Pedras Rolantes

"A vida é aquilo que acontece enquanto estás demasiado ocupado a fazer outros planos" John Lennon



"You can't always get what you want, but sometimes, yeah just sometimes, you can get what you need" The Rolling Stones



sábado, maio 29, 2010

Forget the Matrix






Christopher Nolan, que é um realizador inglês fora do normal - nunca dirigiu um flop, e os seus filmes não são propriamente um apelo às massas, sem ser às massas cinzentas - está a preparar Inception. Aquela frase "o parasita mais resistente é uma ideia" diz tudo. Começou em Memento a brincar connosco, em Insónia, a brincar com as 24h de luz no Alasca que perturbam Al Pacino, com Christian Bale a torturar um novo Batman(regressa), novamente com Bale e Hugh Jackman, a baralhar as cartas do ilusionismo (O 3º passo) e dar de novo; uma vez mais com Bale, e Heath Ledger (Joker), no Cavaleiro da Trevas, a deixar nas nossas mentes a ideia de que o mundo que temos como nosso é mentira, e que em situações limite não há super-heróis (pelo contrário, qualquer um pode tornar-se super-vilão).
Agora parece que vai roubar ideias de sonhos. Aposto que se vai sair bem. Fora do sistema. Matrix re-invented.

quarta-feira, maio 26, 2010

Charlie Farmer - toda a gente tem direito a ter um sonho



Trailer oficial (2006)
E sim, apesar das toneladas de indirectas ao status dos states / mundo pós-2001 e intra-hipotecário, é um feel good movie.



Uma espécie de resumo ao som dos Enigma... (e não só, lá para o fim mete música do Matrix - um pouco mal escolhidas as sincronizações... se fosse ao artista ficava-me pela montagem, mas não pela sonoplastia)
Atenção: ele queria a lua, mas ficou-se por umas órbitas geo-estacionarias à Terra - mais não se consegue no século 21, o resto, só mesmo para malucos em 1969. O filho chama-se Shepard, em boa verdade devia ser Gagarin ou Glenn. Shepard (que tb quase quer dizer pastor) não chegou a uma órbita, mas apenas a uma elipse, embora mais tarde tenha ido até à Lua, lá está.
Em português, apenas O Astronauta (caíu Farmer -que era a hipótese mais lógica). The Astronaut Farmer, o nome do astronauta, que é ele próprio um duplo, o agricultor. Assim não admira que para variar tenha sucumbido em 2 semanas nos multiplexes deste grande país.

terça-feira, maio 25, 2010

Perdidos ? *(sem relação com a série)



(e tb sem relação com filmes de vampiros teenagers que desconheço por completo) Versão acústica (e há o Lost! e o Lost?) no meio da piratagem (não há outro nome) do You tube

Lá por estar a perder
Não quer dizer que esteja perdido
Não quer dizer que vá parar
Não quer dizer que esteja numa encruzilhada

Lá por estar a sofrer
Não quer dizer que esteja magoado
Não quer dizer que não tive o que merecia
Nem melhor nem pior

Simplesmente perdi-me
em cada rio que tentei atravessar
em cada porta trancada que tentei abrir
ooh-oh, e agora estou à espera que o verniz se desvaneça

Podes ser um grande peixe
num charco pequeno
não quer dizer que ganhaste
porque um dia pode aparecer
um peixe maior

E estarás perdido
em cada rio que tentares atravessar
todas as armas que empunhaste encravaram
ooh-oh, e estou só à espera que o tiroteio acabe
ooh-oh, e estou só à espera que o brilho se desvaneça
ooh-oh, estou só à espera que o verniz se esbata

