescerem, querem ser como o Paulo Teixeira Pinto, reformados com pipas de massa por muitos e muitos anos.
O que é estranho. Os "rascas" apanharam aquela transição o-senhor-caiu-da-cadeira-agora-espera-aí-vêm-os-cravos-e -vão-se - as-áfricas-mas-há -passagens-administrativas e bocas de sino e mais governos constituintes que elefantes num mini. Os entas viram a diferença, os intas como eu, nasceram no PREC e nem se lembram de quantos 25, 21 ou 28 de qualquer mês é que houve. O povo é sereno. Crescemos à sombra de uma bananeira que não aproveitámos.
Não concordo totalmente com a afirmação do princípio do post. Os fenómenos dos self made tretas pisa ao próximo e não a ti mesmo são transversais numa sociedade em crise ou desequilíbrio (coisa que a nossa nunca teve), e nós "rasquinhas" aprendemos com os bons exemplos dos mais velhos, que mal snifaram o cheiro, se puseram a andar a mil à hora para outro lado, deixando tudo vazio, sem ordem, faroeste com cunhas.
Vai melhorar? Crianças e jovens que exigem roupas de griffe e passam horas nas consolas e batem nos professores e aprendem tanto... Não me parece.
Olhe que não sôutor, olhe que não...