Somos filhos de um país queimado; cada ano que passa parece que o verde se esbate e ficamos inexoravelmente mais perto do Sahara.
Com a agravante de este ano nem sequer ter chovido e os portugueses, precavidos como são, terem deixado as barragens e albufeiras chegar à quota mínima.
No Algarve já ultrapassaram os mínimos, provavelmente porque têm muitos campos de golfe para regar e os senhores hooligans ingleses (que partem tudo ao som da cerveja quando a equipa deles está a perder) têm que ser bem tratados, agora o gado e a agricultura que se liofilizem.
Cada ano que passa os 4 canais nacionais banalizam, ao ponto da incoerência, as matas e o mato a arder, as casas que se perdem, o gado que morre queimado, as pessoas em histeria, os bombeiros cercados pelas chamas, sem água, sem comunicações outras que não o seu próprio telemóvel, sobretudo, sem nenhuma coordenação.
Este ano muitos sítios havia já onde não chegavam bombeiros e simplesmente se deixava arder, até que o vento mudasse, viesse a chuva ou já não houvesse combustível.
Criticam-se as nossas florestas, pinheiros e eucaliptos. Diz-se que há lobbys e pirómanos. Prende-se arraia miuda.
Muda-se de ano, vira o disco e toca o mesmo.