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Às vezes é de por os cabelos em pé o timing inesperado das coisas - há quanto tempo Lost vagueava no éter, desde que começou sobretudo a passar na rádio na versão não acústica?
Viva la vida é de 2008, e é um grande álbum, como os Coldplay habituaram mal os fãs.
Lost! ou? não é o lado B (já não há) mas não foi a rampa. No entanto, o conjunto "Viva..." é coeso desde o princípio, e os Coldplay contundentes nas letras - podem ser um bocadinho aquilo que nós quisermos, o inglês é a melhor língua para omissões e sentidos múltiplos.
De qualquer maneira, sendo ou não a minha interpretação da letra, parece que somos nós, aqui, todos, os perdidos, que não querem/não podem dar muito por isso, porque cada notícia má, cada catadupa azul de corrupção e ganância nos mete num buraco fundo demais, para termos até coragem
para atravessar
o
rio.
(everyday)

quinta-feira, maio 20, 2010

Flor B (14/08/1997)

Dantes, havia jardins; não daqueles onde nos espatifávamos nos escorregas e voávamos nos baloiços, nem daqueles todos rócócós, cheios de pavões, cisnes e estátuas.
Havia jardins de Flores, onde as Flores mandavam e eram obedecidas. E um deles era nas traseiras da nossa casa. Era nosso, nosso, maneira de dizer… era das Flores que lá moravam.
Visto pela primeira vez parecia uma anarquia total, só Flores, sem arranjo de cores, sem separação segundo as espécies comuns de Lineu, mas possuindo um brilho ofuscante, daqueles que inebria.
As Flores eram o passatempo da minha Mãe, e ela plantava as sementes conforme o dia, o tempo, a lua, as marés e os astros, sem se preocupar com planos paisagísticos.
Eu às vezes seguia-a para jogar ao berlinde ou meter-me com os bichos-de-conta, e mais tarde para andar de bicicleta. Uma vez, quando caí provoquei uma síncope na Viridiana, arranquei todas as pétalas da Carmelina, esmaguei algumas das pétalas da Mariana, Sofia e Vera, e pior que tudo, arranquei a Adriana (ou o que restava dela…) pelas raízes.
Depois desta morte, causada por um rapaz doidivanas mais a sua maquineta, fui expulso do jardim. Grande estopada! Eu até sou alérgico a pólen.
Mas o que realmente me entristeceu foi, ao olhar todos os dias para a Mãe, a tratá-las com o carinho de sempre, elas reagirem com desprezo e altivez, como se ela fosse a escrava daquele bando de vegetais convencidos.

Bem, mas antes que me achem maluco de todo, tenho que lhes explicar algumas coisas sobre este jardim. Para começar tem as flores mais chatas deste mundo - porque cada uma tem um nome, pessoal e intransmissível, cada uma é, definitivamente, a mais bela do mudo, motivo pelo qual passam todo o dia a gritar e a arengar umas com as outras.
É que elas nascem de umas sementes especiais encontradas dentro de um grande pote, provavelmente pertencentes ao antigo proprietário, e o Jardim era apenas um terreno baldio. Foi pela mão e engenho da Mãe que elas começaram a nascer…
O que é mais estranho é que quando desabrocham, começam a falar (pelos cotovelos), e vem agarradinho ao botão um cartãozinho, preso por uma fitinha de seda, que diz “O meu Nome é…”. E todas e todos tem nomes diferentes, que a minha Mãe sabe de cór e trata com igual carinho, excepto quando vem uma tempestade e elas gritam todas ao mesmo que querem uma casa.
Decidi então remediar o meu erro - comprei fertilizante para as supracitadas vítimas, e tirei mais uma semente do pote, igual a tantas outras.
As vítimas olharam-me com desdém, mas o cochichar parou quando todas repararam que eu estava a colocar uma semente na covinha onde em tempos tinha nascido Adriana. Foi o início do calvário.
Todos os dias me deixavam entrar para regar a minha semente, todos os dia eu ouvia o escárnio das restantes “…se calhar pensa que vai remediar alguma coisa… a nossa Adriana já se foi…mãos de morte semeiam o sangue do crime…”.
Até que ela nasceu, cresceu quase nada e no botão não trazia nenhum cartãozinho. Foi a chacota total. A pequena Flor abriu os olhos e o que viu foi um mundo inteiro a rir-se dela. ”Estropício de flor, pequena, feia e sem nome!”
Eu perguntei-lhe se lhe podia chamar Flor B, e ela a chorar, deitou-se na palma da minha mão e disse que queria morrer. “Eu não sou como é esperado ser, as minhas colegas vão tirar-me a água, vão atrair insectos e eu não, vão crescendo para o sol, e para mim só resta a sombra, mirrar e morrer…”
Eu sabia que poderia ser tudo verdade, e que o orgulho cega. Levantei-a e com cuidado escavei para lhe amparar as fracas raízes. Corri para casa, e perguntei à Mãe o que fazer.
Ela -la uns dias dentro de água e depois mudou-a para um pequeno vaso, a uma distância segura da janela da cozinha, o quarto da casa onde ela mais se movimentava, e cantava…

