Michael Cunnigham parece ser perito em famílias disfuncionais, como já o demonstrou em As Horas.
Este romance, contudo, é anterior, data de 1990 e segue o precurso de Bobby e Jonathan, que se intersecta com Clare e Erich, a tempos diferentes, formando círculos de relações humanas, que todas as personagens desejariam que fossem estáveis e eternos, mas que acabam sempre por fracassar: com Clare, porque não aguenta viver numa "casa no fim do mundo" (em Woodstock), com uma filha que quer possessivamente sua (todos os pais são extremamente possessivos para Cunningham) e longe do(s) pai(s) - biológico e emocional; com Erich, que está a morrer com "aquela doença inominável" dos anos 80.
Jonathan e Bobby, pessoas que sempre andaram à procura do seu Nirvana pessoal, acabam por ser os alicerces da tal casa, ainda que só no final pareçam começar a dar-se conta disso. Na atmosfera, sente-se a tristeza das infâncias infelizes, dos planos de que se abdicaram, daqueles em que nunca se pensou.
Falta-lhes uma bússola em que nunca pensaram.