Por coincidência, faz hoje 2 anos o suplemento Inimigo Público, que sai com o Público às 6as feiras, e é uma das poucas sátiras que me faz rir com o descalabro deste país.
Mas do que eu queria mesmo falar é do Inimigo Português ao volante. Mal a chave entra na ignição e o pé se apodera do acelerador, nasce um exterminador com poderes assassinos, melhor dizendo, uma besta.
Mas do que eu queria mesmo falar é do Inimigo Português ao volante. Mal a chave entra na ignição e o pé se apodera do acelerador, nasce um exterminador com poderes assassinos, melhor dizendo, uma besta.
A ataxia ("gait", desquilíbrio, descoordenação motora) que nos guia pode ser facilmente comprovada nos supermercados: estacionamento em filas múltiplas, choques frontais... E não é inexplicável.
Tem a ver com a nossa profunda falta de civismo (os nossos direitos acabam onde os dos outros começam, mas que culpa temos nós de eles começarem tão longe?), com o nosso profundo analfabetismo funcional (saber ler e escrever não nos habilita a saber funcionar, prova disso é que a grande maioria dos condutores chumbou várias vezes no exame de código antes de conseguir (perceber) tirar a carta (que pode ser suavemente aliviada em suaves prestações, na direcção geral de viação); finalmente a falta de vigilância por polícias ineptos que só pensam em cifrões e não no bem estar no cidadão, que deveriam passar o exemplo de rectidão (obviamente não existe, e se existir, pode ser comprado).
As barbaridades em auto-estrada, em povoações, em estradas nacionais ou regionais, na cidade, são tantas que se tornaram inomináveis. Os nomes com que os condutores se presenteiam também.
O mais difícil, para mim, de encaixar, são os quilómetros de contramão na auto-estrada: como é possível permitir? O que é que pode levar alguém de seu inteiro juízo a fazê-lo?
Bem sei, o vinho é amigo do português ao volante (e fora dele), e "julga-se o melhor condutor do mundo..."
Pergunto eu, E Depois?