E a Flor B começou a cantar também. Agora, todos dias, quem se cala é o Jardim inteiro.

Fadas e Flores (14/08/1992)

As flores são fadas e as fadas são flores.

Quando raia o Sol, elas abrem-se. Do seu perfume emana o Céu, a Terra e o Mar.
Das sementes do seu ventre esvoaçam pequenos rebentos de Vida e de Luz. Do seu pólen jorra o pó brilhante e o Mel que nos alimenta.
Quando a Lua se espreguiça nas estrelas, elas recolhem as suas pétalas, inventam Asas, Magia e Varinhas de Condão. Como luar, voam pelas noites dos Sonhos, cantando baixinho, quase em murmúrio, aquela canção de embalar que nos leva para longe destes mundos...

Foi assim que ele acordou manhã cedo, lusco-fusco.
Olhou para o quarto, nada lhe parecendo minimamente familiar: só se lembrava de danças, flores, sonhos e “lullabies”, e os dentes aguçados dos seus bonecos-despojos de guerras, esquecidos no chão, pareciam atordoá-lo ainda mais.
Assustado, saltou da cama e abriu a janela. Após curta descida pela trepadeira ( não seria um pé de feijão? ), caiu em cima da relva, ainda fresca do orvalho.
Dirigiu-se para o jardim perto de casa, mal refeito do susto, do sonho, do pesadelo de acordar entre quatro paredes em que o Rambo, o Exterminador Implacável e os aviões de combate pareciam tomar vida e sair dos posteres, querendo asfixiá-lo. Parecia-lhe ouvir, por entre as árvores, os rodopios e murmúrios das flores voltando ao seu leito verde de relva.
Percorreu atentamente os canteiros, até encontrar o que procurava, aquelas que quase pudera tocar, cheirar e abraçar, aquelas que cantavam e voavam no seu sonho. Pegou nelas e separou-as suavemente da sua terra Mãe.
Enquanto corria com as flores, rosas e violetas, tulipas ou miosótis, orquídeas, papoilas ou malmequeres e brincos de princesa, saltitando nas pequenas mãos, reparou que já eram oito horas.
Subiu, e sentiu-se diferente. Sempre agarrado ao singelo ramo de flores, arrumou as Tartarugas Mutantes, o Rambo, as disquetes e o GameBoy.
Em seguida, lavou-se e vestiu-se a preceito: sapatos abotinados ao bom estilo inglês, peúgas xadrez escocesas, conjunto calças e casaco muito Guido Armani, camisa e lacinho condizentes, indispensavelmente italianos, suspensórios e um pequeno cinto disfarçando a largura das calças, cabelo com um penteado simples, retocado, e o imprescindível cachecol, que daria todo o charme a um rapazinho de oito anos.
Com um ramo já bem arranjado, foi colocar-se à porta de entrada. Escondendo as flores, tocou à campainha. Mal se abriu a porta, ele gritou “Parabéns! Toma, Mãe, estas flores são para ti. São bonitas como tu e fazem-me lembrar-me de ti. São tão bonitas e boas que quero dar-tas, para elas te fazerem companhia, e para tu lhes fazeres companhia a elas. Mãe, sabes, elas à noite adoram canções de embalar...”
A Mãe, comovida e feliz, aceitou o ramo que agora brilhava e abraçou o filho - “Gosto tanto de ti !”.
A verdade é que ainda hoje, e já passaram alguns anos, as flores que rodopiavam e dançavam, ainda lá continuam, na mesma casa, na mesma jarra, sem mostrarem sinais de querer murchar ou de se ir embora, talvez pela companhia, pelas canções, pelo carinho, pela Magia...
Talvez porque as fadas que são flores, ou as flores que são fadas precisem realmente de uma mão de Fada amiga, que as conforte e proteja, e que seja como elas, embora não podendo voar pelo céu e pelas estrelas, rodopiando nos sonhos. Por isso é que, como as flores, todos os que têm a sorte de ter essas fadas por perto sabem como é bom adormecer com uma canção, quando se passa para o outro lado do sonho. Porque as Mãos de fada que nos embalam são Mãos de Ouro, Mãos de Mãe.

