Já passaram 4 anos, mas parece mesmo que foi ontem, aquela vontade de parar e de me esconder debaixo de um sofá. Aquele magnetismo incrédulo do ecran onde dois aviões em natação sincronizada davam o seu mergulho sobre as gémeas.
É um dos meus tabus, uma das coisas que me prende o pensamento e a escrita, pensar no inferno, não na infâmia. Porque não foi o dia da infâmia, foi o dia em que descobrimos o fundo bem fundo da maldade humana sem sentido e teleguiada.
O que não podia acontecer, aconteceu, e acontece agora, todos os anos.
Conhecia a Torre Norte, penso eu que foi nela que juntamente com enxames de chineses subi até ao 109º andar (Windows of the World), estarrecida, e vi o Empire State, pequenino, lá ao fundo. O hotel em que fiquei, o Marriott, entre as 2 torres, também se foi. Estive lá há 5 anos.
Agora resta uma cratera sem fim.
Foi lançado agora um livro, 102 minutos (o tempo que mediou o 1º ataque e a última queda), de Jim Dwyer e Kevin Flynn. Está na minha lista.
A sério, parece que as torres eram minhas e o ataque me foi dirigido, embora nem sequer apreciasse o seu estilo arquitectónico. É este o meu sentimento de uma ocidental. Perda.