Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



terça-feira, novembro 03, 2009

nightbook



Foi pelas 23.30H, de regresso. Após um "fim de semana de música", à 6a e à 2ª. Suposto. Suposto ser bom. Suposto descansar em vez de picar o ponto. Um trabalho de profissional liberal ou consultório mais 2 freelancer? A capacidade de distinguir os "meus rebanhos" confunde-me, uns "mais rebanhos do que os outros"? Viver talvez em difentes fusos horários? Terá sido?

Após um esplendoroso Einaudi no CCB, com o seu sexteto virtuoso a fazer lembrar uma música diferente e fora do normal - para além do normal- boa música, em pleno eixo norte-sul nocturno, um pião. Ou melhor, um pião para evitar bater no carro da frente, para acabar por bater no carro da frente a menos velocidade, mas a 90º.
Depois de começar a travar, senti que não valia a pena travar a fundo, o carro não estava nas minhas mão, tirando o volante, que não agarrei obstinadamente. No momento em que vi a direcção deixar de ser o que estava à minha frente, fiz uma coisa que me surpreendeu. Fechei os olhos e só os abri com o carro parado. Foi coisa de segundos.
É mentira se disser que o senti bater no dito carro da frente, só do meu lado (lateral e dianteira esquerda, o farol funciona), porque não me lembro do choque. Lembro-me de abrir os olhos e ver se a minha Mãe estava bem e pedir-lhe desculpa. Estávamos dentro do carro, com o cinto de segurança, sem danos de maior. O alcatrão do lado da minha janela cheio de vidros partidos. O carro na perpendicular em relação ao sentido de rodagem, na faixa do meio. Carros a passar por todos os lados, a toda a pressa. Ninguém nos bateu. Terá sido apenas sorte?
As senhoras do outro carro ficaram/estavam um bocado nocaeuteadas. Não voltaram a meter-se dentro dele, embora tivesse levado uma amolgadela em cheio a meio da traseira, que impedia o porta bagagens de abrir e partiu o vidro de trás. Tão à nora estavam que estive a fazer a declaração amigável pelas duas partes, e apesar de não haver nada impeditivo, foi de reboque o Fiat e elas de táxi. O pára choques do Micra tem um karma de ir ao ar sempre do meu lado, uma vez mais cortado para não estragar o pneu.
Só queria sair dali, fazer a declaração amigável e sair dali. Um pião e chapa, carros a passar a 100km/h ou mais. "Têm a certeza que estão bem?" "Não, não temos". Das 23.30 à 01h, não vimos polícias no eixo norte-sul, bem a meio da cidade. Também não os chamámos.
A minha cabeça ainda gira lá dentro apesar de ter dormido bem e apesar de saber que não podia fazer outra coisa (excepto ter ficado de olhos abertos 5 ou 10 segundos). Não vi a vida a andar para trás, não tive medo, não fiquei assustada por mim.
Lembrei-me do caso de uma senhora amiga cujo carro parou pura e simplesmente, na A5, e se pôs na berma, à espera da assistência, com triângulo, etc. Esperou dentro do carro. Outro carro (que vinha na faixa de rodagem!) bateu-lhe a alta velocidade. Foi vista no hospital e deram-lhe alta. Ela tomava varfine. Morreu com uma hemorragia cerebral.
Em qualquer altura podia-nos ter passado um louco a ferro, mas não passou. Só queria chegar a casa e sentar-me. O joelho e a perna direita bateram na direcção por baixo do volante, o pescoço e os ombros continuam tensos, parece que o cinto fez um hematoma no braço. Não me senti puxada, nem empurrada nem batida. Senti-me a girar, sem sequer ver. Trouxemos o carro para casa e arrancámos mais um bocado do pára choque que ainda batia na roda. E foi assim ontem o 2º Nightbook.
(manifestamente pior do que o 1º)
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