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(faltava um mês para fazer 18 anos... estava na faculdade, parece tão longe)

fast-rewind

Passando só um bocadinho atrás, já foi Dia da Mãe. É um dos poucos dias a que se resumiu o politicamente correcto dar flores sem ser em grandes ocasiões sociais. As flores são párias, hoje em dia, embora muito bem tratadas. Cada vez que uma revista não muito idiota se debruça sobre o assunto - incluindo a National Geographic- surge um assunto deveras indecoroso para esta época sem costumes mas com muita lata: Sexo.
As flores são sexo em estado puro. Pudera, são órgãos topo de gama das plantas espermatófitas para a reprodução cruzada e sexuada, logo permitindo não a clonagem mas a variabilidade das espécies. Até Gregor Mendel sabia isso, embora tenha rezado ao altíssimo para os seus abades superiores não lhe estragarem os trabalhos de genética com as ervilhas de cheiro devido a ideias impuras.
Mas é mesmo isso, evolução natural do engate aos insectos e sexo. Foi preciso chegar ao século XXI para desmascarar os birds e as bees? Não é um pouco demais?
As minhas flores preferidas não são rosas, são silvestres. Mal-me-queres, papoilas, etc; girassóis. Será que Van Gogh pensava em sexo ao pintar girassóis? Estamos a chegar ao cúmulo da perversão da beatice.

O dia da Mãe é um desses dias com Flores. Mães são flores (siiiiiiim, que deram fruto, mas tb há flores masculinas, ergo, pais). Mãe são bonitas e têm pétalas de todas as cores, são natureza dentro de casa para tratar com carinho. As flores não têm clorofila para a fotossíntese, são órgãos especializados, I know, mas as flores simbolizam a permanência, a fragilidade, mas a plenitude das coisa bonitas.
Por isso, seguir-se-ão dois textos que escrevi, já há bastante tempo, para a minha flor Mãe, nos anos, porque todos os dias tb são dias das Mães.

o outro lado do espelho

(Não é que se repare muito que tenho andado obcecada por dores de dentes; tenho é andado consumida com dores de dentes)
O grande dia. Sem dores, pensei ah, o antibiótico fez maravilhas, o abcesso não precisa ser drenado / aberto / seja lá o que eles fazem. Como é que raio é que ele vaio tirar um quisto que só viu na radiografia? Mas pronto, antibiótico, sem dores, etc.
Nas primeiras horas o meu pensamento esteve ausente / oxigenado. Levei três seringadas tão grandes de anestesia , num dia de calor em que me apetecia dormir, que a mocada foi total. Apesar de não ter uma ideia no vácuo loiro do meu cérebro, conduzi a viatura até casa sem incidentes (ia acompanhada, é claro). Estava no Nirvana loiro. Sem dores. Falaram-me em alveolite, que dá umas dores terríveis.
Alveolite não é uma doença alérgica dos pulmões?, pensou a minha entidade ganzada. Depois qdo aterrar vejo no google. As anestesias duraram 4h.
O dentista puxou do seu aparelho de raspagem (não foi da broca), mais normal, e como a gengiva ainda não estava fechada, raspou, raspou, raspou e tornou a raspar. Ele tinha dito, acerca do quisto, que iria fazer uma "curetagem". Eu pensei, isto é português brasileiro em terminologia de dentista. Não era. Raspagem vulgar de Lineu, cirúrgica é igual a curetagem. Não se usa é para quistos.
Alvéolos são os espaços ósseos dos maxilares, os ninhos, de cada dente (ai, isto vem antes da anatomia, e só me vinham ao dendrito os alvéolos pulmonares). A alveolite acontece quando o alvéolo inflama/infecta, a maior parte das vezes após extracção dentária traumática. Pode não ser (e não era) purulenta. Segundo fontes fidedignas do google, as dores são lancinantes e muitas vezes o ab não alivia. Só mesmo a raspagem e muitas velas aos santos da devoção.
Quando a anestesia começou a passar, senti o trabalho completo, a sova e o esburacanço. Não chego, contudo a hamster, mas gostava de ter a minha vida de gente de volta. Julgava que ia poder começar a pensar, trabalhar, agir, decidir (caramba, fui responsável por doentes que podiam passar mal, agarrada literalmente a um dente durante15 horas seguidas, emborcando cocktails de aspirina com nimed, nimed com aspirina!). Vai ser lento.
E ao regressar ao meu estado normal embirrento-picuinhas, pensei cá comigo, naquela clínica sabem que sou médica, tratam-me por "dê erre", mas não me explicam um tratamento dentário. Um quisto. Não deposito confiança em quem não é sincero, por isso desde o 1º minuto sou sincera com os meus doentes mais ou menos graves, mais ou menos agudos ou crónicos (excepto na unidade de transplantação em que mentir com todos os dentes era a única opção, tão grande era o iceberg à frente do Titanic).
A verdade é necessária e imprescindível para a confiança. Entre  médico e doente, entre duas pessoas que se comprometem numa aliança terapêutica, de amizade ou qualquer outra, não há o que  sabe, e o outro.
Se servia ser médica qdo perguntavam se tinha analgésico ou antibiótico em casa, porque não explicar-me que o problema não era bem aquele. Não era uma questão de julgamento, continuo a achar aquele dentista da máxima competência; assim é que parece que ele tinha medo que eu o chamasse incompetente. (A raspagem foi a custo zero, logo, conclui-se que ele acha que é consequência da extracção). Provavelmente não mudaria nada, não sou eu a dentista, mas ao menos não andava a explicar a outras pessoas e a mim mesma uma coisa errada.
E, é claro, deixou passar demasiado tempo, 15 dias, embora eu me tenha queixado, etc. É das inúmeras coisas (tantas, tantas) que não havia necessidade. E dói mais que um abcesso (nunca tive), assim como em n (talvez 8) extracções nunca tinha tido esta nova ITE.
Shit happens. Everyday.

terça-feira, maio 18, 2010

Parte 2: testamento vital - contemplar a dor

O mais impressionante é a pseudo-simpatia das pessoas. Estão-se nas tintas, não é com elas. Ando há 3 meses com uma moínha. Por essa altura, partiu-se-me um dente (ainda vitalizado de origem) e começou-se o tratamento. A dor continuou e agravou.
"Não pode ser debaixo", este está tratado e desvitalizado. Pois. Sanduiche de reconstrução, cárie, reconstrução, etc até à raiz bem na medula do nervo. Até o dr. tiradentes se arrepiou e pensou que eu ia ficar um hamster, ou sem sensibilidade no queixo, whatever. 3 anestesias tronculares + 1 intra "cratera dentária". "tem alergia a algum medicamento?" até parece piada.
A auto-medicação é lixada, mas vá lá que não chego à codeína (com o Migraleve, pª gdes enxaquecas, fico completamente mocada); foi um mês a tentar que o estômago e os intestinos aguentassem aspirinas e nimeds em barda, mais clavamox, mais azitromicina, mais clavamox...e
Estava a fechar bem, a gengiva, retiram-se os pontos e recomeçou a dor, para pior. Só indo lá pª doutor ver. Pois, e o trabalho quem faz? Aproveitei consulta e fui de ex-dente aos pés. "impossível ser daí a dor". Espiou por todos os lados. Vá lá que fez um bendito raio x (deve ter olhado para a minha cara). Ficou na raiz um quisto que infectou. Mais clavamox. Hoje, mais cirurgia - ou drenagem de abcesso, ou curetagem de quisto.
Não há neurónio que aguente. A minha CPU avariou. O meu fio dental olha para mim com pena. Eu tb. Espero que saia de lá menos mal. Isso era o nirvana.

(existe um mito acerca de leões e tigres comedores de seres humanos que diz que depois de provarem sangue humano, não querem outra coisa; facto - a análise aos esqueletos revelou possíveis múltiplos focos de abcessos e problemas dentários que para além de consistirem numa infecção crónica que consome energia e força, podem facilmente pelos seios peri-nasais alastrar ao cérebro... Eles escolheram homens porque eram presas fáceis, leves e estavam mais perto. Por necessidade - poderia acrescentar, por síndrome confusional agudo?- e uma vez que um humano não tem chicha que lhes valha, o ciclo repete-se até à morte. Cambada de atropocentristas que nós somos. Basta um dente, e não é pouco)

Vida com dentes / vida sem dentes: vida contente ?!

(Para não ferir susceptibilidades, é apenas um desenho e não the real thing, e aqui ainda só se vai na anestesia, aquela coisa que não dói nada.)
Eu tenho dois problemas, os meus dentes e os meus dentistas. Os meus dentes de leite portaram-se imaculadamente (um deles, estoicamente, aguentou firme e hirto até ao fim do ano passado, 35 anos, hein, um canino? Hélas, o definitivo não nasce, porque as raízes do leitinho ainda não foram estripadas, e, ao que parece não terá espaço.
Não percebo como é que as pessoas viviam antes da invenção da periodontal-qquer coisa, enfim, aquela parte da odontologia que diz que temos os dentes todos mal implantados, andamos 10 anos com aparelhos e se sobrevivermos (com dentes, porque aquilo infecta que se farta), ficamos com um sorriso à Tom Cruise (depois de ter andado com aparelho). Possivelmente mais felizes. E com menos cáries, aposto.
Antes desta nova febre "vou re-desenhar seus maxilares custe o que custar, titânio incluído", houve a não menos conhecida febre dos arames tremeliques e da desvitalização como arma de destruição maciça. Tem dor, tem cárie. No problemo, dá-se à broca, umas sessões, desvitaliza-se, já não dói.
E porque é que se desvitaliza, pergunta-se bem? Porque a cárie estava a chegar ao nervo. O que não é pouco.



A primeira vez que fui a uma dentista foi precisamente para tirar um dente de leite pré molar, com umas raízes tortas como tudo. Uma vez que o alicate total estava fora de questão, porque estava um dente novo por baixo, foi como tentar brocar betão com uma cotonete. 6 anestesias. Medo de dentistas, eu?
O pior mesmo era se tivesse intolerância à dor ou medo de agulhas. Não me posso queixar de falta de simpatia dos dentistas (vários), mas tinham defeitos; nenhum me convenceu a praticar a higiene dentária adequada. Tomei flúor ("tens uns dentes fraquinhos / tortos / mal implantados", "chuchaste no dedo até tarde, o maxilar superior pode estar muito para a frente"), escapei a aparelhos, tomaram muito bem conta do meu incisivo definitivo escaqueirado em chão de mármore, mas nunca me interessei muito por pastas de dentes com sabores juvenis de flúor com morango, flúor com banana, etc. Detesto o sabor do flúor. Não me serviu de muito o leitinho nem nada.
Depois de outro dentista ter proclamado que os sisos são a aberração da evolução do homo sapiens e ter conseguido tirar-me dois (um incluso), conseguiu tb desequilibrar-me as articulações temporo-maxilares, de modo que sub-luxaram (se tivessem luxado, estava lixada e com a boca aberta). Andei zombie com dores e relaxantes musculares até ter uma goteira, ie, o contrário de um aparelho, feito à medida, para não se conseguir fechar totalmente a boca e conseguir dar uma folga às articulações.
Hummmm, devemos andar para aí pelos 20 anos, faculdade. Depois passei a consultas de rotina. havia sempre uma cariezinha ou coisa. Alguns anos mais tarde, um dos grandes molares estava tão mal que criou um bruto granuloma que ameaçava alastrar ao osso, fazia corpo com as glândulas submaxilares e metia medo (a medicina é muito querida). O soutor perguntou-me se eu pintava o cabelo. Mudei de dentista. Custou a tratar e foi, obviamente, desvitalizado e pátátá.
Ela era simpática, mas mascava pastilha elástica e a noção de campo estéril era a assistente espirrar para onde calhasse, mesmo que fosse para cima de coiso e tal.
Depois os desvitalizados começaram a desagregar, literalmente. A minha boca, em termos de molares é um zig-zag. Fora da função pública e munida de seguro dentário escolhi uma clínica. São brasileiros? Olha o trabalho que os portugueses fizeram até agora...

Finalmente aprendi a cuidar dos meus dentes, eu que não tenho falta de cálcio nem de hormónios, nem fumo nem me enfrasco de cafés, nem palpito com rebuçados 24h/dia. Isso é outro assunto para o blog gémeo de saúde.
O problema são as dores de dentes. Juntamente com as dores de cabeça tem-te-não-caias-não-tenho-bem-a-certeza-se-és-enxaqueca-mas-tb-os-meus-neurónios-não-estão-em-condições são estuporosamente desabilitantes. Metem-se pela cabeça, pelos pensamentos adentro. É impossível estar, não só em qualquer posição, que é indiferente, como pelo latejar que faz pensar se o House não tem razão em partir os dedos da mão com um pilão para não lhe doer a perna. É claro que não é um pensamento normal. Mas a condição de querer enfiar a cabeça/dente debaixo de um TGV real ou imaginário tb não.

terça-feira, maio 04, 2010

(todos os dias podiam ser dias da Terra)

(bastava querermos)

Every Car You Chase

Every breath you take / Chasing Cars (The Police / Snow Patrol)


We'll do it all
Everything
On our own


We don't need
Anything
Or anyone


If I lay here
If I just lay here
Would you lie with me and just forget the world


Oh, can't you see?
You belong to me
How my por heart aches
With every step you take


If I lay here
If I just lay here
Would you lie with me and just forget the world


Since you've gone I've been lost without a trace
I've dreamed in night I can only see your face
I look around but it's you I can't replace
I feel so cold and I long for your embrace
I keep crying baby, baby, please ...


I don't quite know
How to say
How I feel


Those three words,
are said too much
they're not enough


Oh, can't you see?
You belong to me
How my por heart aches
With every step you take


If I lay here
If I just lay here
Would you lie with me and just forget the world


I'll be watching you

No mundo da música, isto não se chama um mix ou remix, mas um mash, faz que mexe e mistura duas canções, como em mashed potatoes. No fundo, é como os dias de hoje, acelera, condensa. Acontece que são duas canções que adoro, que se fundem lindamente, os silêncios de uma foram feitos para a melodia da outra, e o ritmo inconfundível do Every breath serve perfeitamente para acompanhar Chasing Cars (os Police e Sting já participaram em tantos mixes e remixes, porque não um mash?).
Ouvi-a hoje pela primeira vez às 7.00h na rádio no carro e vim procurá-la. Encontrei. Fui pelos meus dedos, plim. É de Janeiro de 2008. Vai tão longe esta aldeia...
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